quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A PALAVRA E O SILÊNCIO em CLARICE LISPECTOR - Mahler: Symphony No. 2 (Resurrection)


 

 



A PALAVRA E O SILÊNCIO: O ESOTERISMO DE CLARICE LISPECTOR




Assim acontece com a minha palavra que sai de minha boca: ela não volta para mim sem efeito, sem ter cumprido a missão para qual eu a mandei.
Isaías, 55:11

Sou uma iniciada sem seita.
Clarice Lispector, Água Viva

 



A maior ou menor capacidade de nomear o mundo define a maior ou menor perplexidade e terror em relação ao mesmo. No momento em que as coisas são nomeadas, rotuladas, deixam de ser assustadoras e passam a fazer parte do conhecido, do familiar. O processo de apreensão do mundo pela palavra, contudo, tende a revestir a realidade com uma opacidade embrutecedora que anestesia a nossa percepção e nos induz a ver como óbvio, banal, algo que em sua essência é mágico e misterioso. Dentro desse universo, onde a palavra deixou de habitar o mais íntimo da alma humana e perdeu, para usar uma expressão de Guimarães Rosa, a sua condição de “porta para o infinito” , a literatura constitui um elemento de transcendência, um meio de quebrar os condicionamentos limitadores do cotidiano e (re)instaurar o sentido “místico” das coisas. A palavra literária, então, é aquela que está mais próxima da palavra primordial, do primeiro dia da criação, pois está plena da humildade e do cuidado daquilo que se aproxima do mundo para melhor entendê-lo; não para neutralizá-lo. Estabelece-se, assim, uma oposição entre a palavra que está por tocar algo que não “entende”, e a palavra que já rotulou, “entendeu”, e remete o “entendido” para o prosaico e o esquecimento.

Através dessa concepção algo metafísica da palavra é possível ver conexões entre a literatura e a tradição esotérica, uma vez que, como lembra Pierre Riffard, a maior parte das cosmogonias ocultas são descritas em termos lingüísticos, seja atribuindo a Criação a um Verbo criador, a um som primevo ou a uma língua primordial, seja expressando-se através de uma linguagem ou escrita consideradas divinas . Não existe nenhum esoterismo que não atribua um valor simbólico à palavra, que não busque a divinização através do nome e de uma etimologia oculta. O processo iniciático, que se efetua pela quebra do silêncio, através da atribuição de um nome místico ao neófito, encerra-se sempre com a menção do Nome de Deus, com a recitação dos mitos e com a entoação dos sons místicos, isto é, fazendo da palavra a ligação com o Cosmos.

Essa concepção esotérica da palavra encontra sua ramificação mais paradigmática na doutrina religiosa, mística e ocultista denominada “Doutrina do Nome”, segundo a qual o nome é a própria coisa e atribuir um nome equivale a conhecer, compreender, dominar. Pragmática, a “Doutrina do Nome”, através do princípio da simetria, pressupõe uma “Prática do Nome”, a qual se desdobra em planos adivinhatórios (onde a natureza de algo é passível de ser revelada a partir do valor das letras da palavra que o designa); hermenêuticos (a arte combinatória de letras e números, por exemplo); iniciáticos (onde é dado ao buscador os meios de conhecer de cor os textos sagrados e os rituais tradicionais); e mesmo artísticos, onde a “Prática do Nome” é feita através da caligrafia, do desenho na areia, da eufonia e, uma vez mais, da literatura. Mas não qualquer literatura; somente aquela que busca devolver à palavra o seu sentido original, seu caráter iniciático e propiciatório, o qual induz o leitor a um estranhamento com o mundo, com o que está (aparentemente) decodificado, e, assim fazendo, restabelece o mistério das coisas e instaura o espanto do ser que se vê “sendo”.

Clarice Lispector parece ter essa concepção da literatura (e do mundo, uma vez que para ela ambos estão intimamente ligados) e fazendo da palavra um meio de apreensão e revelação do mundo, repete o processo da Criação: Clarice brinca de ser Deus. Dentro dessa linha de pensamento, é possível estabelecer pontos de contato entre a atitude de Clarice diante da linguagem e aquela dos místicos cabalistas, os quais concebem a linguagem como o instrumento de Deus . Assim como Deus, para os cabalistas, não é uma entidade perfeita e precisa constantemente da ação de suas criaturas para a sua afirmação, bem como para a manutenção e aperfeiçoamento de sua obra, os personagens clariceanos parecem intuir uma imperfeição, um desequilíbrio no mundo e em sua fúria rotuladora buscam (re)instaurar a harmonia. No entanto, se a palavra é apaziguante (na medida em que dá um estofo concreto ao mundo), o equilíbrio que ela proporciona é precário e provisório, e a consciência dessa precariedade constitui o elemento deflagrador da escrita de Clarice; escrita essa que tangencia sempre o limiar do indizível, da não palavra, e que revela sempre a inquietude do sujeito que infere que a realidade não é verbal e que o mundo contém algo que as palavras não conseguem enunciar.



A percepção do caráter indizível do mundo e do fracasso da linguagem traz para o texto de Clarice uma certa atmosfera angustiante, que não conta nem ao menos com o artifício tranquilizador da ironia, uma vez que esta pressupõe uma compreensão prévia de uma determinada situação, compreensão que parece ausente em Clarice, na medida em que o predominante em seu texto é justamente o sentimento de perplexidade perante as coisas. É como se ela estivesse permanentemente (re)descobrindo o mundo, daí o estranhamento com as pessoas, com as coisas do mundo, com os objetos do cotidiano.



Essa perplexidade com as coisas, que é quase um não saber prosseguir (uma vez que imobiliza o sujeito), reveste-se de um tom metafísico ao longo de toda a obra clariceana, e mesmo em seus textos mais “tradicionais”, onde a estrutura dos gêneros não parece tão ameaçada, Clarice aborda o mundo por um viés “torto”, esquivo, fazendo com que o que é conhecido, óbvio, adquira um tom inaugural insuspeitado. No entanto, é justamente nesse processo de nomeação quase abstrato, onde a linguagem chega a “se falar”, que a palavra entra em crise e, por assim dizer, fracassa, pois para o fim que Clarice se propõe as palavras, banalizadas pelo uso comum, já se mostram gastas a priori. É necessário, então, inventar um novo léxico, o qual, paradoxalmente, só se torna possível através do seu avesso, da não palavra, do silêncio.


Por esses dois caminhos contraditórios viaja Clarice. Mas, se são contraditórios, não são excludentes, e por vezes quase chegam a se tocar, quanto mais não seja, pela afinidade que ambos apresentam com o pensamento místico, pois se, por um lado, a via da nomeação, o texto clariceano se aproxima da “Doutrina do Nome”, da cabala (mas também da física quântica (4)), por outro, pela via do “esvaziamento” da linguagem, pela busca da apreensão do instante-já, ele se avizinha de algumas doutrinas orientais como o Budismo e o Taoísmo, por exemplo, nos quais, como bem lembra George Steiner, “(...) imagina-se que a alma ascende dos grosseiros obstáculos da matéria, através de domínios de percepção que podem ser transmitidos por linguagem sublime e exata, rumo a um silêncio cada vez mais profundo .”


O silêncio, em Clarice, tem tanto valor quanto a palavra e constitui, de certo modo, o fim último e utópico de sua escrita, no entanto, ela sabe que se o silêncio é a expressão máxima do indizível, é somente através da palavra que se chega a essa conclusão:


..........Eu tenho à medida que designo - e este é o 
esplendorde se ter uma linguagem.Mas eu tenho muito mais à
medida que não consigo designar. A realidade é a matéria-prima,
a linguagem é o modo como vou buscá-la - e como não acho.
Mas é do buscar e não achar que nasce o que eu não conhecia, 
e que instantaneamente reconheço. 
A linguagem é o meu esforço humano. Por destino tenho 
que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas 
volto com o indizível. O indizível só me poderá ser dado 
através do fracasso da minha linguagem.

......Só quando falha a construção, é que obtenho o que 
ela não conseguiu .


Ao contrário do Budismo, contudo (e isso não contradiz o que eu disse antes), a matéria, posta em foco pela palavra, não está reduzida, no mundo clariceano, a um “grosseiro obstáculo”. Ao contrário, ela tem tanta carga de mistério quanto o “espírito”, e talvez seja mesmo mais fantástica, na medida em que se constitui no mistério evidente e palpável, enquanto que o espírito reside no reino do inefável, do abstrato. A consciência disso faz com que o texto de Clarice interaja com as coisas, com os objetos, e deles faça parte. Por essa razão, parece-me equivocada uma análise como a de Luis Costa Lima, que vê na obra de Clarice uma desarticulação com a totalidade concreta . O que ocorre é justamente o contrário: Clarice adere ao concreto, devolvendo às coisas toda a sua carga de materialidade imperativa e onipresente e, nesse sentido, a fala da personagem Ângela, em Um Sopro de Vida, revela-se como uma síntese da percepção que Clarice tem do mundo:

...Não posso ficar olhando demais um objeto
   senão ele me deflagra.

