quinta-feira, 25 de abril de 2013

ORIGEM DO SISTEMA SOLAR EM DOIS GRÃOS DE AREIA?


Cosmos -Céu e Inferno 1 de 2 - 11m

 The History Chanel - Sistema Solar - 44m
Universo - A Formação do Sistema Solar - 44m.
A Origem do Planeta Terra e o explêndido Sistema Solar - 94m.

 

CSI cósmico: em busca das origens do Sistema Solar em dois grãos de areia

2013-04-24
Em 2007, o telescópio espacial Spitzer, da NASA, encontrou a assinatura infravermelha de sílica (areia) no remanescente de supernova Cassiopeia A. A luz desta estrela que explodiu chegou pela primeira vez à Terra em 1600. O ponto azul perto do centro é tudo o que resta da estrela que explodiu. Crédito : NASA/JPL-Caltech/ O. Krause (Steward Observatory).
 
"O número total de estrelas no Universo é superior ao de todos os grãos de areia de todas as praias do planeta Terra", disse Carl Sagan, na sua famosa série de televisão Cosmos
 Mas quando se descobrem dois desses grãos formados por sílica, um composto de silício e oxigénio, no interior de meteoritos antigos recolhidos na Antárctida, a sua composição resulta ser tão semelhante que leva a supor que eles possam muito bem ter tido origem na mesma estrela... talvez, até, naquela cuja explosão terá ajudado à formação do próprio Sistema Solar
Investigadores da Universidade de Washington, em St. Louis, com o apoio do Centro McDonnell para as Ciências Espaciais, anunciaram a descoberta de dois grãos microscópicos de sílica em meteoritos primitivos com origem em duas fontes diferentes. Esta descoberta é surpreendente porque a sílica - um dos principais componentes da areia que hoje existe na Terra - não é um dos minerais que se formaram dentro do disco primordial de matéria que existia em torno do Sol


Em vez disso, julga-se que os dois grãos de sílica foram criados por uma única supernova que esteve na origem do Sistema Solar primitivo e que ajudou a dar início à eventual formação de planetas.

De acordo com um comunicado de imprensa da Universidade de Washington: "Isto é um pouco como conhecer os segredos da família que vivia na nossa casa em 1800 examinando as partículas de poeira que se foram acumulando nas fendas do soalho."

Até à década de 1960 a maioria dos cientistas acreditava que o Sistema Solar primitivo tinha atingido temperaturas tão elevadas que a matéria pré-solar não poderia ter sobrevivido. Mas, em 1987, cientistas da Universidade de Chicago descobriram num meteorito primitivo diamantes minúsculos (que não tinham sido aquecidos ou alterados). Desde então, têm sido encontrados grãos de mais de dez outros minerais em meteoritos primitivos.

Os cientistas podem afirmar que estes grãos vieram de estrelas antigas porque têm assinaturas isotópicas altamente fora do comum, e estrelas diferentes produzem isótopos em proporções diferentes.



Mas o material a partir do qual se constituiu o nosso Sistema Solar foi misturado e homogeneizado antes dos planetas se formaram. Assim, o Sol e todos os planetas têm praticamente a mesma composição "solar" isotópica.

Os meteoritos, a maioria dos quais são pedaços de asteróides


Os meteoritos, a maioria dos quais são pedaços de asteróides
, têm também a mesma composição solar. Mas escondidas no interior dos mais antigos há amostras puras de estrelas, e as composições isotópicas desses grãos pré-solares podem fornecer pistas para entendermos os seus complexos processos nucleares e convectivos.


Alguns modelos de evolução estelar prevêem que a sílica pode condensar nas frias atmosferas  exteriores das estrelas, mas outros dizem que o silício é completamente consumido pela formação de magnésio, ou de silicatos ricos em ferro, não sobrando nenhum para formar a sílica.

"Não sabíamos qual dos modelos estava certo, porque qualquer deles tinha muitos parâmetros", disse Pierre Haenecour, estudante de pós-graduação em Ciências Planetárias e da Terra, da Universidade de Washington, autor principal do artigo a ser publicado a 1 de Maio no Astrophysical Journal Letters


Sob a orientação da professora de física Dra. Christine Floss, que encontrou alguns dos primeiros grãos de sílica num meteorito em 2009, Haenecour investigou secções de um meteorito primitivo trazido da Antárctida e localizou um único grão de sílica num conjuntos de 138 grãos pré-solares. O grão que encontrou era rico em oxigénio-18, o que significa que teve origem no colapso de uma supernova.

Ao mesmo tempo, foi identificado pela estudante Xuchao Zhao outro grão de sílica enriquecido com oxigénio-18 dentro de outro meteorito. Haenecour e a sua equipa começaram então a tentar descobrir de que forma os grãos de sílica se poderiam formar dentro das camadas em colapso de uma estrela moribunda. Descobriram que podiam reproduzir em laboratório o enriquecimento em oxigénio-18 dos dois grãos, por meio da mistura de pequenas quantidades de matéria proveniente de zonas interiores, ricas em oxigénio, e de zonas de hélio/carbono, ricas em oxigénio-18, com grandes quantidades de matéria da camada externa de hidrogénio da supernova.



Na verdade, segundo Haenecour, a mistura necessária para produzir a composição dos dois grãos é tão semelhante que eles podem muito bem ter vindo da mesma supernova - possivelmente a que terá provocado o colapso da nuvem molecular que formou o Sistema Solar.

Esta técnica para estudar as estrelas - muitas vezes chamada “astronomia em laboratório” - dá aos cientistas a informação que não pode ser obtida pelas técnicas tradicionais de astronomia, como, por exemplo, observações por telescópios ou modelos computacionais. Meteoritos antigos, alguns grãos microscópicos de areia estelar e imenso trabalho de laboratório... um exemplo da análise forense cósmica no seu melhor! 



 Li-Sol-30
Fontes: