|  |  | 
|  |  | 
|  |  | 
Essa desconfiança é tão grande que houve um 
físico que uma vez me acusou publicamente de misticismo. Tinha eu 
escrito um conto sobre Hércules e Leão e mostrado um mapa do céu onde 
estavam essas constelações. Acusou-me de acreditar em crendices. 
Respondi-lhe o que me parecia óbvio: que ao falar de Zeus, de Hércules e
 do Leão de Némea estava a contar uma história engraçada, que essa 
história poderia despertar as pessoas para a observação das 
constelações, e que toda a gente deveria perceber que a poesia não é 
inimiga da ciência. No fim, pedi-lhe: "far-me-á o favor de admitir que 
eu não acredito em Zeus nem em Hércules". O físico não respondeu, 
deixando implícito que me considerava crente dos deuses gregos.
Não sei como se passariam as coisas há algumas 
décadas. Mas actualmente, na era das imagens coloridas do Hubble, das 
fotografias do vaivém espacial e da discussão sobre o Big Bang e os 
buracos negros, há muita gente que identifica astronomia com 
astronáutica e com cosmologia (o que, nos dias de hoje, não é 
completamente errado) e associa constelações com astrologia e misticismo
 (o que é completamente absurdo).
Procuremos nos dicionários. Um dos melhores em 
língua portuguesa, o Aurélio, define Astronomia como "a ciência que 
trata da constituição, da posição relativa e dos movimentos dos astros".
 É uma primeira aproximação, mas pode-se discordar. O Cambridge 
Dictionary of Astronomy, de J. Mitton, é um pouco mais preciso: diz 
tratar-se do "estudo do Universo e do que o constitui para além da 
atmosfera terrestre". Outros dicionários terão outras definições, mas 
para uma primeira aproximação estas duas servem-nos. 
Passemos à Astrologia. O Aurélio diz tratar-se do
 "estudo e/ou conhecimento da influência dos astros, especialmente de 
signos, no destino e no comportamento dos homens". Poucos astrónomos 
estarão de acordo. Para além de ser pouco clara e implicitamente incluir
 os signos entre os astros, esta definição pressupõe a existência de uma
 influência destes no destino humano. Voltemos a J. Mitton: a astrologia
 é "a prática da tradição que pretende conectar as características 
humanas e o curso dos acontecimentos com as posições do Sol, Lua e 
planetas em relação às estrelas". Parece melhor. Quem tem uma atitude 
científica ficará contente se continuar a ler até onde a entrada deste 
dicionário afirma que "a maioria dos cientistas encaram-na como uma pura
 superstição". Mais interessante ainda é a passagem seguinte: "No 
passado, era menos clara a distinção entre astrologia e a ciência da 
astronomia; muitas observações astronómicas úteis foram feitas com 
propósitos astrológicos".
Falta definir mitologia. O dicionário de 
astronomia da Cambridge não nos ajuda. Mas o Aurélio inclui uma acepção 
geral que a descreve como "conjunto de mitos de um povo, de uma 
civilização, de uma religião" e uma acepção mais estrita que a define 
como "História fabulosa dos deuses, semideuses e heróis da Antiguidade 
greco-romana." 
Todas estas definições podem ser discutidas à 
exaustão. Mas a ideia geral estará clara. O mais interessante é perceber
 como estas três atitudes estiveram ligadas e se separaram com o advento
 da ciência moderna. 
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema91.php#sthash.qH6Msmub.dpuf
(Edson Ecks) A BaTalha Dos Deuses Gregos
  
Astronomia, Astrologia e Mitologia

Há cinco mil ou seis mil anos, quando os homens começaram a registrar o movimento dos astros, o firmamento estava ainda povoado por deuses e demônios. Os céus eram responsáveis pela miséria e pela prosperidade, pelo dilúvio e pela calmaria, pelo desvario da luta e pela sorte na caça.
Os primeiros astrônomos viviam num mundo de deuses, de monstros e de heróis. As suas observações conseguiram um notável rigor, mas estavam marcadas pelas suas crenças. Alguns dos conceitos que criaram para descrever o movimento dos astros ainda hoje estão tingidos por essas crenças, apesar de terem entrado no mundo da ciência. Quem hoje fala em signos e em zodíaco pode fazê-lo por acreditar numa influência dos astros na vida dos homens, mas pode também referir esses termos na sua moderna acepção científica. Há o zodíaco dos astrólogos e o zodíaco dos astrônomos.
A separação da astronomia e da mitologia ocorreu ainda no tempo dos gregos. Embora muitos cidadãos helênicos acreditassem literalmente nas histórias mitológicas, a maioria dos filósofos que refletiam sobre o cosmos não via os astros como entidades mitológicas, mas sim como elementos de um mundo envolvente.
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a grande polêmica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre fé, princípios morais e atividade científica. É essa separação que permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- Astronomia, Astrologia e Mitologia
- Mitologia: a história de Oríon e Escorpião e a mudança das estações
A história mitológica que abaixo reproduzimos é retirada do livro Zodíaco: Constelações e Mitos, Nuno Crato, Gradiva 2001.
Trata-se de um conto que adapta livremente uma versão da lenda grega que envolve a luta entre o caçador Oríon e o Escorpião. Como o leitor verá, para além da beleza poética do mito, a história constitui uma óptima menmónica para a localização destas constelações no céu e para recordar os momentos de seu aparecimento e desaparecimento ao crepúsculo. Esta história é um exemplo das relações que existem entre a mitologia do céu e alguns factos astronómicos. Por ela se vê também como as histórias mitológicas podem servir de incentivo à observação das constelações.
Trata-se de um conto que adapta livremente uma versão da lenda grega que envolve a luta entre o caçador Oríon e o Escorpião. Como o leitor verá, para além da beleza poética do mito, a história constitui uma óptima menmónica para a localização destas constelações no céu e para recordar os momentos de seu aparecimento e desaparecimento ao crepúsculo. Esta história é um exemplo das relações que existem entre a mitologia do céu e alguns factos astronómicos. Por ela se vê também como as histórias mitológicas podem servir de incentivo à observação das constelações.
A Lenda de Oríon e Escorpião
|  |  | 
|  |  | 
|  Em princípios de Novembro, Orion nasce a leste cerca das 22 horas,
em princípios de Dezembro, cerca das 20 horas. O mapa do céu mostra
a posição das estrelas em relação ao horizonte leste em ambas as
alturas. |  | 
Privado da esposa, Orion deambulou perdido pela 
Terra. A certa altura, ao passar pela ilha de Quios, famosa pela sua 
caça grossa, avistou Mérope, a princesa do reino, que tocava a sua 
flauta nas margens de um rio. Mal se viram, os jovens apaixonaram-se. 
Mérope nunca tinha visto um gigante tão belo e Orion nunca tinha visto 
uma jovem tão inocente e tão dotada. Mas os seus amores estavam também 
destinados à tragédia. 
O pai da jovem, o rei Enópion, era conhecido por 
ter introduzido o vinho tinto - o seu nome, em grego, significa "o que 
bebe vinho". Nessa altura, o vinho era ainda pouco conhecido e Enópion 
conseguia enganar os passantes e embriagá-los. Opondo-se aos amores dos 
dois jovens, conseguiu embriagar Orion. Quando o gigante estava ferrado 
no sono pesado do álcool, Enópion cegou-o com uma espada e conseguiu 
expulsá-lo do reino. Orion, contudo, com a ajuda de um menino que se 
sentou nos seus ombros e o guiou, conseguiu caminhar até ao Sol 
Nascente. 