...Mais misteriosa do que a alma é a matéria.
Mais enigmática que o pensamento, é a “coisa”.

A coisa que está às mãos
milagrosamente concreta.



Como se vê, em Clarice Lispector o próprio ato de observação do objeto é uma experiência mística, na medida em que é a partir do objeto que se constrói a consciência dos personagens: o observador se observa através do objeto observado e assim atinge a iluminação. Obviamente, essa experiência, que não é vivida pela maioria das pessoas, necessita de uma mediação para que seja compreendida pelo leitor; mediação essa que se dá pela palavra transformada, isto é, pela palavra despida das limitações impostas pelos seus significados convencionados. De Clarice, então, se pode dizer o que George Steiner diz de Mallarmé: “(...) faz das palavras atos, não fundamentalmente de comunicação, mas de iniciação a um mistério particular, (...) usa palavras correntes em sentidos ocultos e enigmáticos; nós as reconhecemos, mas elas nos dão as costas .


Emblemático desse processo de apagamento dos sentidos atribuídos às palavras (e também do processo de fusão com o objeto), o conto-ensaio O ovo e a galinha  se constrói a partir do jogo de linguagem estabelecido entre o objeto “ovo” e a palavra “ovo” que o nomeia, numa aproximação lúdica e simultânea da linguagem infantil se esboçando, e da mais abstrata especulação filosófico-metafísica, na qual se busca incessantemente, através da reiteração do nome, definir o objeto, sem que, no entanto, se chegue a atingir essa meta, já que quanto mais se acumulam as definições, mais se distancia a essência do objeto.

Paralelamente a essa fúria aproximativa do objeto , contudo, há a preocupação do narrador em não entendê-lo, pois se o entender estará errando. A linguagem do conto, então, não se propõe a elucidar o mistério do ovo; quer apenas mostrar que é mistério, e o que se delineava como um processo de apreensão do objeto, no início do texto, no final revela-se como o desapego supremo, “pois o ovo é um esquivo”, e somente quando deixado livre, “impensado”, é que pode se revelar em sua verdadeira essência.

O círculo que leva da palavra ao silêncio, e deste novamente para a palavra, encontra nesse conto um ponto de equilíbrio, como se ambos, palavra e silêncio, cada um em um “momento” da circunferência, em um dado momento “escorregassem” para um mesmo ponto do círculo, finalmente se encontrando. Nesse sentido, esboça-se, aqui, um processo de aproximação da música, através do artifício do contraponto, o qual atingirá o paroxismo em Água Viva, onde se evidenciam, explicitamente, aqueles traços típicos da escrita de Clarice que já estavam presentes em toda a sua obra anterior mas que aqui aparecem despidos de toda amarra de gênero ou paradigma que limite o sentido: a recusa da narrativa e a busca do silêncio, o qual, se mais do que inapreensível, é incomunicável, ao menos é passível de ser “tocado” através da aproximação daquilo com que mais se parece: a matéria viva, representada em suas formas mais reduzidas e absolutas, como a medusa, a água-viva. O orgânico-primordial, então, confunde-se com o Absoluto, com o espiritual, e sob esse prisma, o elemento “água”, presente ao longo do texto, longe de se constituir unicamente num sentido químico, agrega a si o sentido a ele atribuído pelos antigos alquimistas: água como “um princípio de fluidez, fertilidade; umidade ao mesmo tempo mórbida e geradora” , elemento, enfim, mais sutil que a matéria e a linguagem, pois pode elevar-se como vapor e depositar-se como orvalho; água como elo entre o transcendente, o silêncio; e o concreto, a palavra.

Essa fluidez de água, da qual o texto busca se aproximar, é também a fluidez polifônica de uma peça musical, pois em Água Viva os temas nascem e se repetem num jogo de variações e fuga análogo ao da música. Assim como a música nada mais é do que uma moldura para o silêncio, uma maneira de tornar perceptível a ausência do som, o texto de Água Viva é um longo adágio, um andamento lento e contínuo para além das fronteiras da palavra:

...Que música belíssima ouço no profundo de mim.
É feita de traços geométricos se entrecruzando no ar. 
É música de câmara. Música de câmara é sem melodia.
É modo de expressar o silêncio. 




