A ciência astronômica feita pelas civilizações da Mesopotâmia - 46min
A mesopotâmia não foi um império ou um pais. Ao invés disso, a mesopotâmia
é uma área geográfica na qual pessoas, com as mais variadas origens, se
instalaram e, eventualmente, organizaram estados-cidades, que mais tarde se
transformaram em poderosos impérios.
Vários destes estados-cidades primordiais mesopotâmeos foram fundados muito antes
que as mais antigas comunidades políticas egípcias. A palavra Mesopotâmia significa
"a terra entre os rios", e este foi nome dado por Polibio e Estrabão às terras muito
planas que estavam situadas entre os dois rios que fluem através dela, os rios
Tigre e Eufrates. Este rios correm de Anatólia e Síria até o golfo Pérsico.
A região da Mesopotâmia era limitada ao norte pelas montanhas do Curdistão.
O limite oeste eram as estepes e os desertos da Siria e da Arábia e a leste estava
a cadeia de montanhas Zagro, no atual Irã. A fronteira ao sul eram os pântanos do
delta do rio. Ao longo dos rios Tigre e Eufrates muitas grandes cidades comerciais
se formaram, entre elas Ur e Babilônia às margens do rio Eufrates.
A região que era chamada de Mesopotâmia está situada, aproximadamente,
na mesma região geográfica ocupada hoje pelo Iraque.
Os impérios formados pelos sumérios, babilônios, caldeus e assírios
se estenderam sobre a região da mesopotâmia.
Os babilônios Quem eram os Babilônios
Como vemos no mapa ao lado, a Babilônia estava situada na região conhecida
como Mesopotâmia, palavra grega que significa "entre os rios".
A história dos babilônios é tão misturada com a dos sumérios e caldeus
que fica difícil separa o passado de cada um destes povos.
Os historiadores têm dúvidas quanto à extensão da história dos babilônios.
Alguns consideram que ela se estende até o quarto milênio a.C. enquanto que
outros a traçam somente até o século 18 a.C. quando Hamurabi estabeleceu a
primeira dinastia babilônia.
A escrita dos Babilônios
Muito do sistema educacional dos babilônios têm fortes ligações com a
cultura suméria. Sua escrita e sua ciência, em particular a astronomia e a
astrologia, teve suas origens na ciência desenvolvida pelos sumérios.
Os estudiosos babilônicos eram sacerdotes e profetas. Deste modo,
apenas uns poucos tinham acesso à educação.
A astronomia babilônia não foi exceção. Ela foi deixada nas mãos de uns poucos
educados que serviam como escribas e eram capazes de usar e compreender o
sistema de escrita que havia sido transmitido aos babilônios pelos sumérios.
Este sistema de escrita, que usava símbolos em forma de cunha ao invés de
caracteres alfanuméricos, é chamado de cuneiforme e é o mais antigo sistema
de escrita conhecido.
Com o passar dos séculos ao longo da época antiga os símbolos cuneiformes
sofreram uma evolução gráfica muito grande até chegarem à sua forma
definitiva adquirindo não somente novos significados mas também tendo o seu
desenho drasticamente alterado. Nas suas formas mais antigas, os símbolos
cuneiformes identificavam principalmente objetos físicos mas mais tarde os
babilônios adicionaram novos símbolos que representavam ideias abstratas.
A matemática dos Babilônios
A matemática dos Babilônios não seria estranha para aqueles que estão
acostumados com sistemas binários (sistemas de base 2) e hexadecimais
(sistemas de base 16) exigidos pela computação moderna. Ela não estava
baseada no sistema decimal que usamos comumente, segundo o qual
contamos todas as coisas usando potências de 10 ou seja, usando 10
dígitos de zero a nove para representar as unidades, e as notações
posicionais de dezenas, centenas, milhares para representar as potências de 10.
Os babilônios usavam um sistema de contagem de base 60.
Isto os levou a dividir o círculo em 360 graus.
Eles também dividiram a hora em intervalos usando sua medida sexagesimal.
Esta é a razão pela qual existem 60 segundos em um minuto e 60 minutos em uma hora.
Os babilônios mostraram ser muito hábeis nas artes dos cálculos e
distinguiram-se na manipulação aritmética e na representação simbólica.
