Exoplanetas semelhantes à Terra podem ser nossos vizinhos
2013-02-07
Em cima: Imagem conceptual que mostra um hipotético
planeta habitável com duas luas que orbita uma anã vermelha. Crédito:
David A. Aguilar (CfA).
Em baixo: Analisando dados disponíveis do Kepler, astrónomos do
CFA identificaram 95 candidatos planetários em torno de anãs vermelhas.
Destes, três orbitam dentro da zona habitável (marcada a verde) -
distância a que eles podem ser suficientemente quentes para conterem
água líquida na superfície. Esses três candidatos planetários (marcados
com pontos azuis) têm 0,9, 1,4 e 1,7 vezes o tamanho da Terra. Neste
gráfico, a luz recebida pelo planeta aumenta da esquerda para a direita
e, em consequência, a distância à estrela diminui da esquerda para a
direita. O tamanho do planeta aumenta de baixo para cima. Crédito: C.
Dressing (CfA).
astrónomos do Centro Harvard-Smithsoniano de Astrofísica (CfA),
da NASA descobriram que 6% das estrelas anãS vermelhas têm planetas
habitáveis, do tamanho da Terra. Como as anãs vermelhas são as estrelas mais comuns na nossa galáxia, o planeta parecido à Terra mais próximo poderá estar a apenas 13 anos-luz de distância.
"Pensávamos que teríamos de ir muito longe para encontrarmos um planeta como a Terra. Agora percebemos que existe a possibilidade de haver uma outra Terra no nosso próprio quintal, à espera de ser descoberta", disse Courtney Dressing, astrónoma de Harvard e principal autora do artigo, e que apresentou as suas descobertas numa conferência de imprensa no Centro Harvard-Smithsoniano para Astrofísica, em Cambridge, Massachusetts.
As estrelas anãs vermelhas são mais pequenas, mais frias e mais fracas do que o nosso Sol
Não obstante o seu fraco brilho, estas estrelas são bons lugares para procurar planetas parecidos à Terra. Três em cada quatro estrelas da nossa galáxia são anãs vermelhas, para um total de pelo menos 75 mil milhões. Como estas estrelas são pequenas, o sinal de planetas em trânsito
Dressing analisou o catálogo Kepler de 158000 estrelas alvo para identificar todas as anãs vermelhas. Voltou, então, a analisar as estrelas, para calcular com mais precisão dimensões e temperaturas, e descobriu que quase todas elas eram mais pequenas e mais frias do que se pensava.
Uma vez que o tamanho de um planeta em trânsito é determinado em relação ao tamanho da estrela (com base na porção do disco da estrela que o planeta cobre no seu trânsito), se a estrela for mais pequena o planeta também será. E uma estrela mais fria terá uma zona habitável mais estreita.
Dressing identificou 95 candidatos planetários orbitando estrelas anãs vermelhas, o que implicava que pelo menos 60% destas estrelas albergavam planetas menores que Neptuno
"Sabemos agora qual a taxa de ocorrência de planetas habitáveis em torno das estrelas mais comuns na nossa galáxia", disse o co-autor David Charbonneau (CFA). "Esta taxa significa que será muito mais fácil procurar vida fora do Sistema Solar do que se pensava."
O nosso Sol está rodeado por um enxame de anãs vermelhas, representando estas cerca de 75% das estrelas mais próximas. Tendo em conta que 6% delas devem hospedar planetas habitáveis, então o mundo mais próximo parecido com a Terra poderá estar a apenas 13 anos-luz de distância.
A localização de mundos próximos semelhantes à Terra pode exigir um pequeno telescópio espacial dedicado ou uma grande rede de telescópios terrestres. Estudos de acompanhamento realizados com instrumentos como o Telescópio Gigante de Magalhães ou o Telescópio Espacial James Webb poderiam dizer-nos se algum dos planetas quentes, em trânsito, tem uma atmosfera e, ainda, qual a sua química.
Tal mundo seria diferente do nosso. Com uma órbita tão próxima à sua estrela, o planeta provavelmente sofreria acoplamento de maré (sempre a mesma face voltada para a estrela). No entanto, isso não impediria a vida, pois uma atmosfera razoavelmente espessa ou um oceano profundo poderiam transportar o calor
"Não precisamos de um clone da Terra para termos vida", disse Dressing.
Como as anãs vermelhas vivem muito mais tempo que as estrelas semelhantes ao Sol, esta descoberta levanta a interessante possibilidade de a vida num planeta deste tipo poder ser muito mais antiga e evoluída do que a vida na Terra.
"Podemos encontrar uma Terra com 10 mil milhões de anos", especulou Charbonneau.
Os três candidatos planetários da zona habitável, identificados neste estudo, são: o Objeto Kepler de Interesse (KOI) 1422,02, que tem 90% do tamanho da Terra numa órbita de 20 dias; KOI 2626,01, com 1,4 vezes o tamanho da Terra numa órbita de 38 dias; e KOI 854,01, com 1,7 vezes o tamanho da Terra numa órbita de 56 dias. Todos os três estão localizados a cerca de 300-600 anos-luz de distância e orbitam estrelas com temperaturas entre os 5700 e 5900 graus Fahrenheit
Estes resultados serão publicados no The Astrophysical Journal.
Fonte da notícia: http://www.cfa.harvard.edu/news/2013/pr201305.html