Sob o aspecto da palavra como um meio de expressão do silêncio, Água Viva talvez seja o texto mais perfeito de Clarice Lispector, pois ao mesmo tempo em que constitui o auge do paradoxo que funda sua escrita (só através da palavra é que o silêncio pode ser dito), também é o momento de resolução do paradoxo, através da abdicação do desejo de relatar o mundo. O mundo, então, com tudo o que ele contém, passa a ser, simplesmente, sem explicações:


.............É-se. Sou-me. Tu te és. (14)


Oposto à idéia de narrativa, de história por contar, esse minimalismo conceitual põe a nu toda o estranhamento e a singularidade do texto de Clarice Lispector, o qual extrapola a condição do meramente literário para atingir o status de metafísica, cosmogonia oculta. Nesse sentido, criando uma obra que postula seus próprios conceitos e inventa seus próprios paradigmas, Clarice Lispector se coloca, conscientemente, à margem de toda e qualquer tradição literária (15), e se inscreve na estirpe dos antigos alquimistas, que viam na matéria o pretexto para atingir o infinito.







JÚLIO CÉSAR DE BITTENCOURT GOMES 

 

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CARL ORFF - SACRO-PROFANO

.                                                        CARL  ORFF
.Ele atea na gente
um fogo delicioso
- Titã fazendo fumaça.

http://www.livevideo.com/video/Sp33D/C581DE48EFCA4BCAA08CEE0260108609/carmina-burana-fortuna-impe.aspx


 Ele brinca com a música
 faz da beleza uma nave 
-Titã amante de gato .

http://www.youtube.com/watch?v=UZ-gTdR3oTQ&feature=player_embedded#


Titã na hora vaga
brincando com a inocência
- Carl nave de Orff

o r f f   
(1895-1982)
 
Compositor alemão, Carl Orff nasceu em 10 de julho de 1895 em Munique. Após estudos humanísticos voltou-se para a música, sendo regente em teatros de Munique, e assumindo, em 1924, a direção musical das escolas de dança de vanguarda de Dorothée Günther. Desde 1936 foi professor de música em Munique, desafiando corajosamente os nazistas, chegando a zombar de Hitler na pequena ópera Astutuli, que a censura não compreendeu. Orff morreu em Munique, em 29 de março de 1982.
Dedicou-se à 'música de uso comum' (danças e coros populares) no sentido de Hindemith, também escrevendo obras teóricas para este objetivo. Sua primeira obra representada foi uma versão moderna de Orfeo, de Monteverdi (1925).
Carmina burana (1937) é obra coral sobre poesias latinas medievais, de exuberante alegria e fortes acentos eróticos. A obra, inicialmente destinada para representação como ópera, venceu, porém, nas salas de concerto. A música é deliberadamente anti-Romântica, sem a menor influência wagneriana, mas tampouco tem pontos de contato com o neo-classicismo de Stravinsky nem com o dodecafonismo de Schönberg. É uma música inteiramente original, quase sem harmonia, baseada só em elementar força rítmica, acompanhada por orquestra inédita: principalmente percussão e vários pianos.
Orff já foi chamado 'espécie de Stravinsky alemão'. Sua música não se parece com a do compositor russo, mas, como ela, parece primitiva ou primitivista e é, na verdade, altamente sofisticada. Orff inventou mundos sonoros inteiramente novos e fascinantes. Como continuações de Carmina burana, escreveu Orff duas outras obras, 'cênico-concertantes', Canções de Catulo (1943), sobre textos eróticos do poeta romano e Triunfo de Afrodite (1952). Essa trilogia de Orff, sobretudo a primeira parte, obteve surpreendente sucesso internacional, um dos maiores da música contemporânea.
Para o teatro escreveu Orff as óperas fantástico-populares A Lua (1939) e A astuta (1943), mas o grande sucesso foi a ópera trágica Antígona (1949), cujo libreto é tradução hermética de Sófocles por Hölderlin. A música, bastante estranha, obedece à maneira técnica de Carmina burana. Depois compôs Orff, Édipo, o tirano (1960), também conforme o texto de Sófocles- Hölderlin.
Essa você conhece! O midi abaixo corresponde à música mais conhecida de Orff. É só clicar e ouvir!
.DEPRESSA,LIGA ESTE LINK E ENTRE NA RODA  - E AME E VIVA INTEGRAL-MENTE!!!