Quando a deusa da aurora o viu, apaixonou-se pelo
 jovem gigante e decidiu ajudá-lo. Com as suas artes, conseguiu 
recuperar-lhe a vista. Orion ficou alguns tempos com a deusa, mas os 
seus amores foram curtos e em breve partiu para novas conquistas.
|  |  | 
|  |  | 
|  |  O mapa celeste mostra o céu de oeste em fins de Outubro pouco depois
do ocaso. Na gravura mostra-se a posição do Sol abaixo da linha
de horizonte, portanto invisível. As estrelas de Escorpião
estão já muito perto do horizonte, portanto difíceis de observar. | 
Os dois famosos caçadores do mundo antigo 
juntaram-se e criaram uma forte amizade. Durante o dia, partiam à 
procura de novas florestas onde encontrassem animais selvagens. À noite,
 sentavam-se em redor da fogueira e contavam um ao outro as suas 
aventuras. Dizia-se que estavam apaixonados, mas a verdade é que 
Ártemis, deusa sempre jovem e casta, apenas pensava nos desportos, no ar
 livre e na caça. 
Ártemis era uma personagem misteriosa. Dizia-se 
que era a deusa da Lua, tal como o seu irmão Apolo era o deus do Sol - e
 a verdade é que ela se passeava nas noites de Lua Cheia. Dizia-se 
também que era fria e vingativa, que matava por gosto - e a verdade é 
que Apolo e a deusa se tinham muitas vezes entretido a massacrar jovens 
guerreiros. Talvez o gosto pelo sangue lhes tivesse ficado dos combates 
antigos com os gigantes que desafiavam Zeus, o chefe dos deuses que os 
dois irmãos ajudaram nessa guerra antiga.
Ártemis e Orion eram amigos, mas a deusa, que se 
manteve sempre virgem, não queria nada mais do que a amizade. O que se 
passava com Orion nunca ninguém chegou a saber. É possível que se 
tivesse apaixonado por Ártemis, que era muito bela, de uma beleza 
atlética que devia ter agradado ao caçador gigante. Mas é possível que 
não, que as más línguas são capazes de tudo. 
O que se passou em seguida nunca ninguém soube 
explicar. Um dia, quando o gigante se passeava pelas terras de Delos, 
apareceu-lhe pela frente um escorpião gigantesco. Orion estava habituado
 a esmagar essas criaturas. Mas este escorpião era maior que qualquer 
dos animais que existia sobre a Terra. Era maior que o jovem caçador e 
tinha uma carapaça que nem a espada de Orion conseguia penetrar. 
Dizem uns que o escorpião fora enviado pela 
própria deusa Ártemis, pois uma noite Orion, não resistindo ao desejo, 
tinha querido violentá-la. Dizem outros que a besta fora enviada pela 
própria Gaia, a Mãe Terra, pois Orion tinha-se vangloriado de não haver 
animal que a Terra criasse que ele não pudesse vencer. O certo é que se 
seguiu uma luta furiosa e que o gigantesco escorpião, impenetrável à 
espada do caçador e indiferente aos seus golpes, conseguiu aplicar-lhe 
um golpe mortal, com o ferrão venenoso da sua cauda.
Orion jazia já morto e ainda o escorpião 
continuava a ferrá-lo quando Zeus apareceu. Impressionado com o poder do
 animal, o chefe dos deuses levou-o para o céu. Comovido com o heroísmo 
do gigante vencido, transportou-o também para o firmamento, mas 
colocou-o em posição oposta à do seu vencedor, de forma que os dois 
inimigos pudessem estar nos céus sem nunca se verem. Assim estão até 
hoje: quando a Primavera começa, Orion desaparece no brilho do Sol; 
quando o Outono aparece, o perigoso escorpião é engolido pelo horizonte 
do ocaso.
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema92.php#sthash.U7BhTFHr.dpufPor vezes, as pessoas abordam-me a propósito do meu gosto pela astronomia e pela mitologia dos céus. Uns, de forma aprovadora, dizem-me que também gostam muito de astrologia... Outros, numa atitude crítica, acusam-me de escrever sobre crendices. Os primeiros, por falta de cultura científica, confundem o gosto pela observação dos astros e pelas histórias do céu com o culto da astrologia. Os segundos, por possuírem uma visão estreita da cultura científica, desconfiam de qualquer gosto pela poesia do firmamento. Habitualmente, tenho muito trabalho a explicar a uns e a outros que a astronomia é uma ciência e a mitologia, poesia. Que não são incompatíveis pois estão situadas em esferas distintas da actividade humana. E que nem uma nem outra têm nada a ver com a astrologia, pois esta é uma crença na influência dos astros, crença que é impossível de verificar ou contestar empiricamente. Habitualmente, as pessoas do primeiro grupo percebem-me mais depressa que as do segundo, que ficam sempre desconfiadas. Não será que estou a fazer concessões ao irracionalismo da astrologia?
Essa desconfiança é tão grande que houve um físico que uma vez me acusou publicamente de misticismo. Tinha eu escrito um conto sobre Hércules e Leão e mostrado um mapa do céu onde estavam essas constelações. Acusou-me de acreditar em crendices. Respondi-lhe o que me parecia óbvio: que ao falar de Zeus, de Hércules e do Leão de Némea estava a contar uma história engraçada, que essa história poderia despertar as pessoas para a observação das constelações, e que toda a gente deveria perceber que a poesia não é inimiga da ciência. No fim, pedi-lhe: "far-me-á o favor de admitir que eu não acredito em Zeus nem em Hércules". O físico não respondeu, deixando implícito que me considerava crente dos deuses gregos.
Não sei como se passariam as coisas há algumas décadas. Mas actualmente, na era das imagens coloridas do Hubble, das fotografias do vaivém espacial e da discussão sobre o Big Bang e os buracos negros, há muita gente que identifica astronomia com astronáutica e com cosmologia (o que, nos dias de hoje, não é completamente errado) e associa constelações com astrologia e misticismo (o que é completamente absurdo).
Procuremos nos dicionários. Um dos melhores em língua portuguesa, o Aurélio, define Astronomia como "a ciência que trata da constituição, da posição relativa e dos movimentos dos astros". É uma primeira aproximação, mas pode-se discordar. O Cambridge Dictionary of Astronomy, de J. Mitton, é um pouco mais preciso: diz tratar-se do "estudo do Universo e do que o constitui para além da atmosfera terrestre". Outros dicionários terão outras definições, mas para uma primeira aproximação estas duas servem-nos.
Passemos à Astrologia. O Aurélio diz tratar-se do "estudo e/ou conhecimento da influência dos astros, especialmente de signos, no destino e no comportamento dos homens". Poucos astrônomos estarão de acordo. Para além de ser pouco clara e implicitamente incluir os signos entre os astros, esta definição pressupõe a existência de uma influência destes no destino humano. Voltemos a J. Mitton: a astrologia é "a prática da tradição que pretende conectar as características humanas e o curso dos acontecimentos com as posições do Sol, Lua e planetas em relação às estrelas". Parece melhor. Quem tem uma atitude científica ficará contente se continuar a ler até onde a entrada deste dicionário afirma que "a maioria dos cientistas encaram-na como uma pura superstição". Mais interessante ainda é a passagem seguinte: "No passado, era menos clara a distinção entre astrologia e a ciência da astronomia; muitas observações astronómicas úteis foram feitas com propósitos astrológicos".
Falta definir mitologia. O dicionário de astronomia da Cambridge não nos ajuda. Mas o Aurélio inclui uma acepção geral que a descreve como "conjunto de mitos de um povo, de uma civilização, de uma religião" e uma acepção mais estrita que a define como "História fabulosa dos deuses, semideuses e heróis da Antiguidade greco-romana."
Todas estas definições podem ser discutidas à exaustão. Mas a ideia geral estará clara. O mais interessante é perceber como estas três atitudes estiveram ligadas e se separaram com o advento da ciência moderna.
 
 
A história mitológica que abaixo reproduzimos é retirada do livro Zodíaco: Constelações e Mitos, Nuno Crato, Gradiva 2001.