Foram eles que inventaram as tabelas de multiplicação e estabeleceram
as regras da aritmética.
O calendário inventado pelos Babilônios
Os babilônios usaram um calendário baseado em ano de 360 dias.
Seu sistema era similar ao dos sumérios e eles provavelmente copiaram
o calendário dos sumérios. Embora o seu sistema de contagem fosse feito
com a base 60, quando os babilônios decidiram dividir o calendário em
segmentos menores - ou seja em semanas - eles não tentaram encontrar
alguma fração de 360 para representar o número de dias.
Eles criaram a semana com sete dias.
A astronomia dos Babilônios
Os babilônios compilaram catálogos estelares e registraram o movimento dos planetas.
A partir dos seus estudos das variações cíclicas dos céus eles foram capazes de prever
eclipses e preparar calendários que prediziam as estações e as épocas de Lua cheia
e Lua nova.
Os babilônios também registraram os movimentos das estrelas em seus documentos
astronômicos. Foram eles que, há 4000 anos, agruparam as estrelas do céu em
constelações que, embora fossem diferentes das conhecidas hoje, formaram as bases
para o Zodíaco atual.
O texto cuneiforme ao lado, que está no Museu Estadual de Berlim, contém o mais
antigo uso dos doze signos zodiacais. Na linha 5 lê-se "Júpiter e Vênus no começo
de Gemini, Marte em Leão, Saturno em Peixes. Vigésimo nono dia: ocaso a tarde
de Mercúrio em Touro". Estas posições correspondem ao mes de abril do calendário
atual, no ano 419 a.C.
No entanto, as civilizações que se desenvolveram na Mesopotâmia continuaram
a fazer grandes contribuições para o conhecimento astronômico. Pode-se dar a elas o
crédito de terem fundado a astronomia como ciência.
Pela sua própria disposição política em estados-cidades falar da ciência desenvolvida
na Mesopotâmia é falar dos vários povos que habitaram aquela região.
Os sumérios
Quem eram os Sumérios
Inicialmente, a maioria das pessoas que habitaram os vários estados-cidades
estabelecidos na Mesopotâmia eram Sumérios.
Os sumérios vieram de muitos lugares. Alguns deles vieram das terra de Akbad,
o que faz com que suas origem estejam ligadas a tribos semíticas que viveram
no quarto milênio a.C. Outras tribos se fixaram em Eridu, próximo ao rio
Eufrates no sul da Mesopotâmia, povos estes com uma origem ainda mais antiga.
Os sumérios também se fixaram em Ur, uma região que prosperou até quase
o tempo de Homero, e também em Lagash, uma cidade que escavações
arqueológicas revelaram ser um dos mais criativos meios ambiente daqueles
tempos antigos, e que prosperou até aproximadamente a mesma época da
queda do Velho Reinado egípcio, por volta de 2500 a.C.
Claro que estas cidades não existem mais e só são lembradas pelos que
estudam a Bíblia ou pelos professores e estudantes de história.
A astronomia dos Sumérios
Os Sumérios tinham uma grande fascinação pela astronomia e astrologia.
O fato importante é que, ao contrário dos egípcios que se preocupavam
com a astronomia somente por causa de seus usos práticos, os sumérios
estudavam o céu não só pela questão prática mas também com o objetivo
primário de adquirir conhecimentos sobre os astros.
Uma das grandes contribuições dos sumérios para a astronomia foi a
invenção do seu calendário. Embora ele fosse muito semelhante ao que
já havia sido inventado pelos egípcios, baseado em um ano de 360 dias,
o calendário sumério possuia uma importantíssima diferença.
O calendário sumério tinha sido equipado com ajustes periódicos para
compensar o fato de que o ano tinha, na verdade, 365 1/4 dias ao invés
de 365 dias e o mês lunar era, na verdade, formado por 29 1/2 dias em
vez de 30 dias. Isto significa que o calendário anual proposto pelos
sumérios tinha um erro de 11 dias a cada ano. Assim, após a passagem
de alguns anos, dependendo do ajuste necessário, os sumérios teriam
que acrescentar um mês adicional ao seu calendário.