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Nos diversos ramos da Física, o uso de computadores é cada vez mais  indispensável como ferramenta para o teste de modelos teóricos através  das chamadas simulações computacionais. Se quisermos testar a  plausibilidade de um modelo ou uma teoria física podemos, usando um  computador, criar um fenómeno virtual que se comporta de acordo com esse  modelo. Comparando os resultados obtidos com aquilo que nos mostra a  realidade, podemos ajuizar mais facilmente sobre a qualidade do modelo  e, eventualmente, melhorá-lo.
As  simulações computacionais baseadas nas teorias de que dispomos mostram  que, em circunstâncias semelhantes aquelas que deram origem ao nosso  sistema solar, da periferia da nebulosa solar resultaria um sistema  solar semelhante ao nosso. Os seus traços gerais mais evidentes são um  primeiro grupo de 
planetas rochosos, relativamente pequenos,  chamados planetas terrestres ou interiores dos quais fazem parte:  Mercúrio, Vénus, a Terra e Marte. Separados destes pela cintura de  asteróides estão os planetas exteriores, 
gigantes gasosos, também  conhecidos como planetas jovianos: Júpiter, Saturno, Urano, Neptuno e  Plutão (na verdade Plutão não é um gigante gasoso, mas pela posição da  sua órbita no sistema solar é agrupado neste 2º grupo de planetas).
Estes dois grupos de planetas diferem entre si na sua composição  química, tamanho e aspecto. No entanto todos eles exibem um  comportamento semelhante: –Orbitam em torno do Sol, no mesmo sentido e  aproximadamente no mesmo plano, como um relógio que funciona desde há  milhões de anos. Explicar como é que a partir da nebulosa solar, o  sistema solar ganhou as características actuais é ainda um desafio, no  entanto os aspectos mais importantes parecem ter sido já identificados e  podem resumir-se nos seguintes pontos: 
A nebulosa solar
 
 
Nebulosa solar. 
Como foi dito, a nebulosa solar começou por ser uma nuvem gigante de  densidade baixa, mas contudo suficiente para possibilitar a contracção  gravitacional dos seus gases e poeiras que, no centro, onde a  concentração de matéria era maior, começaram a formar uma 
protoestrela.
À medida que a nebulosa solar diminuía de tamanho, aumentava a sua  velocidade de rotação e o material das zonas exteriores, que não foi  incorporado na protoestrela devido à força centrífuga, formou o chamado 
disco protoplanetário.  Foi a partir do material deste disco, composto principalmente por  hidrogénio e hélio no estado gasoso e uma pequena percentagem de outros  elementos mais pesados, que se formaram os planetas do 
sistema solar.
 
 
Disco protoplanetário. 
Desde o princípio da contracção da nebulosa solar até à formação do  disco protoplanetário terão passado 100 mil anos; Até ao início das  reacções termonucleares no interior da estrela terão passado 10 milhões  de anos. Por esta razão pensa-se que a formação dos planetas começou  muito antes de o Sol ter o tamanho e a luminosidade actuais. No início  da contracção, a nebulosa solar teria uma temperatura de 50 K, mas à  medida que a protoestrela foi aquecendo, a temperatura da parte interior  do disco foi também aumentando até cerca de 2000 K na zona mais próxima  do Sol.
Assim, o disco protoplanetário então formado ganhou duas  regiões distintas: uma interior, donde resultaram os planetas  terrestres, onde as temperaturas eram da ordem das centenas de graus  Kelvin, e uma região exterior, que deu origem aos planetas gasosos e  onde as temperaturas mantiveram-se na ordem das dezenas de graus Kelvin.  
Planetas exteriores e planetas interiores
Nesta  fase a pressão era suficientemente baixa para que as substâncias não  pudessem existir no estado líquido, ou se encontravam no estado sólido  ou no estado gasoso, dependendo da sua temperatura de condensação. O  hidrogénio e o hélio têm temperaturas de condensação muito baixas e  consequentemente em toda a nebulosa encontravam-se no estado gasoso. No  entanto, na zona interior do disco, apenas os materiais com altas  temperaturas de condensação como o ferro, o magnésio, o enxofre, entre  outros, sobreviveram no seu estado sólido. Substâncias como a água, o  metano e a amónia foram vaporizadas pelas altas temperaturas.
 
 
Planetesimais. 
Nestas condições, na zona interior, os pequenos corpos que resistiam às  altas temperaturas em órbita do futuro Sol começaram a atrair-se  gravitacionalmente, a colidir e a ligar-se, dando origem a objectos cada  vez maiores. À medida que foram aumentando de tamanho, passando de 
planetesimais a 
protoplanetas,  as colisões entre os vários corpos foram sendo cada vez mais  espectaculares. Foi provavelmente numa destas colisões que a Lua ficou  gravitacionalmente ligada à Terra. Foi ainda devido ao calor libertado  nestas colisões que o material dos planetas recém-formados derreteu,  permitindo que os materiais mais pesados se 'afundassem', dando origem  aos densos núcleos de ferro dos planetas interiores.
 
 
Protoplanetas. 
Quanto aos planetas exteriores, também começaram por ser pequenos  planetesimais, mas desta feita não só os materiais rochosos estavam  disponíveis para formar pequenos planetas, mas também o gelo existia em  quantidades muito superiores. Esta é uma das razões pelas quais os  planetas exteriores são muito maiores do que os interiores. Além disso  havia ainda grandes quantidades de hidrogénio e hélio, que pelas baixas  temperaturas se moviam mais lentamente, o que facilitou a sua captura  pelos planetas em formação. O resultado foram vários planetas gigantes,  com núcleos rochosos, de massas 5 a 10 vezes superiores à massa da Terra  e com uma grande atmosfera de hidrogénio envolvente.
 
 
Sistema solar. 
Entre Marte e Júpiter sobreviveu ainda a chamada cintura de asteróides.  Ao que tudo indica são protoplanetas que nunca chegaram a formar um  planeta devido às perturbações gravitacionais causadas por Júpiter. 
Julga-se que a restante matéria da nebulosa solar, que não foi  incorporada na formação de nenhum planeta, tenha sido ejectada para fora  do sistema solar pelo vento solar, então milhares de vezes mais forte  do que actualmente e por encontros gravitacionais.