URSA MAIOR
A constelação da Ursa Maior (UMa) é uma das mais facilmente identificáveis nos céus nocturnos do hemisfério nort. As suas estrelas principais conferem esta constelação uma imagem muito característica como se mostra figura 1.
Fig 1 - As sete estrelas principais da Ursa Maior |
Esta constelação situa-se muito próximo do polo norte celeste como se pode verificar pela figura 2. Note-se a proximidade da UMa relativamente à Estrela Polar (Polaris) localizada na constelação da Ursa Menor e que coincide quase com o Polo Norte Celeste.
Com o decorrer da noite assiste-se ao movimento das várias constelações em torno de um ponto que coincide aproximadamente com a Estrela Polar. Esse movimento relativo resulta apenas da rotação da Terra.
As estrelas estão de tal forma distantes que os respectivos movimentos próprios não são perceptíveis em escalas de tempo curtas. Assim ao longo da noite veremos a Ursa Maior em diferentes perspectivas. Sendo uma constelação que está muito próximo do pólo permanecerá visível, total ou parcialmente, durante toda a noite do hemisfério norte.
A região ocupada pelas sete estrelas representada na figura 1 é apenas uma pequena parte de toda a constelação. Como se pode constatar na figura 2 a Ursa Maior ocupa uma área muito mais vasta (é na realidade a terceira maior constelação) fazendo fronteira com outras oito constelações.
Fig 2 - A Ursa Maior as constelações vizinhas |
Na tabela seguinte estão representados alguns dados referentes às sete estrelas representadas na figura 1.
Nome | Designação | magnitude | Classe | Tipo Espectral | Distância (AL) |
Dubhe | alfa-UMa | 1.8 | III | K0 | 80 |
Merak | beta-UMa | 2.4 | V | A1 | 60 |
Phad | gama-UMa | 2.4 | V | A0 | 70 |
Megrez | delta-UMa | 3.3 | V | A3 | 60 |
Alioth | epsilon-UMa | 1.8 | IV | A0 | 80 |
Mizar | zeta-UMa | 2.1 | V | A2 | 78 |
Alkaid | eta-UMa | 1.9 | V | B3 | 120 |
Destas sete estrelas merece particular destaque Mizar (zeta-UMa). Esta é de facto a estrela mais famosa da Ursa Maior. Uma observação mais atenta, mesmo a olho nu, revela a presença de uma companheira de magnitude aparente 4.3. Trata-se de Alcor, uma estrela da sequência principal. Alcor e Mizar estão separadas por apenas 12 minutos de arco. Contudo este sistema binário é apenas aparente.
As duas estrelas estão apenas e tão somente alinhadas quase na mesma direcção com Alcor cerca 3 a 4 anos luz mais distante do que Mizar. Diz-se que este par forma um binário óptico.
Em pequenos telescópios é possível observar um terceira estrela, de magnitude aparente 4.0, a apenas cerca de 15 segundos de arco de Mizar. Trata-se de Mizar B, que conjuntamente com Mizar A (anteriormente designada apenas por Mizar) forma um verdadeiro sistema binário de estrelas. Tanto Alcor, como Mizar A e Mizar B constituem, por sua vez, sistemas binários espectróscópicos.
Lenda sobre a Constelação Ursa Maior
Localiza-se: No hemisfério Norte
Esta é uma das constelações mais antigas, sendo também a mais conhecida. Inumeráveis lendas de diversas culturas e países falam deste grupo de sete estrelas e aludem na maioria dos casos à sua representação de um carro, nome pelo qual também é conhecida.
A constelação da Ursa Maior é mais facilmente observável entre Janeiro e Outubro, quando não se encontra tão perto do horizonte. É também conhecida por Carro, Arado e ainda Frigideira ou Caçarola. A Ursa Maior é uma constelação facilmente reconhecida pelas suas sete estrelas brilhantes que desenham um quadrado e uma cauda. Esta figura é um asterismo, isto é, um agrupamento característico que não constitui uma constelação, já que essa é muito maior (estende-se por uma grande área do céu e inclui cerca de duzentas outras estrelas visíveis a olho nu). As estrelas desta constelação, estando perto do pólo, são sempre visíveis nas noites de quase todo o hemisfério norte - constelação circumpolar.
A constelação é tão conhecida que muitas das civilizações lhe deram um significado: para os chineses as sete estrelas representavam uma concha que oferecia comida nos tempos de fome - chamavam-lhe «Pei to», concha medidora do norte; para os hebreus também se assemelhava a uma gigantesca concha que media as quantidades de cereal; para os povos germânicos era uma carroça puxada por três cavalos, enquanto para os britânicos era a biga (carro de duas rodas, movido por dois cavalos) do Rei Artur; para os egípcios as sete estrelas representavam a imortalidade, porque são visíveis durante todo o ano; para os índios Cherokee as estrelas representavam um grupo de caçadores que perseguia um urso desde os princípios da Primavera, quando estas estrelas estão altas no céu, até ao Outono, quando aparecem junto ao horizonte.
Segundo a mitologia grega, Zeus apaixonou-se por Calisto, a bela ninfa dos bosques e companheira de Ártemis. Zeus ficou de tal modo fascinado pela sua beleza que, para se aproximar dela, tomou as feições de Ártemis.
Calisto acolheu Zeus sem desconfiança, mas quando reconheceu o seu erro já era tarde demais, e concebeu dele um filho, que se chamou Arcas. Hera, esposa de Zeus, ficou furiosa e castigou Calisto, transformando-a numa ursa. Um dia, a irreconhecível Calisto e Arcas encontraram-se.