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Carl Orff (Munique, 10 de julho de 1895 — Munique, 29 de março de 1982) foi um compositor alemão, um dos mais destacados do século XX, famoso sobretudo por sua cantata Carmina Burana.

A sua maior contribuição, contudo, situa-se na área da pedagogia musical, com o Método Orff de ensino musical, baseado na percussão e no canto. Orff criou um centro de educação musical para crianças e leigos em 1925, no qual trabalhou até a data do seu falecimento.

 Vida

Carl Orff se recusava a falar publicamente seu passado. É sabido entretanto que nasceu em Munique, oriundo de uma família da alta burguesia bávara, muito ativa na vida militar alemã.

Orff estudou na Academia de Música de Munique até 1914. Serviu então às forças armadas durante a Primeira Guerra Mundial. Posteriormente, atuou nas óperas de Mannheim e Darmstadt, retornando depois a Munique, para continuar seus estudos musicais.

Em 1925 foi co-fundador da Guenther School, para atividades físicas, músicas e dança em Munique, na qual trabalhou com iniciantes em música até o fim de sua vida. Pelo constante contato com crianças, desenvolveu suas teorias de educação musical neste período.

Embora a associação de Orff com o nazismo nunca tenha sido comprovada, Carmina Burana tornou-se muito popular na Alemanha nazista depois de sua apresentação na cidade de Frankfurt, em 1937. Orff era amigo de Kurt Huber, um dos fundadores do movimento de resistência Die Weiße Rose (em alemão, '"A rosa branca"), condenado à morte pelo Volksgerichtshof e executado pelos nazistas em 1943. Depois da Segunda Guerra Mundial, Orff alegou ter sido membro do grupo, tendo-se envolvido na resistência, mas não há evidências disso.

Orff foi enterrado na igreja barroca do Mosteiro de Andechs, no priorado de Andechs, sul de Munique.

Trabalho musical

Carl Orff é mais conhecido por Carmina Burana (1937), uma cantata encenada. É a primeira de uma trilogia intitulada Trionfi, que também inclui Catulli Carmina e Trionfo di Afrodite. Essa composições refletem seu interesse pela poesia medieval alemã. É descrita pelo compositor como "a celebração de um triunfo do espírito humano pelo o balanço holístico e sexual". O trabalho foi baseado no verso erótico do século XIX de um manuscrito chamado Codex latinus monacensis, encontrado em um mosteiro da Baviera em 1803 e escritos pelos goliardos. Apesar de moderno em algumas de suas composições, Orff soube capturar o espírito da era medieval em sua trilogia. Os poemas medievais foram escritos em uma forma arcaica de alemão e latim.

Com o sucesso de Carmina Burana, Orff abandonou todos os seus trabalhos anteriores, exceto por Catulli Carmina e En trata, que foram reescritos até serem reaceitos por Orff. Como fato histórico, Carmina Burana é provavelmente a peça mais famosa da Alemanha nazi. Foi tão popular que Orff recebeu subsídios em Viena para compor uma música para Sonho de uma Noite de Verão, a fim de substituir a música banida de Mendelssohn.

Orff relutava em denominar seus trabalhos simplesmente como óperas. Por exemplo, ele designou Der Mond (ou A lua em língua alemã) (1939) como Märchenoper (ou Ópera de conto de fadas). Die Kluge (A mulher sábia) (1943) também se incluía na mesma categoria, segundo ele. Em ambas as composições existe o mesmo som medieval ou atemporal, sem copiar os idiomas musicais do período.

Sobre Antígona (1949), Orff alega que não era uma ópera, mas sim uma configuração musical de uma tragédia arcaica. O texto é uma excelente tradução para o alemão, por Friedrich Hölderlin, da peça de Sófocles de mesmo nome. A orquestração depende muito da percussão, mas é simples. Foi definida por muitos como minimalista, em razão da linha melódica da obra. A história da caça de Antígona é similar à de Sophie Scholl, heroína da Rosa Branca.

O último trabalho de Orff, De Temporum Fine Comoedia (Uma peça para o final dos tempos), teve sua apresentação no festival de música de Salzburg em 20 de agosto de 1973, executada por Herbert von Karajan com a Orquestra Sinfônica e de Coro de Colônia.

Trabalho pedagógico

Ao longo de sua vida, Orff trabalhou bastante com crianças, usando a música como uma ferramenta educacional, tanto a melodia e o ritmo, tratadas através de palavras.