Trata-se de um conto que adapta livremente uma versão da lenda grega que envolve a luta entre o caçador Oríon e o Escorpião. Como o leitor verá, para além da beleza poética do mito, a história constitui uma óptima menmónica para a localização destas constelações no céu e para recordar os momentos de seu aparecimento e desaparecimento ao crepúsculo. Esta história é um exemplo das relações que existem entre a mitologia do céu e alguns factos astronómicos. Por ela se vê também como as histórias mitológicas podem servir de incentivo à observação das constelações.
Trata-se de um conto que adapta livremente uma versão da lenda grega que envolve a luta entre o caçador Oríon e o Escorpião. Como o leitor verá, para além da beleza poética do mito, a história constitui uma óptima menmónica para a localização destas constelações no céu e para recordar os momentos de seu aparecimento e desaparecimento ao crepúsculo. Esta história é um exemplo das relações que existem entre a mitologia do céu e alguns factos astronómicos. Por ela se vê também como as histórias mitológicas podem servir de incentivo à observação das constelações.
A Lenda de Oríon e Escorpião
|  |  | 
|  |  | 
|  Em princípios de Novembro, Orion nasce a leste cerca das 22 horas,
em princípios de Dezembro, cerca das 20 horas. O mapa do céu mostra
a posição das estrelas em relação ao horizonte leste em ambas as
alturas. |  | 
Privado da esposa, Orion deambulou perdido pela 
Terra. A certa altura, ao passar pela ilha de Quios, famosa pela sua 
caça grossa, avistou Mérope, a princesa do reino, que tocava a sua 
flauta nas margens de um rio. Mal se viram, os jovens apaixonaram-se. 
Mérope nunca tinha visto um gigante tão belo e Orion nunca tinha visto 
uma jovem tão inocente e tão dotada. Mas os seus amores estavam também 
destinados à tragédia. 
O pai da jovem, o rei Enópion, era conhecido por 
ter introduzido o vinho tinto - o seu nome, em grego, significa "o que 
bebe vinho". Nessa altura, o vinho era ainda pouco conhecido e Enópion 
conseguia enganar os passantes e embriagá-los. Opondo-se aos amores dos 
dois jovens, conseguiu embriagar Orion. Quando o gigante estava ferrado 
no sono pesado do álcool, Enópion cegou-o com uma espada e conseguiu 
expulsá-lo do reino. Orion, contudo, com a ajuda de um menino que se 
sentou nos seus ombros e o guiou, conseguiu caminhar até ao Sol 
Nascente. 
Quando a deusa da aurora o viu, apaixonou-se pelo
 jovem gigante e decidiu ajudá-lo. Com as suas artes, conseguiu 
recuperar-lhe a vista. Orion ficou alguns tempos com a deusa, mas os 
seus amores foram curtos e em breve partiu para novas conquistas.
|  |  | 
|  |  | 
|  |  O mapa celeste mostra o céu de oeste em fins de Outubro pouco depois
do ocaso. Na gravura mostra-se a posição do Sol abaixo da linha
de horizonte, portanto invisível. As estrelas de Escorpião
estão já muito perto do horizonte, portanto difíceis de observar. | 
Os dois famosos caçadores do mundo antigo 
juntaram-se e criaram uma forte amizade. Durante o dia, partiam à 
procura de novas florestas onde encontrassem animais selvagens. À noite,
 sentavam-se em redor da fogueira e contavam um ao outro as suas 
aventuras. Dizia-se que estavam apaixonados, mas a verdade é que 
Ártemis, deusa sempre jovem e casta, apenas pensava nos desportos, no ar
 livre e na caça. 
Ártemis era uma personagem misteriosa. Dizia-se 
que era a deusa da Lua, tal como o seu irmão Apolo era o deus do Sol - e
 a verdade é que ela se passeava nas noites de Lua Cheia. Dizia-se 
também que era fria e vingativa, que matava por gosto - e a verdade é 
que Apolo e a deusa se tinham muitas vezes entretido a massacrar jovens 
guerreiros. Talvez o gosto pelo sangue lhes tivesse ficado dos combates 
antigos com os gigantes que desafiavam Zeus, o chefe dos deuses que os 
dois irmãos ajudaram nessa guerra antiga.
Ártemis e Orion eram amigos, mas a deusa, que se 
manteve sempre virgem, não queria nada mais do que a amizade. O que se 
passava com Orion nunca ninguém chegou a saber. É possível que se 
tivesse apaixonado por Ártemis, que era muito bela, de uma beleza 
atlética que devia ter agradado ao caçador gigante. Mas é possível que 
não, que as más línguas são capazes de tudo. 
O que se passou em seguida nunca ninguém soube 
explicar. Um dia, quando o gigante se passeava pelas terras de Delos, 
apareceu-lhe pela frente um escorpião gigantesco. Orion estava habituado
 a esmagar essas criaturas. Mas este escorpião era maior que qualquer 
dos animais que existia sobre a Terra. Era maior que o jovem caçador e 
tinha uma carapaça que nem a espada de Orion conseguia penetrar. 
Dizem uns que o escorpião fora enviado pela 
própria deusa Ártemis, pois uma noite Orion, não resistindo ao desejo, 
tinha querido violentá-la. Dizem outros que a besta fora enviada pela 
própria Gaia, a Mãe Terra, pois Orion tinha-se vangloriado de não haver 
animal que a Terra criasse que ele não pudesse vencer. O certo é que se 
seguiu uma luta furiosa e que o gigantesco escorpião, impenetrável à 
espada do caçador e indiferente aos seus golpes, conseguiu aplicar-lhe 
um golpe mortal, com o ferrão venenoso da sua cauda.
Orion jazia já morto e ainda o escorpião 
continuava a ferrá-lo quando Zeus apareceu. Impressionado com o poder do
 animal, o chefe dos deuses levou-o para o céu. Comovido com o heroísmo 
do gigante vencido, transportou-o também para o firmamento, mas 
colocou-o em posição oposta à do seu vencedor, de forma que os dois 
inimigos pudessem estar nos céus sem nunca se verem. Assim estão até 
hoje: quando a Primavera começa, Orion desaparece no brilho do Sol; 
quando o Outono aparece, o perigoso escorpião é engolido pelo horizonte 
do ocaso.
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema92.php#sthash.vOAfr6JA.dpuf
A história mitológica 
que abaixo reproduzimos é retirada do livro Zodíaco: 
Constelações e Mitos, Nuno Crato, Gradiva 2001.
Trata-se de um conto que adapta livremente uma versão da lenda grega que envolve a luta entre o caçador Oríon e o Escorpião. Como o leitor verá, para além da beleza poética do mito, a história constitui uma óptima menmónica para a localização destas constelações no céu e para recordar os momentos de seu aparecimento e desaparecimento ao crepúsculo. Esta história é um exemplo das relações que existem entre a mitologia do céu e alguns factos astronómicos. Por ela se vê também como as histórias mitológicas podem servir de incentivo à observação das constelações.
A Lenda de Oríon e Escorpião
Em princípios de Novembro, Orion nasce a leste cerca das 22 horas, em princípios de Dezembro, cerca das 20 horas. O mapa do céu mostra a posição das estrelas em relação ao horizonte leste em ambas as alturas.
Orion era o maior dos gigantes. Era filho de Posídon, o deus do mar a quem os romanos chamavam Neptuno. Dizia-se que era filho também de Gaia, a Mãe Terra. Era um gigante poderoso. Do pai, tinha herdado o poder de andar sobre as ondas do mar. Da mãe, tinha herdado o porte gigantesco. Com os tempos, tornou-se esbelto e atlético, com uma bela figura, cobiçado pelas mulheres e pelas deusas. Desposou em primeiras núpcias Side, que se dizia ser a mais bela de todas as jovens da Grécia antiga. Mas Side era orgulhosa e gabava-se de ser mais bela ainda do que as imortais, mais bela do que a própria Hera, a rainha das deusas e esposa de Zeus. Ciumenta, Hera vingou-se e precipitou a jovem do cimo das montanhas do Tártaro, matando-a.
