Em uma obra incrível
 o grande poeta  das estrelas Carl Sagan,
 explica a origem de todos os seres vivos
 deste  nosso frágil mas belo planeta!
60min.
Episódio 02: A Origem da Vida
                
  
                
 
A Voz da Sinfonia Cósmica -9min
 
        
    
    
        
    
 
 
  
   
 
   
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Episódio 02: A Origem da Vida
                Como começou a vida na Terra? Há outros seres noutros
                mundos? Carl Dagan explora a origem, evolução e
                diversidade da vida na terra. Com uma espantosa animação 
                computorizada, entramos no coração de uma célula
                viva para lhe examinarmos a molécula fulcral da vida: o
                ADN. 
Para
                  compreender como a evolução ocorre, o Dr. Sagan
                  acompanha a história do caranguejo japonês Heike,
                  cuja forma tem gradualmente mudado conforme se foi selecionando
                  quais os caranguejos que deveriam viver e quais os que deveriam 
                  morrer. Vamos assistir a experiências laboratoriais que
                  nos darão idéia dos primeiros passos que conduziram 
                  à origem da vida. Sequências animadas espectaculares
                  acompanham a evolução humana a partir de organismos
                  unicelulares que existiam nos oceanos. 
Se
                  houver vida noutros planetas, os respectivos seres terão 
                  de evoluir para se adaptarem aos ambientes que lhes são
                  próprios. O Dr. Sagan dá-nos uma visão 
                  teórica dos "caçadores", "flutuadores"
                  e "mergulhadores" que poderão eventualmente
                  existir numa atmosfera semelhante à de Jupiter. 

A Voz da Sinfonia Cósmica -9min
Biologia
     Como a vida começou
A origem da vida na Terra, há mais de 4 bilhões de anos, é uma das questões fascinantes da ciência. Até porque a vida não é algo inevitável em qualquer mundo.
por Carl Sagan
Dos seus começos mais simples, no passado remoto da Terra, a
 novidade evoluiu para uma colossal variedade de organismos que ocupam 
cada campo do planeta. A ciência começou a entender como foi possível 
isso acontecer.
A terra está repleta de vida. Ela 
transborda em cada canto e cada fenda. Um punhado de terra de jardim 
contém bilhões de microorganismos de formas elegantes, ativamente 
ocupados com suas complexas microatividades. Do gélido topo do monte 
Everest até os tórridos efluentes que jorram do interior da Terra ao 
chão dos oceanos, existem por toda a parte formas de vida refinadamente 
adaptadas às suas peculiares circunstâncias.
Há seres que 
deslizam, rastejam, flutuam, planam, nadam, escavam, caminham, galopam 
ou apenas ficam imóveis e crescem verticalmente durante séculos. Alguns 
pesam 100 toneladas, mais a maioria é menor que um bilionésimo de grama.
 Há organismos capazes de enxergar sob luz infravermelha ou 
ultravioleta; e há seres cegos que percebem o ambiente envolvendo-se num
