Via Láctea tem 100 milhões de planetas habitáveis
Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/06/2014
"Parece altamente improvável que estejamos sozinhos," dizem os pesquisadores.
[Imagem: PHL@UPR Arecibo/NASA/Richard Wheeler]
Exoplanetas habitáveis
Agora, eles estimaram que nossa galáxia deve abrigar pelo menos 100 milhões de exoplanetas habitáveis, capazes de sustentar "vida complexa".
O cálculo que eles fizeram é diferente daquele que se faz por meio da equação de Drake, que busca estimar a existência de vida inteligente.
"Vida complexa não significa vida inteligente - embora ela não a descarte, e nem mesmo a vida animal - mas simplesmente que organismos maiores e mais complexos do que micróbios poderiam existir em formas variadas. Por exemplo, organismos que formam cadeias alimentares estáveis, como os encontrados nos ecossistemas da Terra," explicam os pesquisadores.
Índice de Complexidade Biológica
A equipe examinou mais de 1.000 exoplanetas e usou uma fórmula que considera a densidade dos planetas, sua temperatura, substrato (líquido, sólido ou gasoso), sua composição química, distância da estrela e idade dos planetas.
Eles colocaram tudo em uma fórmula que batizaram de "Índice de Complexidade Biológica" (ICB).
O cálculo do ICB revelou que de 1 a 2% dos exoplanetas apresentam uma classificação superior ao ICB da lua Europa de Júpiter, que se acredita ter um oceano global abaixo da superfície que pode
abrigar formas de vida.
O
cálculo do Índice de Complexidade Biológica revelou que de 1 a 2% dos
exoplanetas têm condições para abrigar a vida como a conhecemos.
[Imagem: Louis Irwin et al. - 10.3390/challe5010159]
O cálculo é mais criterioso e mais restritivo do que os anteriores. Olhando apenas para a questão de estar na zona habitável, ou seja, ter condições de manter água em estado líquido, cálculos haviam indicado que haveria bilhões de exoplanetas nas zonas habitáveis em toda a Via Láctea.
"Este estudo não indica que a vida complexa exista em tantos planetas. Nós estamos dizendo que há condições planetárias que poderiam suportá-la. Questões sobre a origem da vida não foram abordadas - somente as condições para suportar a vida," salienta Albert Fairén, da Universidade Cornell (EUA).
Não estamos sós - só estamos longe dos outros
Embora outros cientistas já defendam que vamos encontrar vida no espaço neste século, é necessário salientar que a Via Láctea é tão grande que esses planetas estão muito distantes de nós. Alguns dos mais promissores que se conhece até agora, por exemplo, ao redor da estrela Gliese 581, estão a 20 anos-luz da Terra.
"Parece altamente improvável que estejamos sozinhos," dizem os pesquisadores, para logo em seguida ressaltar: "Estamos provavelmente tão longe de vida no nosso nível de complexidade que um encontro com essas formas alienígenas parece ser improvável no futuro próximo."
Bibliografia:
Assessing the Possibility of Biological Complexity on Other Worlds, with an Estimate of the Occurrence of Complex Life in the Milky Way Galaxy
Louis Irwin, Abel Méndez, Alberto Fairén, Dirk Schulze-Makuch - Challenges - Vol.: 5(1), 159-174 - DOI: 10.3390/challe5010159
Assessing the Possibility of Biological Complexity on Other Worlds, with an Estimate of the Occurrence of Complex Life in the Milky Way Galaxy
Louis Irwin, Abel Méndez, Alberto Fairén, Dirk Schulze-Makuch - Challenges - Vol.: 5(1), 159-174 - DOI: 10.3390/challe5010159
Impressão Digital da Via Láctea
Sistema planetário definitivo pode ter 60 terras habitáveis
Com informações da New Scientist - 02/06/2014
Órbitas compartilhadas, algo já visto na prática, permitem acomodar até 24 terras na zona habitável.[Imagem: Sean Raymond]
Obra-prima cósmica
Por que se contentar com sistemas planetários com um planeta habitável cada, quando você pode ter 60 terras bem na vizinhança?
Um astrofísico francês projetou o que ele chama de "sistema estelar definitivo", um que contenha o máximo de planetas semelhantes à Terra, compondo um sistema único, sem quebrar as leis da física.
Sean Raymond, do Observatório de Bordeaux, começou a estruturar sua obra-prima cósmica com um par de regras básicas.
Em primeiro lugar, o arranjo dos planetas deveria ser cientificamente plausível. Em segundo lugar, eles precisariam ser gravitacionalmente estáveis ao longo de bilhões de anos.
Para começar, ele escolheu uma estrela anã vermelha porque estrelas deste tipo têm uma massa menor do que estrelas como o nosso Sol e, assim, vivem mais tempo, gerando uma zona habitável estável - a região em torno de uma estrela em que pode existir água em estado líquido.
O primeiro exoplaneta do tamanho da Terra descoberto na zona habitável orbita uma estrela anã vermelha.
Gigantes gasosos podem ter luas similares à terra - até 36 delas em torno de uma estrela. [Imagem: Sean Raymond]
Cada planeta do tamanho da Terra orbitando uma anã vermelha poderia ter uma lua de mesmo tamanho, com os dois mundos orbitando um ponto central.
Além disso, dois pares de planetas podem orbitar uma estrela à mesma distância, desde que eles estejam separados por 60 graus, graças a um par de pontos gravitacionalmente estáveis.
Não, isso não é fantasia. Já foram observados dois planetas na mesma órbita, exoplanetas com órbitas inclinadas e até exoplanetas que orbitam na contramão, nas chamadas órbitas retrógradas, algo que Raymond não precisou usar.
Há espaço para seis dessas configurações orbitais na zona habitável de uma anã vermelha, dando um total de 24 planetas habitáveis nesse sistema planetário.
Mas há outras ferramentas para construir um sistema planetário mais denso: gigantes gasosos, como Júpiter, não são habitáveis pela vida como a conhecemos, mas eles podem ser orbitados por luas muito similares à Terra, potencialmente habitáveis.
Raymond calcula que uma anã vermelha poderia prender gravitacionalmente quatro planetas júpiteres, cada um com cinco luas como a Terra.
Usando o mesmo truque do compartilhamento de órbitas, pode haver mais dois planetas como a Terra em ambos os lados da órbita de cada Júpiter, o que somaria 36 mundos habitáveis ao redor da anã vermelha.
Junte
tudo em um sistema binário e você terá o sistema planetário definitivo,
com 60 exoplanetas similares à Terra em condições habitáveis. [Imagem:
Sean Raymond]
Finalmente, Raymond adotou um sistema binário, com duas anãs vermelhas, uma orbitando a outra a uma distância similar ao raio do nosso Sistema Solar.
Não, isso também não é exagero. Na verdade, é até conservador, uma vez que já conhecemos um planeta com quatro sóis e até um sistema de três sóis com três planetas na zona habitável.
Mas não basta somar, porque a teoria permite que só uma das estrelas tenha a configuração dos júpiteres e suas luas-terras - a outra estrela pode ter apenas a primeira configuração, só com "terras binárias".
Está pronto então o sistema planetário definitivo, com 60 planetas habitáveis à sua escolha.
Será que "alguém" pensou nisso?
"Eu admito que seria extremamente casual que a natureza tenha produzido um sistema que fosse tão espetacular," diz Raymond. "Ainda assim, cada peça do sistema é plausível e até mesmo esperado a partir de simulações de formação planetária."
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