Privado da esposa, Orion deambulou perdido pela Terra. A certa altura, ao passar pela ilha de Quios, famosa pela sua caça grossa, avistou Mérope, a princesa do reino, que tocava a sua flauta nas margens de um rio. Mal se viram, os jovens apaixonaram-se. Mérope nunca tinha visto um gigante tão belo e Orion nunca tinha visto uma jovem tão inocente e tão dotada. Mas os seus amores estavam também destinados à tragédia.
O pai da jovem, o rei Enópion, era conhecido por ter introduzido o vinho tinto - o seu nome, em grego, significa "o que bebe vinho". Nessa altura, o vinho era ainda pouco conhecido e Enópion conseguia enganar os passantes e embriagá-los. Opondo-se aos amores dos dois jovens, conseguiu embriagar Orion. Quando o gigante estava ferrado no sono pesado do álcool, Enópion cegou-o com uma espada e conseguiu expulsá-lo do reino. Orion, contudo, com a ajuda de um menino que se sentou nos seus ombros e o guiou, conseguiu caminhar até ao Sol Nascente.
Quando a deusa da aurora o viu, apaixonou-se pelo jovem gigante e decidiu ajudá-lo. Com as suas artes, conseguiu recuperar-lhe a vista. Orion ficou alguns tempos com a deusa, mas os seus amores foram curtos e em breve partiu para novas conquistas.
O mapa celeste mostra o céu de oeste em fins de Outubro pouco depois do ocaso. Na gravura mostra-se a posição do Sol abaixo da linha de horizonte, portanto invisível. As estrelas de Escorpião estão já muito perto do horizonte, portanto difíceis de observar.
 O
 mapa celeste mostra o céu de oeste em fins de Outubro pouco depois
do ocaso. Na gravura mostra-se a posição do Sol abaixo da linha
de horizonte, portanto invisível. As estrelas de Escorpião
estão já muito perto do horizonte, portanto difíceis de observar. - See 
more at: 
http://www.portaldoastronomo.org/tema92.php#sthash.1yJ6wcOv.dpuf
O
 mapa celeste mostra o céu de oeste em fins de Outubro pouco depois
do ocaso. Na gravura mostra-se a posição do Sol abaixo da linha
de horizonte, portanto invisível. As estrelas de Escorpião
estão já muito perto do horizonte, portanto difíceis de observar. - See 
more at: 
http://www.portaldoastronomo.org/tema92.php#sthash.1yJ6wcOv.dpufOs dois famosos caçadores do mundo antigo juntaram-se e criaram uma forte amizade. Durante o dia, partiam à procura de novas florestas onde encontrassem animais selvagens. À noite, sentavam-se em redor da fogueira e contavam um ao outro as suas aventuras. Dizia-se que estavam apaixonados, mas a verdade é que Ártemis, deusa sempre jovem e casta, apenas pensava nos desportos, no ar livre e na caça.
Ártemis era uma personagem misteriosa. Dizia-se que era a deusa da Lua, tal como o seu irmão Apolo era o deus do Sol - e a verdade é que ela se passeava nas noites de Lua Cheia. Dizia-se também que era fria e vingativa, que matava por gosto - e a verdade é que Apolo e a deusa se tinham muitas vezes entretido a massacrar jovens guerreiros. Talvez o gosto pelo sangue lhes tivesse ficado dos combates antigos com os gigantes que desafiavam Zeus, o chefe dos deuses que os dois irmãos ajudaram nessa guerra antiga.
Ártemis e Orion eram amigos, mas a deusa, que se manteve sempre virgem, não queria nada mais do que a amizade. O que se passava com Orion nunca ninguém chegou a saber. É possível que se tivesse apaixonado por Ártemis, que era muito bela, de uma beleza atlética que devia ter agradado ao caçador gigante. Mas é possível que não, que as más línguas são capazes de tudo.
O que se passou em seguida nunca ninguém soube explicar. Um dia, quando o gigante se passeava pelas terras de Delos, apareceu-lhe pela frente um escorpião gigantesco. Orion estava habituado a esmagar essas criaturas. Mas este escorpião era maior que qualquer dos animais que existia sobre a Terra. Era maior que o jovem caçador e tinha uma carapaça que nem a espada de Orion conseguia penetrar.
Dizem uns que o escorpião fora enviado pela própria deusa Ártemis, pois uma noite Orion, não resistindo ao desejo, tinha querido violentá-la. Dizem outros que a besta fora enviada pela própria Gaia, a Mãe Terra, pois Órion tinha-se vangloriado de não haver animal que a Terra criasse que ele não pudesse vencer. O certo é que se seguiu uma luta furiosa e que o gigantesco escorpião, impenetrável à espada do caçador e indiferente aos seus golpes, conseguiu aplicar-lhe um golpe mortal, com o ferrão venenoso da sua cauda.
Orion jazia já morto e ainda o escorpião continuava a ferrá-lo quando Zeus apareceu. Impressionado com o poder do animal, o chefe dos deuses levou-o para o céu. Comovido com o heroísmo do gigante vencido, transportou-o também para o firmamento, mas colocou-o em posição oposta à do seu vencedor, de forma que os dois inimigos pudessem estar nos céus sem nunca se verem. Assim estão até hoje: quando a Primavera começa, Órion desaparece no brilho do Sol; quando o Outono aparece, o perigoso escorpião é engolido pelo horizonte do ocaso.
|  |  | 
|  |  | 
|  |  Como
 resultado do movimento de translação da Terra, a posição do Sol na 
esfera celeste dá uma volta completa num ano, percorrendo as 
constelações do zodíaco. Na altura em que o Sol se encontra numa dessas 
constelações, as suas estrelas não são visíveis, pois estão ofuscadas 
pelo brilho solar. Mas os astrónomos antigos registaram o movimento das 
constelações logo após o crepúsculo e verificaram a sua aproximação à 
nossa estrela. Perceberam assim qual a altura do ano em que o Sol 
passava pelas constelações do zodíaco. A gravura mostra a posição actual
 do Sol no início da Primavera, no chamado equinócio vernal. | 
No meio do Outono, por exemplo, a constelação de 
Carneiro nasce a leste logo ao princípio da noite, enquanto a de 
Capricórnio se deita a oeste logo a seguir ao Sol. Se seguirmos a 
posição de Carneiro ao longo das semanas, veremos que esta constelação 
passa a nascer no céu de leste cada dia mais cedo. No princípio do 
Inverno, já Carneiro aparece bem acima do horizonte ao começo da noite, 
quando as primeiras estrelas revelam o seu brilho. Algumas semanas mais 
tarde, já as noites se iniciam com essa constelação muito alto, acima do
 horizonte sul. Noite após noite, as estrelas parecem descrever um 
percurso no céu que as leva de leste para oeste. No fim do Inverno, a 
noite começa com Carneiro perto do horizonte oeste. Então, à medida que 
os dias avançam, essa constelação aparece cada vez mais brevemente, 
deitando-se logo a seguir ao Sol. No início da Primavera, a constelação 
não é visível. Semanas mais tarde, reaparece no céu nocturno, mas desta 
vez no horizonte leste e logo antes da madrugada. Há pois algumas 
semanas em que as estrelas de Carneiro não estiveram visíveis.
Os astrónomos das primeiras civilizações 
perceberam que a posições do Sol e da constelação coincidiram no céu 
durante essas semanas em que a constelação não se conseguia observar: o 
Sol estava em Carneiro. Os observadores antigos perceberam também que 
havia outras estrelas no caminho do Sol e que esse caminho descreve um 
arco que atravessa o céu de leste para oeste: um círculo máximo sobre a 
esfera celeste a que se chama eclíptica. No nosso hemisfério, esse arco 
passa pela esfera celeste acima do horizonte sul. 
