quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CARL ORFF - SACRO-PROFANO

.                                                        CARL  ORFF
.Ele atea na gente
um fogo delicioso
- Titã fazendo fumaça.

http://www.livevideo.com/video/Sp33D/C581DE48EFCA4BCAA08CEE0260108609/carmina-burana-fortuna-impe.aspx


 Ele brinca com a música
 faz da beleza uma nave 
-Titã amante de gato .

http://www.youtube.com/watch?v=UZ-gTdR3oTQ&feature=player_embedded#


Titã na hora vaga
brincando com a inocência
- Carl nave de Orff

o r f f   
(1895-1982)
 
Compositor alemão, Carl Orff nasceu em 10 de julho de 1895 em Munique. Após estudos humanísticos voltou-se para a música, sendo regente em teatros de Munique, e assumindo, em 1924, a direção musical das escolas de dança de vanguarda de Dorothée Günther. Desde 1936 foi professor de música em Munique, desafiando corajosamente os nazistas, chegando a zombar de Hitler na pequena ópera Astutuli, que a censura não compreendeu. Orff morreu em Munique, em 29 de março de 1982.
Dedicou-se à 'música de uso comum' (danças e coros populares) no sentido de Hindemith, também escrevendo obras teóricas para este objetivo. Sua primeira obra representada foi uma versão moderna de Orfeo, de Monteverdi (1925).
Carmina burana (1937) é obra coral sobre poesias latinas medievais, de exuberante alegria e fortes acentos eróticos. A obra, inicialmente destinada para representação como ópera, venceu, porém, nas salas de concerto. A música é deliberadamente anti-Romântica, sem a menor influência wagneriana, mas tampouco tem pontos de contato com o neo-classicismo de Stravinsky nem com o dodecafonismo de Schönberg. É uma música inteiramente original, quase sem harmonia, baseada só em elementar força rítmica, acompanhada por orquestra inédita: principalmente percussão e vários pianos.
Orff já foi chamado 'espécie de Stravinsky alemão'. Sua música não se parece com a do compositor russo, mas, como ela, parece primitiva ou primitivista e é, na verdade, altamente sofisticada. Orff inventou mundos sonoros inteiramente novos e fascinantes. Como continuações de Carmina burana, escreveu Orff duas outras obras, 'cênico-concertantes', Canções de Catulo (1943), sobre textos eróticos do poeta romano e Triunfo de Afrodite (1952). Essa trilogia de Orff, sobretudo a primeira parte, obteve surpreendente sucesso internacional, um dos maiores da música contemporânea.
Para o teatro escreveu Orff as óperas fantástico-populares A Lua (1939) e A astuta (1943), mas o grande sucesso foi a ópera trágica Antígona (1949), cujo libreto é tradução hermética de Sófocles por Hölderlin. A música, bastante estranha, obedece à maneira técnica de Carmina burana. Depois compôs Orff, Édipo, o tirano (1960), também conforme o texto de Sófocles- Hölderlin.
Essa você conhece! O midi abaixo corresponde à música mais conhecida de Orff. É só clicar e ouvir!
.DEPRESSA,LIGA ESTE LINK E ENTRE NA RODA  - E AME E VIVA INTEGRAL-MENTE!!!

.

Carl Orff (Munique, 10 de julho de 1895 — Munique, 29 de março de 1982) foi um compositor alemão, um dos mais destacados do século XX, famoso sobretudo por sua cantata Carmina Burana.

A sua maior contribuição, contudo, situa-se na área da pedagogia musical, com o Método Orff de ensino musical, baseado na percussão e no canto. Orff criou um centro de educação musical para crianças e leigos em 1925, no qual trabalhou até a data do seu falecimento.

 Vida

Carl Orff se recusava a falar publicamente seu passado. É sabido entretanto que nasceu em Munique, oriundo de uma família da alta burguesia bávara, muito ativa na vida militar alemã.

Orff estudou na Academia de Música de Munique até 1914. Serviu então às forças armadas durante a Primeira Guerra Mundial. Posteriormente, atuou nas óperas de Mannheim e Darmstadt, retornando depois a Munique, para continuar seus estudos musicais.

Em 1925 foi co-fundador da Guenther School, para atividades físicas, músicas e dança em Munique, na qual trabalhou com iniciantes em música até o fim de sua vida. Pelo constante contato com crianças, desenvolveu suas teorias de educação musical neste período.

Embora a associação de Orff com o nazismo nunca tenha sido comprovada, Carmina Burana tornou-se muito popular na Alemanha nazista depois de sua apresentação na cidade de Frankfurt, em 1937. Orff era amigo de Kurt Huber, um dos fundadores do movimento de resistência Die Weiße Rose (em alemão, '"A rosa branca"), condenado à morte pelo Volksgerichtshof e executado pelos nazistas em 1943. Depois da Segunda Guerra Mundial, Orff alegou ter sido membro do grupo, tendo-se envolvido na resistência, mas não há evidências disso.

