Espaço
Ondas gravitacionais poderão comprovar desaparecimento de dimensões

 Os três satélites da missão LISA vão procurar ondas gravitacionais  vindas de grandes eventos cósmicos - o Big Bang, por exemplo.    [Imagem: NASA]
Dimensões que somem
Uma nova teoria soluciona alguns problemas da cosmologia e da física  de partículas ao propor que o Universo primordial continha menos  dimensões espaciais do que as três que nós experimentamos hoje.
E os físicos da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, propõem um teste para a sua teoria usando o observatório espacial LISA (Laser Interferometer Space Antenna), que está sendo projetado para detectar ondas gravitacionais.
Os teóricos afirmam que as ondas gravitacionais não podem existir em  menos do que três dimensões. Assim, acima de uma determinada frequência -  que identificaria as ondas mais antigas - o observatório LISA não  deverá detectar nenhuma onda.
Embora a teoria seja especulativa, alguns cientistas acreditam que os  dados dos raios cósmicos já forneceram indícios das dimensões faltantes  sob altas energias. A equipe afirma que o novo teste poderá ser mais  conclusivo do que os testes anteriores.
A hipótese das dimensões desaparecidas prevê que, sob energias e  temperaturas extremamente altas, as três dimensões do espaço que nos são  familiares irão se reduzir a duas ou mesmo a uma única dimensão.
Assim, no ambiente quente do início do Universo, haveria menos dimensões. Conforme o Universo foi esfriando, surgiram dimensões adicionais, uma a uma.
Universo com quatro dimensões
A teoria também propõe que nosso Universo atual tem quatro dimensões  espaciais, mas nós detectamos apenas uma "fatia" de três dimensões desse  espaço quadridimensional.
Essa quarta dimensão espacial do tempo, segundo a teoria, teria  fornecido uma energia extra, que turbinou a expansão do Universo.
Esse impulso adicional poderia explicar a aceleração da expansão do  Universo, que foi descoberta em 1998 e que é geralmente explicada como  sendo uma resultante de uma misteriosa "energia escura"  que permearia todo o Universo. Ou seja, se a teoria agora proposta  estiver correta, a hipótese de energia escura também poderia  desaparecer.
A teoria resolve igualmente alguns problemas na física das  partículas, afirma Dejan Stojkovic, um dos autores da teoria e que  também é coautor de uma outra proposta que envolve sumiços - uma teoria  que afirma que os buracos negros podem não existir.
Sumiço das dimensões
Indícios do sumiço das dimensões já foram detectados nos chuveiros de  raios cósmicos na atmosfera da Terra. Uma reanálise dos dados, feita em  2005, mostrou que os jatos de partículas produzidos pelos raios  cósmicos mais energéticos estão fortemente alinhados com um plano, o que  seria coerente como uma redução nas dimensões.
Outros pesquisadores estão planejando usar o Grande Colisor de Hádrons  para examinar o desaparecimento das dimensões. Se as dimensões  realmente desaparecem em altas energias, então as partículas produzidas  nas colisões estariam confinadas em um plano bidimensional, em vez de  estarem em um volume tridimensional.
Mas interpretar os dados do LHC pode não ser tão fácil porque  diferentes modelos resultam em previsões diferentes, afirma Stojkovic.  Então, ele e Jonas Mureika, da Universidade Loyola Marymount decidiram  procurar um teste definitivo.
Eles optaram pelas ondas gravitacionais - ondulações no espaçotempo  causadas por eventos cósmicos em larga escala - que não podem existir em  menos do que três dimensões.
Ondas gravitacionais
A ideia é que as ondas gravitacionais primordiais, de mais alta  frequência, correspondem às mais altas energias dos momentos iniciais do  Universo.
Assim, deve haver uma frequência máxima das ondas observadas -  frequências mais altas não deveriam existir porque elas estariam vindo  de uma era com menos dimensões.
Stojkovic e Mureika calcularam essa frequência de corte em 10-4  Hz, dadas algumas suposições. Eles afirmam que isso está dentro da  faixa detectável pelo LISA, um futuro detector de ondas gravitacionais  que está sendo projetado em parceria pela NASA e pela ESA.
Os dois pesquisadores já estão trabalhando com vários  experimentalistas de ondas gravitacionais, de várias universidades  norte-americanas, para preparar um teste para a sua proposta usando simulações computadorizadas.
Os testes experimentais deverão esperar mais: o observatório LISA não deverá ir ao espaço antes de 2020.
Muitas dimensões
Só muito recentemente os cientistas descobriram a solução matemática para lidar com outras dimensões, uma complexidade de cálculo equivalente ao mapeamento do genoma humano.
Mas o desaparecimento das dimensões extras, para menos ou para mais, chama a atenção dos cientistas há mais tempo.
Gary Shiu e Bret Underwood, da Universidade de Wisconsin-Madison, acreditam ter descoberto um modo de "ver" as dimensões extras do espaço, o que seria a primeira proposta factível para que os físicos testem experimentalmente a Teoria das Cordas.
Já Steven Carlip, da Universidade da Califórnia, em Davis, acredita  que o desaparecimento das dimensões é de fato uma questão de dimensão -  para ele, em escalas minúsculas, o espaço 3D com o qual estamos  acostumados pode simplesmente deixar de existir, e as dimensões evaporam-se na gravidade quântica.
Bibliografia:
Detecting Vanishing Dimensions via Primordial Gravitational Wave Astronomy
Jonas Mureika, Dejan Stojkovic
Physical Review Letters
Vol.: 106, 101101
DOI: http://link.aps.org/doi/10.1103/PhysRevLett.106.10110
Detecting Vanishing Dimensions via Primordial Gravitational Wave Astronomy
Jonas Mureika, Dejan Stojkovic
Physical Review Letters
Vol.: 106, 101101
DOI: http://link.aps.org/doi/10.1103/PhysRevLett.106.10110
Fonte:
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=ondas-gravitacionais-desaparecimento-dimensoes&id=020130110407
Com informações da Physical Review Focus - 07/04/2011





 
 

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