O calendário origina os signos
|  |  | 
|  |  | 
|  A
 imagem mostra a posição do Sol visto da Terra e projectado contra a 
esfera celeste, no tempo dos Gregos antigos por alturas do solstício de 
Verão. Actualmente, projecta-se entre Touro e Gémeos por alturas do 
solstício |  | 
Ao que parece, os babilónios foram os primeiros a
 dividir em doze partes a banda celeste por onde o Sol passa no seu 
movimento aparente, dando a cada uma dessas partes o nome de uma 
constelação, ou seja, de uma área determinada da esfera celeste, 
constituída em função de um motivo imaginado pelo desenho das estrelas. 
Às constelações que estão no caminho do Sol deu-se o nome de signos. São
 os doze signos do zodíaco. 
A palavra "zodíaco" chegou-nos pelo grego 
"zoidiakos", adjectivo usado na expressão "zoidiakos kuklos", que 
designava o "círculo de animais" com que se representavam as 
constelações. A raiz do termo persiste ainda hoje nas línguas ocidentais
 em vocábulos como "zoológico". Modernamente, o zodíaco designa uma 
banda celeste com 8 graus para cada lado da eclíptica - a linha por onde
 o Sol parece deslocar-se. O Sol, a Lua e os planetas parecem todos 
mover-se na banda do zodíaco. Na realidade, são os planetas que rodam em
 torno do Sol. Mas rodam todos perto de um mesmo plano, pelo que nos 
parece que é o Sol que se movimenta no mesmo arco que a Lua e os 
planetas - o arco que passa pelos signos do zodíaco.
A precessão
|  |  | 
|  |  | 
|  |  | 
Actualmente, as pessoas nascidas entre 21 de 
Março e 20 de Abril pertencem ao signo astrológico de Carneiro. Mas o 
Sol encontra-se nessa altura na constelação Peixes. O mesmo se passa com
 todos os signos. O Sol não entra a 21 de Maio em Gémeos, ao contrário 
do que a astrologia e a tradição apontam. Só entra na constelação de 
Castor e Pólux em 22 de Junho. 
| Const. | Desap. a oeste, no ocaso | Ingresso do Sol na constelação | Egresso do Sol da constelação | Reaparecimento a leste, de madrugada | Melhor visibilidade | Signo astrológico | 
| Carneiro | meados de Abril | 19 de Abril | 14 de Maio | princípios de Maio | Outubro e Novembro | 21 de Março a 20 de Abril | 
| Touro | Princípios de Maio | 15 de Maio | 21 de Junho | Fins de Junho | Dezembro e Janeiro | 21 de Abril a 20 de Maio | 
| Gémeos | meados de Junho | 22 de Junho | 20 de Julho | Fins de Julho | Janeiro, Fevereiro e Março | 21 de Maio a 20 de Junho | 
| Caranguejo | meados de Junho | 21 de Julho | 10 de Agosto | Fins de Julho | Fevereiro e Março | 21 de Junho a 21 de Julho | 
| Leão | fins de Julho | 11 de Agosto | 16 de Setembro | meados de Setembro | Fevereiro, Março e Abril | 22 de Julho a 22 de Agosto | 
| Virgem | princípios de Setembro | 17 de Setembro | 30 de Outubro | princípios de Novembro | Abril e Maio | 23 de Agosto a 22 de Setembro | 
| Balança | meados de Outubro | 31 de Outubro | 22 de Novembro | Fins de Novembro | Maio e Junho | 23 de Setembro a 22 de Outubro | 
| Escorpião Ofíuco | meados de Outubro | 23 de Novembro 29 de Novembro | 28 de Novembro 16 de Dezembro | princípios de Janeiro | Maio, Junho e Julho | 23 de Outubro a 21 de Novembro | 
| Sagitário | meados de Dezembro | 17 de Dezembro | 18 de Janeiro | Fins de Janeiro | Maio, Junho e Julho | 22 de Novembro a 21 de Dezembro | 
| Capricórnio | meados de Janeiro | 19 de Janeiro | 15 de Fevereiro | princípios de Março | Junho e Julho | 22 de Dezembro a 21 de Janeiro | 
| Aquário | princípios de Fevereiro | 16 de Fevereiro | 11 de Março | princípios de Abril | Agosto e Setembro | 21 de Janeiro a 20 de Fevereiro | 
| Peixes | princípios de Março | 12 de Março | 18 de Abril | princípios de Maio | Setembro e Outubro | 21 de Fevereiro a 20 de Março | 
A tabela mostra os momentos de entrada (ingresso) e
 saída (egresso) do Sol, referidos às fronteiras dessas constelações. As
 datas de desaparecimento e de aparecimento das constelações no céu 
nocturno são apenas muito indicativas e estão referidas aos asterismos, 
isto é, aos padrões de estrelas identificados com as figuras 
mitológicas. As datas que se referem como de melhor visibilidade das 
constelações coincidem com a altura em que a parte central do asterismo 
culmina a sul por volta da meia noite.  Devido à precessão, há um 
desfasamento entre as datas de passagem do Sol pelas constelações e os 
signos do zodíaco, tal como considerados pelos astrólogos. Durante a 
idade média, a astrologia debateu-se com este problema sem o conseguir 
resolver. Actualmente, os astrólogos esquecem-no simplesmente, aceitando
 signos astrológicos desfasados das constelações que lhes deram o nome. 
Ofíuco, o décimo terceiro signo
|  |  | 
|  |  | 
|  |  | 
Como resultado do movimento de translação da Terra, a posição do Sol na esfera celeste dá uma volta completa num ano, percorrendo as constelações do zodíaco. Na altura em que o Sol se encontra numa dessas constelações, as suas estrelas não são visíveis, pois estão ofuscadas pelo brilho solar. Mas os astrónomos antigos registaram o movimento das constelações logo após o crepúsculo e verificaram a sua aproximação à nossa estrela. Perceberam assim qual a altura do ano em que o Sol passava pelas constelações do zodíaco. A gravura mostra a posição actual do Sol no início da Primavera, no chamado equinócio vernal.
Em altura incerta da evolução das sociedades humanas, certamente há muitos milhares de anos, na chamada pré-história, os nossos antepassados terão começado a notar que o aspecto do céu nocturno muda periodicamente e que o ciclo dessa mudança coincide com o ciclo das estações. De facto, ao movimento nocturno aparente das estrelas, derivado da rotação da Terra, sobrepõe-se um outro, mais lento, derivado da translação do nosso planeta, e que tem como resultado uma rotação completa da esfera celeste no decurso de um ano.
No meio do Outono, por exemplo, a constelação de Carneiro nasce a leste logo ao princípio da noite, enquanto a de Capricórnio se deita a oeste logo a seguir ao Sol. Se seguirmos a posição de Carneiro ao longo das semanas, veremos que esta constelação passa a nascer no céu de leste cada dia mais cedo. No princípio do Inverno, já Carneiro aparece bem acima do horizonte ao começo da noite, quando as primeiras estrelas revelam o seu brilho. Algumas semanas mais tarde, já as noites se iniciam com essa constelação muito alto, acima do horizonte sul. Noite após noite, as estrelas parecem descrever um percurso no céu que as leva de leste para oeste. No fim do Inverno, a noite começa com Carneiro perto do horizonte oeste. Então, à medida que os dias avançam, essa constelação aparece cada vez mais brevemente, deitando-se logo a seguir ao Sol. No início da Primavera, a constelação não é visível. Semanas mais tarde, reaparece no céu nocturno, mas desta vez no horizonte leste e logo antes da madrugada. Há pois algumas semanas em que as estrelas de Carneiro não estiveram visíveis.
Os astrónomos das primeiras civilizações perceberam que a posições do Sol e da constelação coincidiram no céu durante essas semanas em que a constelação não se conseguia observar: o Sol estava em Carneiro. Os observadores antigos perceberam também que havia outras estrelas no caminho do Sol e que esse caminho descreve um arco que atravessa o céu de leste para oeste: um círculo máximo sobre a esfera celeste a que se chama eclíptica. No nosso hemisfério, esse arco passa pela esfera celeste acima do horizonte sul.