Orff foi enterrado na igreja barroca do Mosteiro de Andechs, no priorado de Andechs, sul de Munique.

Trabalho musical

Carl Orff é mais conhecido por Carmina Burana (1937), uma cantata encenada. É a primeira de uma trilogia intitulada Trionfi, que também inclui Catulli Carmina e Trionfo di Afrodite. Essa composições refletem seu interesse pela poesia medieval alemã. É descrita pelo compositor como "a celebração de um triunfo do espírito humano pelo o balanço holístico e sexual". O trabalho foi baseado no verso erótico do século XIX de um manuscrito chamado Codex latinus monacensis, encontrado em um mosteiro da Baviera em 1803 e escritos pelos goliardos. Apesar de moderno em algumas de suas composições, Orff soube capturar o espírito da era medieval em sua trilogia. Os poemas medievais foram escritos em uma forma arcaica de alemão e latim.

Com o sucesso de Carmina Burana, Orff abandonou todos os seus trabalhos anteriores, exceto por Catulli Carmina e En trata, que foram reescritos até serem reaceitos por Orff. Como fato histórico, Carmina Burana é provavelmente a peça mais famosa da Alemanha nazi. Foi tão popular que Orff recebeu subsídios em Viena para compor uma música para Sonho de uma Noite de Verão, a fim de substituir a música banida de Mendelssohn.

Orff relutava em denominar seus trabalhos simplesmente como óperas. Por exemplo, ele designou Der Mond (ou A lua em língua alemã) (1939) como Märchenoper (ou Ópera de conto de fadas). Die Kluge (A mulher sábia) (1943) também se incluía na mesma categoria, segundo ele. Em ambas as composições existe o mesmo som medieval ou atemporal, sem copiar os idiomas musicais do período.

Sobre Antígona (1949), Orff alega que não era uma ópera, mas sim uma configuração musical de uma tragédia arcaica. O texto é uma excelente tradução para o alemão, por Friedrich Hölderlin, da peça de Sófocles de mesmo nome. A orquestração depende muito da percussão, mas é simples. Foi definida por muitos como minimalista, em razão da linha melódica da obra. A história da caça de Antígona é similar à de Sophie Scholl, heroína da Rosa Branca.

O último trabalho de Orff, De Temporum Fine Comoedia (Uma peça para o final dos tempos), teve sua apresentação no festival de música de Salzburg em 20 de agosto de 1973, executada por Herbert von Karajan com a Orquestra Sinfônica e de Coro de Colônia.

Trabalho pedagógico

Ao longo de sua vida, Orff trabalhou bastante com crianças, usando a música como uma ferramenta educacional, tanto a melodia e o ritmo, tratadas através de palavras.

Nos círculos pedagógicos, Orff é lembrado por essa nova abordagem da educação musical, desenvolvida junto com Gunild Keetman e consubstanciada no seu método Orff-Schulwerk (1930-35). Sua simples instrumentação permite que mesmo crianças não iniciadas possam executar peças musicais com facilidade. O termo Schulwerk em alemão significa tarefa (ou trabalho) escolar.

Orff-Schulwerk (ou método Orff) é um conceito pedagógico no ensino da música para crianças, derivado da obra Musik für Kinder (em alemão, Música para crianças) do compositor alemão Carl Orff e Gunild Keetmann, publicada entre 1950 de 1954 em cinco volumes. O termo Schulwerk em alemão significa tarefa ou obra escolar.

Orff Schulwerk é uma forma de ensinar e aprender música. É baseado em coisas que crianças gostam de fazer: cantar, cantar rimas, bater palmas, dança e manter uma batida em qualquer coisa perto. Esses instintos são dirigidos para a aprendizagem da música por ouvir e fazer música em primeiro lugar, a leitura e escrita são apenas mais tarde. Esta é a mesma maneira que todos nós aprendemos a nossa língua. Orff Schulwerk é projetado para todas as crianças, não apenas os privilegiados, talentoso, ou alguns selecionados. Há um lugar para cada criança e cada um contribui de acordo com sua capacidade. Orff Schulwerk acontece em uma atmosfera não-competitiva, onde uma das recompensas é o prazer de fazer música boa com os outros. A leitura e escrita musicalse dá apenas no instatnte em que a criança quer escrever o que ela tem composto, leitura e escrita hão de encontrar o seu momento.