 campo elétrico. Alguns armazenam luz solar e ar; alguns são plácidos 
comedores de pastagens; outros caçam sua presa com garras, dentes e 
venenos neurológicos. Alguns vivem uma hora e, alguns, um milênio.
Sua
 harmonia com o ambiente é marcante. Mesmo os micróbios estão longe de 
ser estúpidos: são capazes de aprender com a experiência. E os humanos 
 no momento, a forma de vida dominante  penetraram as mais remotas 
regiões do planeta, refizeram sua superfície e até, hesitantemente, 
saíram em direção ao espaço. De onde veio essa gloriosa profusão de 
vida? 
Quando se examina de perto as superfícies de mundos vizinhos, como
 a Lua e Marte, não se encontra nenhuma prova de existência sequer da 
mais modesta forma de vida. Claramente, a vida não é algo inevitável em 
qualquer mundo. 
Como começou? E quando?
Se observamos rochas 
antigas e sedimentos, cujas idades tornaram-se bem conhecidas graças à 
datação radiativa e outras técnicas, encontramos vida muito tempo atrás.
 Em princípio, podemos entender como a vida evoluiu desde seus começos 
mais antigos e simples até profusão e complexidade que agora ornamentam 
nosso pequeno planeta. Com exceção do minúsculo presente momento nos 4,6
 bilhões de anos da história da Terra, nunca existiram quaisquer 
humanos. Houve tempo em que os gigantescos bichos- preguiças mascavam as
 copas das árvores na América do Sul. Houve tempo em que répteis 
temíveis caminhavam nas praias de um grande mar interior no que é hoje a
 parte oeste dos Estados Unidos. Houve tempo em que a única vida animal 
em terra eram insetos e vermes.
Antes do surgimento de qualquer 
coisa parecida com a atual figura dos continentes, manadas de trilobites
 (crustáceos) caçavam no fundo soa antigos oceanos. É houve um tempo 
ainda antes disso  um tempo que abarca a grosso da existência do 
planeta -, quando não havia criaturas grandes o suficiente para serem 
vistas, quando tudo que era vivo era um microorganismo. É preciso 
realmente ir muito para trás  até 4 bilhões de anos no passado  antes 
de achar uma época em que não havia microorganismos. Mas essa é quase a 
época de formação da própria Terra.
Os mais antigos sinais de 
vida no planeta encontram-se em rochas cuja idade varia entre 3,5 
bilhões e 3,8 bilhões de anos. Não é fácil achar tais sinais e a maioria
 das descobertas ocorreram apenas nos últimos vinte anos. É possível que
 se venha a descobrir pistas e vestígios de micróbios ainda mais velhos.
 Os achados até agora parecem ter pertencido a microorganismos bem 
desenvolvidos, provavelmente avançados demais para terem sido os 
primeiros seres vivos.
A vida deve ter-se originado ainda antes. 
Mas a Terra tem apenas 4,6 bilhões de anos e em sua primitiva história 
 aquecida por dentro e bombardeada por fora  apresentava um ambiente 
inapropriado para as franzinas e delicadas manifestações de vida. Isso 
deixa apenas um pequeno intervalo de tempo, algumas centenas de milhões 
de anos no máximo, para que a vida tenha surgido na primitiva Terra.
 