O calendário origina os signos
A imagem mostra a posição do Sol visto da Terra e projectado contra a esfera celeste, no tempo dos Gregos antigos por alturas do solstício de Verão. Actualmente, projecta-se entre Touro e Gémeos por alturas do solstício
Ao organizarem o seu calendário, os babilónios, tal como muitos outros povos, basearam-se no ciclo anual das estações, que é astronomicamente marcado pela passagem do Sol pelas constelações. Mas os babilónios procuraram harmonizar a medida solar do tempo com a medida lunar. Ora a posição do Sol no fundo estelar demora cerca de 365 dias e um quarto a perfazer uma rotação completa, num ciclo que é chamado ano sideral. Entretanto, a Lua demora cerca de 29 dias e meio a regressar à mesma fase, num ciclo chamado lunação ou mês sinódico. Num ano solar cabem pois 12 meses lunares, embora fiquem de fora cerca de 11 dias, o que sempre constituiu uma complicação para os calendários. É esta coincidência aproximada que levou à divisão do ano em doze meses e à criação dos doze signos do zodíaco.
Ao que parece, os babilónios foram os primeiros a dividir em doze partes a banda celeste por onde o Sol passa no seu movimento aparente, dando a cada uma dessas partes o nome de uma constelação, ou seja, de uma área determinada da esfera celeste, constituída em função de um motivo imaginado pelo desenho das estrelas. Às constelações que estão no caminho do Sol deu-se o nome de signos. São os doze signos do zodíaco.
A palavra "zodíaco" chegou-nos pelo grego "zoidiakos", adjectivo usado na expressão "zoidiakos kuklos", que designava o "círculo de animais" com que se representavam as constelações. A raiz do termo persiste ainda hoje nas línguas ocidentais em vocábulos como "zoológico". Modernamente, o zodíaco designa uma banda celeste com 8 graus para cada lado da eclíptica - a linha por onde o Sol parece deslocar-se. O Sol, a Lua e os planetas parecem todos mover-se na banda do zodíaco. Na realidade, são os planetas que rodam em torno do Sol. Mas rodam todos perto de um mesmo plano, pelo que nos parece que é o Sol que se movimenta no mesmo arco que a Lua e os planetas - o arco que passa pelos signos do zodíaco.
A precessão
Quando os antigos marcaram o trajecto do Sol contra o fundo estelar, o eixo de rotação da Terra tinha uma inclinação diferente da que tem hoje. Essa inclinação tem vindo a mudar, de acordo com um ciclo de cerca de 26 mil anos chamado ciclo de precessão. A precessão é muito lenta, mas é visível quando se comparam observações astronómicas feitas ao longo de diferentes séculos. Ao que parece, terá sido o astrónomo alexandrino Hiparco (século II a. C.) o primeiro a notar esse movimento da esfera celeste.
Designou-o por precessão dos equinócios, pois ele é observável na deslocação do ponto da esfera celeste onde o Sol se projecta nos momentos dos equinócios. Assim, por exemplo, o início da Primavera, marcado pelo equinócio vernal (Março), coincidia antigamente com a passagem do Sol pela constelação Carneiro - Aries em latim - pelo que os astrônomos ainda hoje chamam a esse ponto celeste "primeiro ponto de Aries". A precessão fez com que o início da Primavera já não encontre o Sol nessa constelação, mas a astrologia, que herdou os signos dos gregos, não teve em conta esse desfasamento.
Actualmente, as pessoas nascidas entre 21 de Março e 20 de Abril pertencem ao signo astrológico de Carneiro. Mas o Sol encontra-se nessa altura na constelação Peixes. O mesmo se passa com todos os signos. O Sol não entra a 21 de Maio em Gémeos, ao contrário do que a astrologia e a tradição apontam. Só entra na constelação de Castor e Pólux em 22 de Junho.
Const.    Desap. a oeste, no ocaso   
 Ingresso do Sol na constelação   
 Egresso do Sol da constelação   
 Reaparecimento a leste, de madrugada   
 Melhor visibilidade     Signo astrológico
Carneiro 
   meados de Abril    19 de Abril    14 de Maio    
princípios de Maio    Outubro e Novembro    21 de Março a 20 de Abril
Touro  
  Princípios de Maio    15 de Maio    21 de Junho   
 Fins de Junho    Dezembro e Janeiro    21 de Abril a 20 de Maio
Gémeos 
   meados de Junho    22 de Junho    20 de Julho   
 Fins de Julho    Janeiro, Fevereiro e Março    21 de Maio a 20 de Junho
Caranguejo    meados de Junho    21 de Julho    10 de Agosto   
 Fins de Julho    Fevereiro e Março    21 de Junho a 21 de Julho
Leão  
  fins de Julho    11 de Agosto    16 de Setembro    
meados de Setembro    Fevereiro, Março e Abril    22 de Julho a 22 de Agosto
Virgem   
 princípios de Setembro    17 de Setembro    30 de Outubro   
 princípios de Novembro    Abril e Maio    23 de Agosto a 22 de Setembro
Balança   
 meados de Outubro    31 de Outubro    22 de Novembro  
  Fins de Novembro    Maio e Junho    23 de Setembro a 22 de Outubro
Escorpião
Ofíuco    meados de Outubro    23 de Novembro
29 de Novembro    28 de Novembro
16 de Dezembro    princípios de Janeiro    
Maio, Junho e Julho    23 de Outubro a 21 de Novembro
Sagitário 
    meados de Dezembro    17 de Dezembro    18 de Janeiro   
 Fins de Janeiro    Maio, Junho e Julho    22 de Novembro a 21 de Dezembro
Capricórnio   
 meados de Janeiro    19 de Janeiro    15 de Fevereiro   
 princípios de Março    Junho e Julho    22 de Dezembro a 21 de Janeiro
Aquário   
 princípios de Fevereiro    16 de Fevereiro    11 de Março  
  princípios de Abril    Agosto e Setembro    21 de Janeiro a 20 de Fevereiro
Peixes   
 princípios de Março    12 de Março    18 de Abril   
 princípios de Maio     Setembro e Outubro    21 de Fevereiro a 20 de Março
A tabela mostra os momentos de entrada (ingresso) e saída (egresso) do Sol, referidos às fronteiras dessas constelações. As datas de desaparecimento e de aparecimento das constelações no céu nocturno são apenas muito indicativas e estão referidas aos asterismos, isto é, aos padrões de estrelas identificados com as figuras mitológicas. As datas que se referem como de melhor visibilidade das constelações coincidem com a altura em que a parte central do asterismo culmina a sul por volta da meia noite. Devido à precessão, há um desfasamento entre as datas de passagem do Sol pelas constelações e os signos do zodíaco, tal como considerados pelos astrólogos. Durante a idade média, a astrologia debateu-se com este problema sem o conseguir resolver. Actualmente, os astrólogos esquecem-no simplesmente, aceitando signos astrológicos desfasados das constelações que lhes deram o nome.
Ofíuco, o décimo terceiro signo
Para os antigos, as fronteiras das constelações estavam pouco definidas, o que importava eram os agrupamentos de estrelas, os chamados asterismos, que associavam a personagens míticas. Em 1922, quando a União Astronómica Mundial chegou a um acordo para dividir o céu em áreas perfeitamente determinadas, foram estabelecidas 88 constelações, cobrindo ambos os hemisférios. Na zona do zodíaco e em outras áreas, procurou-se respeitar a divisão estabelecida pelos antigos, mas foi necessário proceder a algumas adaptações, de forma a englobar os asterismos antigos que se sobrepunham. Assim, as modernas constelações do zodíaco não dividem a eclíptica em doze partes iguais. Além disso, há uma constelação que os antigos não incluíam no zodíaco e por onde o Sol passa: é a Ofíuco, que representa o deus da medicina dos antigos gregos.