Calisto abriu os braços para acolher o filho mas este, julgando-se atacado pela gigantesca ursa, preparou-se para a matar. À última da hora, Zeus evitou a tragédia e transformou Arcas num pequeno urso, arrastando ambos para os céus. Hera, contudo, empurrou os dois para perto do pólo norte onde as estrelas são sempre visíveis ? mãe e filho nunca teriam descanso. Arcturo, a brilhante estrela do Boieiro ficou de guarda às ursas para que não se afastassem do gélido pólo.
O asterismo da Ursa Maior é muito útil para nos orientarmos à noite: prolongando cinco vezes as guardas da Ursa Maior encontra-se a estrela polar, a estrela da cauda da Ursa Menor, que nos indica o Norte.
Objectos do céu profundo
* Em boas condições de observação nota-se que a estrela do meio da cauda não é uma estrela mas sim duas: Mizar e Alcor. Estas duas estrelas não estão fisicamente associadas sendo a sua proximidade aparente para observadores na Terra - são as chamadas binárias visuais. Recorrendo ao uso de um telescópio é possível observar que a pópria Mizar é um sistema binário, composto por duas estrelas brancas gémeas.
* M81 - Trata-se de uma galáxia em espiral (Muito parecida com a Via Láctea) que pode ser observada com binóculos, mesmo numa cidade. Em condições óptimas torna-se espectacular, sendo o seu disco oval tanto mais evidente quanto maior for a ampliação das lentes utilizadas.
Galáxia irregular NGC 3034
M82* M82 - Esta é uma galáxia alargada e estreita. O tipo de galáxia não é fácil de distinguir, mesmo com bons aparelhos de observação.
M 51
M 101
* M101 - É uma galáxia em espiral, grande e extensa que se encontra a 16 milhões de anos-luz de distância.
* M97 (Nebulosa da Coruja) - Trata-se de uma nebulosa planetária oval, com a forma de uma coruja. É grande e difusa e para a encontrar é necessário possuir um bom telescópio (75 mm ou maior).
Modelo permite explicar a Nebulosa da Coruja
2003-07-23A nebulosa da Coruja. Crédito: Karen Kwitter (Williams College), Ron Downes (STScI), You-Hua Chu (Univ. of Illinois), NOAO, AURA, & NSF.
A nebulosa planetária NGC 3587, também conhecida por Nebulosa da Coruja devido ao seu aspecto tão semelhante à face daquela ave de rapina, possui uma estrutura complexa composta por três camadas concêntricas: um halo exterior de fraco brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
, uma camada intermédia circular, e uma camada interna de forma aproximadamente elíptica. A camada mais interna alberga uma cavidade bipolar que forma os olhos da coruja, e ainda duas áreas de maior brilho que podem ser vistas como sendo a testa e o bico da ave. Portal do Astrônomo
nebulosa planetári
Fonte: Observar o Céu - David Levy - editora atena
.1. Outros nomes
A Ursa Maior foi vista de formas diversas por diferentes povos.
Carl Sagan, em Cosmos, mostra em seis desenhos artísticos os nomes dados a este grupo de estrelas por diversas culturas.
Seu nome era Ursa Maior para os antigos gregos e os nativos da América do Norte. A mitologia grega explica a formação da Ursa Maior como um castigo de Zeus sobre Calisto.
Em França é conhecida como A Caçarola, e na Inglaterra como O Arado.
Na China foi vista como O Burocrata Celestial, e na Índia como Os Sete Sábios.
Na Europa medieval era chamada A Carruagem, ou A Carroça de Charles.
Na Mitologia nórdica é tida como O Carro ou Carruagem de Odin, que se disfarçava de viajante.
Os egípcios colocaram esta constelação dentro de um grupo maior de estrelas e a desenharam como uma procissão de um touro aparentemente puxando um homem na horizontal. Está situada proximo do polo norte celeste.
Galáxia M 81 (NGC 3031) vista pelo Spitzer2011-04-05Crédito: NASA/JPL-Caltech/S. Willner (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics). Telescópio: Telescópio Espacial Spitzer. Localizada na direcção da constelação Ursa Maior, esta galáxia é facilmente visível com a ajuda de uns binóculos ou de um pequeno telescópio. Imagens de infravermelho como esta permitem uma estimativa da quantidade total de poeira existente na galáxia, bem como dos locais onde novas estrelas se estão a formar. M 81 situa-se a cerca de 12 milhões de anos-luz de distância. Possui um diâmetro óptico de cerca 100000 anos-luz e uma massa de 50000 milhões de massas solares. | |||||
M 81 e M822011-04-25Crédito: FIlipe Alves Nesta imagem do astrónomo amador Filipe Alves este par espectacular aparece numa visão de grande campo, semelhante à obtida por um pequeno telescópio amador. |
Galáxia M 109 (NGC 3992)
2010-11-14Crédito: NOAO/AURA/NSF.
Estima-se que tenha cerca de 250 mil milhões de massas solares e um diâmetro de 130 mil anos-luz.
Bolha de gás quente na galáxia NGC 3079
2011-08-06Crédito: NASA, Space Telescope Science Institute.
Telescópio: Hubble Space Telescope (HST).
Instrumento: Wide Field and Planetary Camera 2.
Estudos teóricos indicam que esta bolha se terá formado quando ventos emanados por estrelas muito quentes se terão misturado com regiões de gás quente geradas por explosões de supernovas.
Observações realizadas com rádio-telescópios indicam que estes processos ainda estão a ocorrer. Com o decorrer do tempo as estrelas quentes irão morrer e a fonte de energia da bolha irá extinguir-se.
Fonte:
NUCLIO Portal do Astrônomo - Portugal
http://www.portaldoastronomo.org/npod.php
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