Que
 se deseja saber exatamente quando se pergunta sobre a origem da vida? 
Não estamos falando de humanos ou mamíferos ou qualquer dos organismos 
com os quais convivemos no dia-a-dia. Ao contrário, estamos nos 
perguntando sobre a origem daquelas características comuns a todas as 
formas de vida conhecida. É notável que, até onde vai nossa compreensão,
 cada organismo na Terra baseia-se nas mesmas poucas moléculas 
orgânicas, das quais duas se destacam. Seus nomes já pertencem à 
linguagem cotidiana: quase todos ouvimos falar delas. Chamam-se 
proteínas e ácidos nucléicos.
As proteínas controlam a química e a
 arquitetura de cada célula. Toda enzima é uma proteína. Elas determinam
 o ritmo segundo o qual outras moléculas interagem. Elas guiam o 
metabolismo. Os ácidos nucléicos são as moléculas-mestras da vida. Com 
apenas umas poucas possíveis exceções, contém toda informação 
hereditária, todo conhecimento sobre como um organismo deve produzir uma
 nova geração do mesmo tipo de seus pais. Os ácidos nucléicos determinam
 quais proteínas devem ser feitas e quando. Também possuem a assombrosa 
 propriedade de fazer cópias idênticas de si mesmos a partir de blocos 
de construção moleculares cuja síntese haviam dirigido. São as 
eminências pardas moleculares por trás da vida na Terra.
Compreender
 a origem das proteínas e dos ácidos nucléicos certamente não é o mesmo 
que compreender a origem da vida, mas é um passo importante nessa 
direção. As moléculas em questão são enormemente complicadas. 
Mesmo uma 
simples proteína pode ser feita de alguns milhares de átomos  
hidrogênio, carbono, nitrogênio, oxigênio e, ocasionalmente, enxofre.-.,
 agrupados segundo uma precisa configuração.muitas proteínas e a maioria
 dos ácidos nucléicos são ainda mais complicados. Essas moléculas, 
naturalmente, devem ter evoluído elas próprias, se tornando mais 
sofisticadas e aumentando grandemente em complexidade ao longo de 4 
bilhões e tanto de vida na Terra. Assim, de que maneira simples ácidos 
nucléicos podem ter surgido na historia inicial do planeta?
O 
Universo consiste na maior parte de átomos de hidrogênio e hélio. 
Acrescentando-se carbono, nitrogênio e oxigênio, tem-se 99 por cento da 
massa do Universo. O Sol, Júpiter e os outros planetas gigantes, as 
estrelas, as galáxias  até o gás e a poeira no espaço entre as estrelas
  são feitos principalmente de desses átomos. A Terra, por outro lado, 
compõe-se basicamente de silício, oxigênio,alumínio e ferro. Isso quer 
dizer que nosso planeta e os outros pequenos mundos que compreendem o 
interior do sistema solar são anomalias cósmicas. Apesar disso, os 
cientistas possuem provas excelentes de que a Terra se formou da mesma 
enorme nuvem giratória de gás e poeira da qual emergiram o Sol, rico em 
hidrogênio, Júpiter e o resto do sistema solar.
Por que os mundos
 do interior do sistema solar são tão diferentes agora? É quase certo 
que a resposta seja  "porque eles são pequenos". Da Terra atual, 
hidrogênio e hélio escapam rumo ao espaço. Nas franjas mais distantes da
 atmosfera da Terra, esses átomos ultraleves se deslocam rapidamente 
após colidir com átomos mais pesados. No tumulto das colisões 
moleculares na alta atmosfera, eles são os que mais tendem a adquirir 
velocidade de escape. Como um foguete voando a mais de 11 quilômetros 
por segundo, escapam da gravidade terrestre como um pequeno gotejamento 
de gás adentrando o quase-vácuo interplanetário.
Em contraste, a 
Lua e Mercúrio são tão pequenos, sua gravidade tão fraca que tem sido 
incapazes de reter qualquer atmosfera e muito menos algo remotamente 
parecido com um oceano. Em tais mundos, provavelmente nunca houve o 
menos ponto de apoio para o surgimento da vida. Por outro lado, 
hidrogênio, hélio e gases mais pesados não escapam de Júpiter, por 
exemplo, porque a massiva gravidade desse planeta mentem presas para 
sempre mesmo as moléculas mais simples, mais leves e mais rápidas.
A
 Terra, formada originalmente por típica matéria cósmica, deixou escapar
 quantidades enormes de hidrogênio e hélio. hoje, não sobrou quase nada.
 A atmosfera da Terra primitiva deve ter sido rica em gás hidrogênio e 
outros átomos quimicamente combinados com hidrogênio. O interior da 
Terra era, provavelmente rico em materiais similares que, muito tempo 
depois, devem ter sido trazidos à superfície por processos geológicos. 