Nos círculos pedagógicos, Orff é lembrado por essa nova abordagem da educação musical, desenvolvida junto com Gunild Keetman e consubstanciada no seu método Orff-Schulwerk (1930-35). Sua simples instrumentação permite que mesmo crianças não iniciadas possam executar peças musicais com facilidade. O termo Schulwerk em alemão significa tarefa (ou trabalho) escolar.

Orff-Schulwerk (ou método Orff) é um conceito pedagógico no ensino da música para crianças, derivado da obra Musik für Kinder (em alemão, Música para crianças) do compositor alemão Carl Orff e Gunild Keetmann, publicada entre 1950 de 1954 em cinco volumes. O termo Schulwerk em alemão significa tarefa ou obra escolar.

Orff Schulwerk é uma forma de ensinar e aprender música. É baseado em coisas que crianças gostam de fazer: cantar, cantar rimas, bater palmas, dança e manter uma batida em qualquer coisa perto. Esses instintos são dirigidos para a aprendizagem da música por ouvir e fazer música em primeiro lugar, a leitura e escrita são apenas mais tarde. Esta é a mesma maneira que todos nós aprendemos a nossa língua. Orff Schulwerk é projetado para todas as crianças, não apenas os privilegiados, talentoso, ou alguns selecionados. Há um lugar para cada criança e cada um contribui de acordo com sua capacidade. Orff Schulwerk acontece em uma atmosfera não-competitiva, onde uma das recompensas é o prazer de fazer música boa com os outros. A leitura e escrita musicalse dá apenas no instatnte em que a criança quer escrever o que ela tem composto, leitura e escrita hão de encontrar o seu momento.

Orff Schulwerk usa poemas, rimas, jogos, canções e danças como exemplos e materiais básicos. Estes podem ser tradicionais ou originais. a língua Falada ou cantada,que podem vir a ser acompanhadas por palmas ou por tambores, paus e sinos. Os instrumentos melódicos especiais incluem xilofones de madeira e de metal que produzam bom som e boa acuidadede sonora. Os instrumentos tocam juntos como uma pequena banda e/ou orquestra, a sua utilização ajuda as crianças a tornarem-se sensíveis ouvintes e participantes atenciosos. Com Orff Schulwerk, improvisação e composição de estudantes começam por uma vida de conhecimento e prazer através da experiência musical pessoal. Aprendizagem só faz sentido se traz satisfação ao aluno, e satisfação decorre da capacidade de utilizar os conhecimentos adquiridos com a finalidade de criar. Para ambos professor e aluno, Orff Schulwerk é um tema com variações infinitas.

O título "Schulwerk" é uma indicação do processo educacional a ter seu lugar: é Schulwerk, escolaridade (em música), através de trabalho, que é ativo e criativo. O compositor Carl Orff e seu sócio Gunild Keetman evoluíram os textos básicos para a Schulwerk como modelos para professores de todo o mundo. Agora traduzido em dezoito idiomas, Orff Schulwerk é baseado na música tradicional e do folclore de cada país em que é utilizado. Atualmente, mais de 10.000 professores nos Estados Unidos encontraram no Schulwerk a maneira ideal para apresentar a magia da música para seus alunos.

Orff começou com o ritmo, elemento fundamental inerente à música, dança e fala, combinando-os e unificando-os em uma linguagem. Improvisação e criação estavam no centro do seu ensino. Porque um número de seus alunos não tinham tido formação musical anterior, enfatizou sons do corpo e os gestos de ritmo, e ele usou a voz como a primeira e mais natural dos instrumentos. Ele deu grande importância ao tambor em todas as suas variações de tamanho, forma e som. Ele fez o ostinato (uma repetida rítmica, falada ou cantada padronicamente) servem como a forma que dá elemento em todas as improvisações. Gunild Keetman e o dançarino Maja Lex se juntou a escola como os alunos em 1926 e 1925, respectivamente. Orff considerados ambos como igualmente talentoso na música e na dança; logo eles se tornaram colegas e parceiros na busca de uma expressão elementar da música e da dança. Colaboração Keetman, em particular, mostrou-se de imenso valor no desenvolvimento do conjunto instrumental e seu estilo musical. Durante o final da década de 20, com a inestimável ajuda de Karl Maendler, os instrumentos barrados (que hoje são simplesmente referido como "instrumentos Orff") foram projetados e construídos para a escola. Em 1930, Lex e Keetman fundou um grupo de dança e orquestra com alunos da Guntherschule que se tornou amplamente conhecido na Alemanha e no exterior. Naquele mesmo ano, viu o surgimento das primeiras publicações. Orff estava bem consciente de que a publicação trouxe consigo o perigo de que a finalidade dos livros seria mal interpretado. Nascido fora da improvisação, o meio líquido de música elementar não se adaptam bem ao meio estática de impressão. Por outro lado, ele percebeu que só através da publicação do seu valor educativo poderia ser conhecido.