Astronomia, Astrologia e Mitologia
|  |  | 
|  |  | 
|  |  Gravura extraida de Atlas Coelestis seu Harmonica Macrocosmica, de Andreas Cellarius, Amesterdão, 1661 | 
Os primeiros astrónomos viviam num mundo de 
deuses, de monstros e de heróis. As suas observações conseguiram um 
notável rigor, mas estavam marcadas pelas suas crenças. Alguns dos 
conceitos que criaram para descrever o movimento dos astros ainda hoje 
estão tingidos por essas crenças, apesar de terem entrado no mundo da 
ciência. Quem hoje fala em signos e em zodíaco pode fazê-lo por 
acreditar numa influência dos astros na vida dos homens, mas pode também
 referir esses termos na sua moderna acepção científica. Há o zodíaco 
dos astrólogos e o zodíaco dos astrónomos.
A separação da astronomia e da mitologia ocorreu 
ainda no tempo dos gregos. Embora muitos cidadãos helénicos acreditassem
 literalmente nas histórias mitológicas, a maioria dos filósofos que 
reflectiam sobre o cosmos não via os astros como entidades mitológicas, 
mas sim como elementos de um mundo envolvente.
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu
 muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos 
pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos 
astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a
 antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo 
determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a
 grande polémica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que 
tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a
 escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida 
pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam 
rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou 
discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e
 a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. 
Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre 
fé, princípios morais e actividade científica. É essa separação que 
permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo 
cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor
 saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema9.php#sthash.307Rziyn.dpu
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema9.php#sthash.O9iSO5km.dpuf
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema92.php#sthash.vOAfr6JA.dpuf
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema93.php#sthash.bO9RHMxp.dpuf
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema93.php#sthash.bO9RHMxp.dpuf
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu
 muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos 
pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos 
astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a
 antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo 
determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a
 grande polémica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que 
tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a
 escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida 
pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam 
rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou 
discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e
 a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. 
Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre 
fé, princípios morais e actividade científica. É essa separação que 
permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo 
cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor
 saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema9.php#sthash.O9iSO5km.dpuf
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu
 muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos 
pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos 
astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a
 antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo 
determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a
 grande polémica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que 
tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a
 escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida 
pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam 
rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou 
discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e
 a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. 
Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre 
fé, princípios morais e actividade científica. É essa separação que 
permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo 
cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor
 saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema9.php#sthash.O9iSO5km.dpuf
Astronomia, Astrologia e Mitologia
|  |  | 
|  |  | 
|  |  Gravura extraida de Atlas Coelestis seu Harmonica Macrocosmica, de Andreas Cellarius, Amesterdão, 1661 | 
Os primeiros astrónomos viviam num mundo de 
deuses, de monstros e de heróis. As suas observações conseguiram um 
notável rigor, mas estavam marcadas pelas suas crenças. Alguns dos 
conceitos que criaram para descrever o movimento dos astros ainda hoje 
estão tingidos por essas crenças, apesar de terem entrado no mundo da 
ciência. Quem hoje fala em signos e em zodíaco pode fazê-lo por 
acreditar numa influência dos astros na vida dos homens, mas pode também
 referir esses termos na sua moderna acepção científica. Há o zodíaco 
dos astrólogos e o zodíaco dos astrónomos.
A separação da astronomia e da mitologia ocorreu 
ainda no tempo dos gregos. Embora muitos cidadãos helénicos acreditassem
 literalmente nas histórias mitológicas, a maioria dos filósofos que 
reflectiam sobre o cosmos não via os astros como entidades mitológicas, 
mas sim como elementos de um mundo envolvente.
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu
 muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos 
pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos 
astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a
 antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo 
determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a
 grande polémica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que 
tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a
 escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida 
pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam 
rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou 
discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e
 a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. 
Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre 
fé, princípios morais e actividade científica. É essa separação que 
permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo 
cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor
 saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema9.php#sthash.O9iSO5km.dpuf
Astronomia, Astrologia e Mitologia
|  |  | 
|  |  | 
|  |  Gravura extraida de Atlas Coelestis seu Harmonica Macrocosmica, de Andreas Cellarius, Amesterdão, 1661 | 
Os primeiros astrónomos viviam num mundo de 
deuses, de monstros e de heróis. As suas observações conseguiram um 
notável rigor, mas estavam marcadas pelas suas crenças. Alguns dos 
conceitos que criaram para descrever o movimento dos astros ainda hoje 
estão tingidos por essas crenças, apesar de terem entrado no mundo da 
ciência. Quem hoje fala em signos e em zodíaco pode fazê-lo por 
acreditar numa influência dos astros na vida dos homens, mas pode também
 referir esses termos na sua moderna acepção científica. Há o zodíaco 
dos astrólogos e o zodíaco dos astrónomos.
A separação da astronomia e da mitologia ocorreu 
ainda no tempo dos gregos. Embora muitos cidadãos helénicos acreditassem
 literalmente nas histórias mitológicas, a maioria dos filósofos que 
reflectiam sobre o cosmos não via os astros como entidades mitológicas, 
mas sim como elementos de um mundo envolvente.
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu
 muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos 
pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos 
astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a
 antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo 
determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a
 grande polémica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que 
tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a
 escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida 
pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam 
rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou 
discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e
 a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. 
Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre 
fé, princípios morais e actividade científica. É essa separação que 
permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo 
cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor
 saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema9.php#sthash.O9iSO5km.dpuf
Astronomia, Astrologia e Mitologia
|  |  | 
|  |  | 
|  |  Gravura extraida de Atlas Coelestis seu Harmonica Macrocosmica, de Andreas Cellarius, Amesterdão, 1661 | 
Os primeiros astrónomos viviam num mundo de 
deuses, de monstros e de heróis. As suas observações conseguiram um 
notável rigor, mas estavam marcadas pelas suas crenças. Alguns dos 
conceitos que criaram para descrever o movimento dos astros ainda hoje 
estão tingidos por essas crenças, apesar de terem entrado no mundo da 
ciência. Quem hoje fala em signos e em zodíaco pode fazê-lo por 
acreditar numa influência dos astros na vida dos homens, mas pode também
 referir esses termos na sua moderna acepção científica. Há o zodíaco 
dos astrólogos e o zodíaco dos astrónomos.
A separação da astronomia e da mitologia ocorreu 
ainda no tempo dos gregos. Embora muitos cidadãos helénicos acreditassem
 literalmente nas histórias mitológicas, a maioria dos filósofos que 
reflectiam sobre o cosmos não via os astros como entidades mitológicas, 
mas sim como elementos de um mundo envolvente.
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu
 muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos 
pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos 
astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a
 antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo 
determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a
 grande polémica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que 
tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a
 escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida 
pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam 
rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou 
discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e
 a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. 
Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre 
fé, princípios morais e actividade científica. É essa separação que 
permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo 
cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor
 saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- See more at: http://www.portaldoastronomo.org/tema9.php#sthash.O9iSO5km.dpuf
Astronomia, Astrologia e Mitologia
|  |  | 
|  |  | 
|  |  Gravura extraida de Atlas Coelestis seu Harmonica Macrocosmica, de Andreas Cellarius, Amesterdão, 1661 | 
Os primeiros astrónomos viviam num mundo de 
deuses, de monstros e de heróis. As suas observações conseguiram um 
notável rigor, mas estavam marcadas pelas suas crenças. Alguns dos 
conceitos que criaram para descrever o movimento dos astros ainda hoje 
estão tingidos por essas crenças, apesar de terem entrado no mundo da 
ciência. Quem hoje fala em signos e em zodíaco pode fazê-lo por 
acreditar numa influência dos astros na vida dos homens, mas pode também
 referir esses termos na sua moderna acepção científica. Há o zodíaco 
dos astrólogos e o zodíaco dos astrónomos.