Mesmo hoje, há vestígios de metano e outros gases ricos em hidrogênio 
ainda borbulhando em direção à superfície da Terra desde o remoto 
interior.
Assim, se quisermos entender a origem das proteínas e 
ácidos nucléicos, não podemos imaginar que a atmosfera da Terra 
primitiva fosse parecida com a atual. Em todo o caso , o oxigênio 
molecular na atual atmosfera é produzido por plantas verdes  e plantas 
verdes, naturalmente, não poderiam ter existido antes da origem da vida.
 Com tais raciocínios, o respeitado químico norte-americano Harold Urey e
 Stanley Miller, seu estudante de graduação na Universidade de Chicago 
no começo dos anos 50, prepararam um frasco de vidro contendo as 
moléculas ricas em hidrogênio que deveriam existir na primitiva 
atmosfera da Terra: hidrogênio, metano, amônia e água . (o velho ficou 
de fora porque não participa de reações químicas.)
No fundo do 
frasco, um pouco de água foi mantido fervendo, e uma carga elétrica  
talvez similando relâmpagos na Terra primitiva  atravessou gás em cima.
 Com fervura mais rigorosa, tornou- se nitidamente rosa. Urey e Miller, 
muito excitados, observaram a cor mudar. Não havia dúvida de que 
moléculas orgânicas mais complexas tinham sido feitas a partir materiais
 muito simples, ricos em hidrogênio.
Experiências similares 
produziram dezenas de aminoácidos  a matéria-prima das proteínas - e 
todas as bases contendo e hidrogênio que compõe os ácidos nucléicos. 
 Aprendemos que as proteínas e ácidos nucléicos surgem a partir de uma 
ampla variedade de condições, desde que os gases precursores sejam ricos
 em hidrogênio. E a descarga elétrica não é a única fonte de energia 
adequada - também servem luz ultravioleta, calor, raios gama, o estrondo
 ou as ondas de choque provocadas pelo impacto de meteoritos. No 
laboratório de Leslie Orgel, no Instituto Salk, em La Jolla, Califórnia,
 o processo foi levado parcialmente ao estágio seguinte: ácidos 
nucléicos simples foram encontrados no tubo de ensaio dirigindo a 
síntese de moléculas complementares  meio caminho andado para fazerem 
cópias idênticas de si mesmos.
Uma palavra sobre terminologia: 
moléculas como proteína e ácidos nucléicos são chamadas orgânicas porque
 constituem a vida  não porque somente a vida as sintetize. Como Urey, 
Miller e outros antes dele demonstram, o estofo da vida pode ser feito 
por processos naturais não- biológicos. Atualmente, dizer que uma 
molécula é orgânica significa apenas que ela contém átomos de carbono.
Do
 ponto de vista de um biólogo do século XIX, os sucessos de experiências
 como as de Urey e Miller são espantosos. " É a pena se bobagem pensar 
atualmente na origem da vida", escreveu Charles Darwin. " É como pensar 
na origem da matéria." Quão surpreso ele ficaria hoje! Há muito ainda 
por fazer. Ninguém realizou uma experiência como essa para, ao final, 
descobrir uma criatura, por mais simples que seja, rastejando para fora 
do tubo de ensaio. Muitos mistérios persistem. Não se sabe como sair dos
 ácidos nucléicos em instruíram a formação das primeiras proteínas - um 
problema chamado a origem do código genético. Não se entende a origem da
 primeira célula  um evento provavelmente muito mais complexo do que a 
origem da vida.
Esses passos adicionais podem levar décadas ou 
séculos para serem reconstruídos em laboratório. Mas é bom lembrar que a
 pesquisa moderna sobre a origem da vida têm apenas uns 35 anos. A 
natureza levou dezenas ou centenas de milhões de anos e dispunha de uma 
arena muito maior para realizar suas experiências. Nós até que nos 
saímos muito bem nesse breve período de pesquisa moderna.
 Há cientista 
atordoados com a nossa profunda ignorância a respeito de muitas fases 
dessa questão. Eles acham que jamais se conseguirá entender seus 
aspectos mais complexos e, por isso, anseiam por uma intervenção 
extraterrestre ou mesmo divina. Mais tais idéias não resolvem o problema
 da origem da vida: apenas adiam o momento de enfrentá-lo. Embora de 
modo algum subestimando a profundidade de nossa ignorância, é espantoso o
 quanto já aprendemos. Entender a origem da vida já não parece tarefa 
impossível. O progresso iniciado com Urey e Miller permanece como um 
marco da ciência moderna, o da compreensão do Universo e de nós 
próprios.
 Li-Sol-30
Fontes:
Licença padrão do YouTube
 Revista SUPERINTERESSANTE-






 
 


 
 
