Começando em 1931, palestras, demonstrações e cursos de formação chamava a atenção dos educadores musicais na Alemanha, para o trabalho na Guntherschule. Mas, durante a década de 1930 e 40, a abordagem de Orff de pedagogia de música foi declarada em conflito com a prevalecente clima político e ideológico, na Alemanha. Várias de suas obras publicadas foram retiradas a partir da publicação, porque ele tinha usado poemas de escritores já não é aceitável. Em 1944, o Guntherschule foi fechado devido à pressão política, a construção e a maioria dos seus estoques foram completamente destruídas pelos bombardeamentos. Entre 1935 e 1942 Orff criou o seu primeiro "maduro" obras estágio: Carmina Burana e contos as duas Grimms 'fairy Der Mond e Die Kluge. Estas obras são de interesse direto para o professor Schulwerk por causa de sua relação estilística à linguagem musical de Orff Schulwerk.

Após a Guerra, Orff foi contactado pela Companhia de Radiodifusão da Baviera e perguntou se ele poderia criar uma série de transmissões para e com as crianças. Suas dúvidas iniciais foram logo substituídos com entusiasmo, percebendo que a tarefa seria renovar o seu sonho há muito abandonado de reforma do ensino da música. Ele se envolveu Gunild Keetman para auxiliar no planejamento e trabalhar com as crianças. Em setembro de 1948, o primeiro programa foi ao ar. Professores, pais e filhos exigiram mais, e uma série alargada foi apresentada. Entre 1950 e 1954, Orff e Keetman anotou os conceitos pedagógicos que tinha crescido para fora de seu trabalho com crianças. Quando terminaram, eles haviam escrito cinco volumes: Schulwerk, na sua re-criação e transformação, teve a música para a Criança. A rádio não tinha a possibilidade de incluir o aspecto do movimento, fundamental para o desenvolvimento rítmico. Keetman Em 1949, foi convidada para ministrar cursos para crianças no Mozarteum de Salzburgo, na Áustria. Agora o movimento de formação poderia ser sistematicamente incorporada Orff Schulwerk. Em 1963, o Instituto Orff foi aberto; ainda um ramo da Mozarteum de hoje, ele funciona como um centro internacional de treinamento, bem como o ponto focal para Orff Schulwerk todo o mundo. No centro da obra de Carl Orff é um tipo de expressão musical que é capaz de falar com crianças sem a perda da integridade musical. É aí que reside a sua grande importância, o seu gênio.

Orrf-Schulwerk é divido em:

Composições Orff
Instrumentos Orff

Os instrumentos Orff são instrumentos de sala de aula. Estes foram projectados e adaptados para que todas as crianças terem acesso à música. Todos os instrumentos de sala de aula, com excepção da Flauta de bisel, são instrumentos de percussão (pois são batidos). Estes por sua vez podem ser classificados de duas maneiras: Quanto à sua Altura – Definida ou Indefinida; Quanto à sua Família – Peles, Madeira ou Metal

Os instrumentos de Altura Definida
Flauta de bisel; Xilofone Baixo; Xilofone Contralto; Xilofone Soprano; Metalofone Baixo; Metalofone Contralto; Metalofone Soprano; Jogo de Sinos Soprano e Jogo de Sinos Contralto.

Instrumentos de Altura Indefinida,
Bombo; Pratos; Gongo; Castanholas; Triângulo; Caixa Chinesa; Reco-reco; Pandeireta; Maracas; Guizeira; Clavas; Tamborim; Prato Suspenso; Bongós; Caixa de Rufo; Windchime; Temple-block; Timbales e Congas.

