 "Grandes  Lagos" da lua Europa, de Júpiter, estariam a vários quilômetros abaixo  de sua superfície congelada. [Imagem: Britney Schmidt/Dead Pixel  VFX/Univ. of Texas at Austin]
 
"Grandes  Lagos" da lua Europa, de Júpiter, estariam a vários quilômetros abaixo  de sua superfície congelada. [Imagem: Britney Schmidt/Dead Pixel  VFX/Univ. of Texas at Austin]
Grandes Lagos em Europa
Analisando  dados da sonda espacial Galileo, da NASA, cientistas acreditam ter  encontrado fortes indícios daquilo que parece ser água líquida em  Europa, uma das luas de Júpiter.
O "corpo de água em estado  líquido" tem o mesmo volume dos Grandes Lagos, localizados na fronteira  entre os Estados Unidos e o Canadá, que têm uma superfície de 244.000  quilômetros quadrados (km2) - o lago da represa de Itaipu tem 1.350 km2 .
Usando informações do estudo das  camadas de gelo da Terra, os cientistas sugerem que há "uma troca" entre  a camada de gelo de Europa e essa porção de água líquida.
Segundo a NASA, "esta informação  reforça os argumentos de que o oceano global abaixo da superfície de  Europa representa um habitat potencial para a vida em outro ponto do  nosso Sistema Solar."
Oceano submerso
A sonda espacial Galileo foi  lançada em 1989, a bordo do ônibus espacial Atlantis. Em 2003, terminada  sua missão, ela se chocou de forma planejada contra Júpiter.
Um dos resultados mais  significativos da missão foi a inferência de um oceano salgado abaixo da  superfície, cobrindo toda a lua - algo como 160 km de profundidade, com  uma cobertura entre 10 e 30 km de gelo. Se aqueles cálculos estiverem  corretos, há mais água em Europa do que em todos os oceanos da Terra.
Entretanto, dada sua distância do  Sol, a superfície do oceano seria completamente congelada - os  cientistas falam em uma camada de gelo com dezenas de quilômetros de  espessura.
Isso desanimou os cientistas que buscam sinais de vida fora da Terra.
Mas se os novos cálculos estiverem  corretos, um corpo de água em estado líquido coloca Europa novamente na  agenda dos astrobiólogos, ainda que os lagos estejam a cerca de três  quilômetros de profundidade, abaixo da camada de gelo.
  A melhor explicação para as estranhas formações na superfície da Lua são estruturas de gelo. [Imagem: NASA/Ted Stryk]
A melhor explicação para as estranhas formações na superfície da Lua são estruturas de gelo. [Imagem: NASA/Ted Stryk] Coincidências para a vida
"Entretanto, cientistas ao redor do  mundo vão querer dar uma olhada de perto nesta análise e revisar os  dados antes que possamos avaliar completamente as implicações desses  resultados," afirmou Mary Voytek, diretora do programa de astrobiologia  da NASA.
De fato, as conclusões deste novo  estudo são altamente especulativas porque se baseiam na inferência  anterior de que existiria um oceano abaixo da camada de gelo de Europa.
Não existe nenhuma comprovação  deste oceano, o que deverá ser objeto de uma futura missão,  eventualmente com uma sonda para perfurar o gelo.
Os pesquisadores identificaram  duas saliências ligeiramente circulares sobre a superfície de Europa,  chamada de terrenos caóticos.
Baseando-se em processos similares  observados na Terra - em plataformas de gelo e sob as geleiras sobre  áreas vulcânicas - eles desenvolveram um modelo de quatro etapas para  explicar como esse terreno poderia ter-se formado.
O modelo resolve várias  observações conflitantes - algumas sugerem que a camada de oceano é  fina, outras sugerem que a camada é grossa.
O modelo propõe que as  características caóticas na superfície de Europa podem ser formadas por  mecanismos que envolvem uma inter-relação íntima entre a camada de gelo e  a água de subsuperfície.
Isso criaria um mecanismo para  transferir energia - e eventualmente nutrientes - entre a superfície e o  presumido oceano abaixo - o que por sua vez aumenta o potencial para a  existência de formas de vida na lua.
Bibliografia:
Active formation of ‘chaos terrain’ over shallow subsurface water on Europa
B. E. Schmidt, D. D. Blankenship, G. W. Patterson, P. M. Schenk
Nature
16 November 2011
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nature10608
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Quer comentar,o espaço é todo seu!