
Estudo  feito no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da  USP indica que a velocidade de expansão do Universo pode estar  diminuindo (Nasa)
 Paradigma da expansão cósmica
Por Mônica Pileggi
– O Universo está se expandindo, mas não  necessariamente de forma acelerada como aponta o modelo cosmológico mais  aceito pelos especialistas, o Lambda-CDM (
Cold Dark Matter). É o  que propõe uma pesquisa realizada no Instituto de Astronomia, Geofísica  e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP).
Segundo Antônio Cândido de Camargo Guimarães, autor do estudo publicado no periódico 
Classical and Quantum Gravity,  houve uma fase de expansão acelerada, que seria recente. “Mas hoje esse  estado não é tão certo. É possível que a aceleração já esteja  diminuindo”, disse à 
Agência FAPESP.
A pesquisa, parte do projeto 
"Investigação da distribuição de matéria escura através de seus efeitos como lentes gravitacionais",  supervisionada por José Ademir Sales de Lima, professor do IAG, contou  com apoio da FAPESP na modalidade Bolsa de Pós-Doutorado.
Guimarães conta que há cerca de dez anos a expansão acelerada do  Universo se tornou consenso na comunidade científica a partir de  observações de explosões de supernovas 1a, cujo brilho era menor do que  se esperava. Para descrever essa rápida expansão, os cientistas adotaram  o Lambda-CDM. Esse modelo cosmológico se baseia na existência de uma  “energia escura”, que corresponderia a 70% da composição do Universo.
“A energia escura é um ente físico muito especulativo. Há algumas  hipóteses e ideias, mas não se sabe qual a natureza dela”, destacou o  astrônomo.
Em sua pesquisa, Guimarães diz que a ideia foi descrever a expansão  de forma independente de modelos de energia escura. Para isso, usou a  chamada abordagem cosmográfica. Esse método se baseia na descrição da  expansão cósmica como uma somatória de termos em função do 
redshift (medida da velocidade de afastamento) das supernovas, que é usado para traçar o brilho estelar (indicando a distância).
As supernovas foram divididas em três grupos: antigas, recentes e  muito recentes. Por meio das análises cosmográficas, o pesquisador  observou que, quanto mais recente os eventos das supernovas, maior era a  probabilidade da atual desaceleração do Universo.
“O modelo Lambda-CDM diz que a aceleração tende sempre a aumentar. É  interessante, pois nosso trabalho questiona esse paradigma, que usa uma  forma particular para a energia escura para descrever a expansão  cósmica”, disse Guimarães.