Instrumentos por Famílias
Madeiras: Xilofone Baixo; Xilofone Contralto; Xilofone Soprano; Castanholas; Caixa Chinesa; Reco-reco; Maracas; Clavas; Temple-block. Peles: Bombo;Tamborim; Pandeireta com pele; Caixa de Rufo; Timbales Congas; Bongós. Metal: Metalofone Baixo; Metalofone Contralto; Metalofone Soprano; Jogo de Sinos Soprano e Jogo de Sinos Contralto; Triângulo; Pandeireta sem pele; Guizeira; Windchime; Gongo; Pratos.
Carl Orff (1895-1982) & His Schulwerk
Fonte - Orff Schulwerk: Applications for the Classroom por Brigitte Warner, Prentice Hall, 1991
Wikipédia, a enciclopédia livre.
batepapoafinado.blogspot.com/2009/.../carl-orff.html -

GUERRA SEM TRÉGUA AOS VERDADEIROS DONOS DA TERRA


Os botocudos foram vítimas de uma guerra sem trégua






De fato, os registros das expedições ocorridas antes do século XIX dão conta de que elas não passaram das florestas dos botocudos. Isso aconteceu com Espinosa, Tourinhos, Adorno, Martim Carvalho, coronel Bento Lourenço Vaz de Abreu Lima e Francisco Teixeira Guedes. Ou foram abatidos pelos botocudos ou voltaram com baixas para seus lugares de origem. Nenhum deles saiu ileso dos confrontos. Os poucos que escaparam, Deus sabe como, contaram as táticas de guerrilha dos índios.


Somente com a invasão maciça no século XIX é que vieram os civilizados a conhecer a vitória sobre os botocudos. Alguns até conseguiram ludibriar os selvagens com propostas de paz, que, em verdade, traduzia-se numa tolerância de penetração no seu território. E os que trataram os índios de maneira simpática lograram esse intento. Entre os que assim procederam estavam Teófilo Otoni, João Felipe Calmon, os freis Serafim Gorízio e Ângelo Sassoferrato. Aproveitaram muito bem o rastro de humanitarismo deixado pelo comandante francês Guido Marliére, no início do século XVIII.


O maior e mais cruel massacre


"Pogirum! Pogirum! Jak-Jemenuk!" 

(Mãos Brancas! Mãos Brancas! 
Nós já estamos mansos! 

Já não somos matadores!).


Assim os índios do cacique Poton gritavam para a expedição de Teófilo Otoni, que iniciou a penetração no território dos botocudos em 1847. Estava ele na área conflagrada de Todos os Santos, onde os índios de Poton mantinham luta aberta contra os de Giporok. Como essa luta era travada numa região pretendida pela Companhia do Mucuri, Teófilo Otoni interessou-se em pacificá-los e saiu em busca da tribo de Giporok: "Fiquem mansos vocês, que nós estamos mansos como cágados", disse o cacique a Teófilo Otoni, no seu primeiro encontro.


O grande chefe guerreiro tinha acabado de tomar de assalto a fazenda dos Viola, uma família que mantinha em cativeiro duas crianças botocudas e que foram recuperadas nesse ataque. O desafio do fazendeiro custou a vida de oito pessoas da sua família. Teófilo Otoni desarmou Giporok e seu grupo com propostas de paz. Em seguida, incentivou o grande guerreiro a procurar a vila dos civilizados a fim de confraternizar com os brancos.


História acabou destacando o vilão e usurpador


Marliére era um europeu querido dos índios, que se empenhou para evitar o massacre dos botocudos, durante os primeiros movimentos de guerra do conde de Linhares, Saint-Hilaire, outro humanista europeu, quando esteve no Rio Doce, apreciou o trabalho de Marliére com os índios e lhe deu um grande apoio. Doente em Paris recebeu dele uma carta comovente: "Eu me aflijo pela sua má saúde, como se fôsseis um irmão; vós não sereis chorado apenas pelos que se dedicam à ciência; sê-lo-á também pelos meus pobres índios; eles aprenderam que no outro hemisfério têm um amigo que pleiteia sua causa no tribunal da Humanidade".


Contudo, a História distinguiu, equivocadamente, como grande amigo dos botocudos, o político mineiro Teófilo Otoni. Enquanto Marliére, no seu tempo, cuidou de evitar a entrada dos aventureiros, Teófilo Otoni penetrou no território botocudo a fim de instalar a companhia do Mucuri (uma estrada de ferro). A cada passo que dava com seus homens para dentro das florestas, ou com suas embarcações, levava presentes para os índios. Esse comportamento era exatamente o oposto daqueles que anteriormente haviam se aproximado dos botocudos, com um espírito hostil que freqüentemente resultava em extermínio dos índios.



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