A separação da astronomia e da mitologia ocorreu 
ainda no tempo dos gregos. Embora muitos cidadãos helénicos acreditassem
 literalmente nas histórias mitológicas, a maioria dos filósofos que 
reflectiam sobre o cosmos não via os astros como entidades mitológicas, 
mas sim como elementos de um mundo envolvente.
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu
 muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos 
pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos 
astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a
 antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo 
determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a
 grande polémica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que 
tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a
 escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida 
pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam 
rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou 
discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e
 a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. 
Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre 
fé, princípios morais e actividade científica. É essa separação que 
permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo 
cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor
 saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- Astronomia, Astrologia e Mitologia
- Mitologia: a história de Oríon e Escorpião e a mudança das estações
- O zodíaco dos astrónomos e o zodíaco dos astrólogos
- Pedro Nunes e a astrologia
Autoria:
Nuno Crato
Professor Associado de Matemática e Estatística, Instituto Superior de Economia e Gestão, Lisboa
Associado do NÚCLIO
Astronomia, Astrologia e Mitologia
|  |  | 
|  |  | 
|  |  Gravura extraida de Atlas Coelestis seu Harmonica Macrocosmica, de Andreas Cellarius, Amesterdão, 1661 | 
Os primeiros astrónomos viviam num mundo de 
deuses, de monstros e de heróis. As suas observações conseguiram um 
notável rigor, mas estavam marcadas pelas suas crenças. Alguns dos 
conceitos que criaram para descrever o movimento dos astros ainda hoje 
estão tingidos por essas crenças, apesar de terem entrado no mundo da 
ciência. Quem hoje fala em signos e em zodíaco pode fazê-lo por 
acreditar numa influência dos astros na vida dos homens, mas pode também
 referir esses termos na sua moderna acepção científica. Há o zodíaco 
dos astrólogos e o zodíaco dos astrónomos.
A separação da astronomia e da mitologia ocorreu 
ainda no tempo dos gregos. Embora muitos cidadãos helénicos acreditassem
 literalmente nas histórias mitológicas, a maioria dos filósofos que 
reflectiam sobre o cosmos não via os astros como entidades mitológicas, 
mas sim como elementos de um mundo envolvente.
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu
 muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos 
pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos 
astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a
 antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo 
determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a
 grande polémica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que 
tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a
 escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida 
pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam 
rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou 
discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e
 a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. 
Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre 
fé, princípios morais e actividade científica. É essa separação que 
permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo 
cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor
 saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- Astronomia, Astrologia e Mitologia
- Mitologia: a história de Oríon e Escorpião e a mudança das estações
- O zodíaco dos astrónomos e o zodíaco dos astrólogos
- Pedro Nunes e a astrologia
Autoria:
Nuno Crato
Professor Associado de Matemática e Estatística, Instituto Superior de Economia e Gestão, Lisboa
Associado do NÚCLIO
Astronomia, Astrologia e Mitologia
|  |  | 
|  |  | 
|  |  Gravura extraida de Atlas Coelestis seu Harmonica Macrocosmica, de Andreas Cellarius, Amesterdão, 1661 | 
Os primeiros astrónomos viviam num mundo de 
deuses, de monstros e de heróis. As suas observações conseguiram um 
notável rigor, mas estavam marcadas pelas suas crenças. Alguns dos 
conceitos que criaram para descrever o movimento dos astros ainda hoje 
estão tingidos por essas crenças, apesar de terem entrado no mundo da 
ciência. Quem hoje fala em signos e em zodíaco pode fazê-lo por 
acreditar numa influência dos astros na vida dos homens, mas pode também
 referir esses termos na sua moderna acepção científica. Há o zodíaco 
dos astrólogos e o zodíaco dos astrónomos.
A separação da astronomia e da mitologia ocorreu 
ainda no tempo dos gregos. Embora muitos cidadãos helénicos acreditassem
 literalmente nas histórias mitológicas, a maioria dos filósofos que 
reflectiam sobre o cosmos não via os astros como entidades mitológicas, 
mas sim como elementos de um mundo envolvente.
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu
 muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos 
pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos 
astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a
 antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo 
determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a
 grande polémica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que 
tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a
 escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida 
pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam 
rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou 
discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e
 a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. 
Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre 
fé, princípios morais e actividade científica. É essa separação que 
permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo 
cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor
 saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- Astronomia, Astrologia e Mitologia
- Mitologia: a história de Oríon e Escorpião e a mudança das estações
- O zodíaco dos astrónomos e o zodíaco dos astrólogos
- Pedro Nunes e a astrologia
Autoria:
Nuno Crato
Professor Associado de Matemática e Estatística, Instituto Superior de Economia e Gestão, Lisboa
Associado do NÚCLIO
Astronomia, Astrologia e Mitologia
|  |  | 
|  |  | 
|  |  Gravura extraida de Atlas Coelestis seu Harmonica Macrocosmica, de Andreas Cellarius, Amesterdão, 1661 | 
Os primeiros astrónomos viviam num mundo de 
deuses, de monstros e de heróis. As suas observações conseguiram um 
notável rigor, mas estavam marcadas pelas suas crenças. Alguns dos 
conceitos que criaram para descrever o movimento dos astros ainda hoje 
estão tingidos por essas crenças, apesar de terem entrado no mundo da 
ciência. Quem hoje fala em signos e em zodíaco pode fazê-lo por 
acreditar numa influência dos astros na vida dos homens, mas pode também
 referir esses termos na sua moderna acepção científica. Há o zodíaco 
dos astrólogos e o zodíaco dos astrónomos.
A separação da astronomia e da mitologia ocorreu 
ainda no tempo dos gregos. Embora muitos cidadãos helénicos acreditassem
 literalmente nas histórias mitológicas, a maioria dos filósofos que 
reflectiam sobre o cosmos não via os astros como entidades mitológicas, 
mas sim como elementos de um mundo envolvente.
A separação da astronomia e da astrologia ocorreu
 muito mais tarde, já nos séculos XVI e XVII. Apesar de muitos 
pensadores gregos rejeitarem a astrologia, o certo é que a crença nos 
astros como condicionantes do futuro humano persistiu ao longo de toda a
 antiguidade clássica e se manteve até ao fim do Renascimento, sendo 
determinante mesmo entre as pessoas cultas da época. Talvez tenha sido a
 grande polémica sobre o sistema coperniciano que Galileu despertou que 
tenha determinado o desprestígio da astrologia no mundo científico. Se a
 escolha entre os grandes sistemas do mundo podia e devia ser resolvida 
pela observação e pelo raciocínio, então os homens de ciência deviam 
rejeitar crenças astrológicas impossíveis de testar empiricamente ou 
discutir racionalmente.
Com a separação entre a astronomia, a mitologia e
 a astrologia, perdeu-se a ideia antiga da unidade do mundo e do homem. 
Mas essa perca é, afinal, a grande conquista moderna da separação entre 
fé, princípios morais e actividade científica. É essa separação que 
permite o grande desenvolvimento moderno da ciência e o pluralismo 
cultural. Em vez de lamentar a divisão do pensamento humano, será melhor
 saudá-la como uma grande conquista da Humanidade.
Nos textos seguintes deste Tema do Mês discutiremos astronomia, astrologia e mitologia.
- Astronomia, Astrologia e Mitologia
- Mitologia: a história de Oríon e Escorpião e a mudança das estações
- O zodíaco dos astrónomos e o zodíaco dos astrólogos
- Pedro Nunes e a astrologia
Autoria:
Nuno Crato
Professor Associado de Matemática e Estatística, Instituto Superior de Economia e Gestão, Lisboa
Associado do NÚCLIO












 
          
         
 