Orff Schulwerk usa poemas, rimas, jogos, canções e danças como exemplos e materiais básicos. Estes podem ser tradicionais ou originais. a língua Falada ou cantada,que podem vir a ser acompanhadas por palmas ou por tambores, paus e sinos. Os instrumentos melódicos especiais incluem xilofones de madeira e de metal que produzam bom som e boa acuidadede sonora. Os instrumentos tocam juntos como uma pequena banda e/ou orquestra, a sua utilização ajuda as crianças a tornarem-se sensíveis ouvintes e participantes atenciosos. Com Orff Schulwerk, improvisação e composição de estudantes começam por uma vida de conhecimento e prazer através da experiência musical pessoal. Aprendizagem só faz sentido se traz satisfação ao aluno, e satisfação decorre da capacidade de utilizar os conhecimentos adquiridos com a finalidade de criar. Para ambos professor e aluno, Orff Schulwerk é um tema com variações infinitas.

O título "Schulwerk" é uma indicação do processo educacional a ter seu lugar: é Schulwerk, escolaridade (em música), através de trabalho, que é ativo e criativo. O compositor Carl Orff e seu sócio Gunild Keetman evoluíram os textos básicos para a Schulwerk como modelos para professores de todo o mundo. Agora traduzido em dezoito idiomas, Orff Schulwerk é baseado na música tradicional e do folclore de cada país em que é utilizado. Atualmente, mais de 10.000 professores nos Estados Unidos encontraram no Schulwerk a maneira ideal para apresentar a magia da música para seus alunos.

Orff começou com o ritmo, elemento fundamental inerente à música, dança e fala, combinando-os e unificando-os em uma linguagem. Improvisação e criação estavam no centro do seu ensino. Porque um número de seus alunos não tinham tido formação musical anterior, enfatizou sons do corpo e os gestos de ritmo, e ele usou a voz como a primeira e mais natural dos instrumentos. Ele deu grande importância ao tambor em todas as suas variações de tamanho, forma e som. Ele fez o ostinato (uma repetida rítmica, falada ou cantada padronicamente) servem como a forma que dá elemento em todas as improvisações. Gunild Keetman e o dançarino Maja Lex se juntou a escola como os alunos em 1926 e 1925, respectivamente. Orff considerados ambos como igualmente talentoso na música e na dança; logo eles se tornaram colegas e parceiros na busca de uma expressão elementar da música e da dança. Colaboração Keetman, em particular, mostrou-se de imenso valor no desenvolvimento do conjunto instrumental e seu estilo musical. Durante o final da década de 20, com a inestimável ajuda de Karl Maendler, os instrumentos barrados (que hoje são simplesmente referido como "instrumentos Orff") foram projetados e construídos para a escola. Em 1930, Lex e Keetman fundou um grupo de dança e orquestra com alunos da Guntherschule que se tornou amplamente conhecido na Alemanha e no exterior. Naquele mesmo ano, viu o surgimento das primeiras publicações. Orff estava bem consciente de que a publicação trouxe consigo o perigo de que a finalidade dos livros seria mal interpretado. Nascido fora da improvisação, o meio líquido de música elementar não se adaptam bem ao meio estática de impressão. Por outro lado, ele percebeu que só através da publicação do seu valor educativo poderia ser conhecido.

Começando em 1931, palestras, demonstrações e cursos de formação chamava a atenção dos educadores musicais na Alemanha, para o trabalho na Guntherschule. Mas, durante a década de 1930 e 40, a abordagem de Orff de pedagogia de música foi declarada em conflito com a prevalecente clima político e ideológico, na Alemanha. Várias de suas obras publicadas foram retiradas a partir da publicação, porque ele tinha usado poemas de escritores já não é aceitável. Em 1944, o Guntherschule foi fechado devido à pressão política, a construção e a maioria dos seus estoques foram completamente destruídas pelos bombardeamentos. Entre 1935 e 1942 Orff criou o seu primeiro "maduro" obras estágio: Carmina Burana e contos as duas Grimms 'fairy Der Mond e Die Kluge. Estas obras são de interesse direto para o professor Schulwerk por causa de sua relação estilística à linguagem musical de Orff Schulwerk.

Após a Guerra, Orff foi contactado pela Companhia de Radiodifusão da Baviera e perguntou se ele poderia criar uma série de transmissões para e com as crianças. Suas dúvidas iniciais foram logo substituídos com entusiasmo, percebendo que a tarefa seria renovar o seu sonho há muito abandonado de reforma do ensino da música. Ele se envolveu Gunild Keetman para auxiliar no planejamento e trabalhar com as crianças. Em setembro de 1948, o primeiro programa foi ao ar. Professores, pais e filhos exigiram mais, e uma série alargada foi apresentada. Entre 1950 e 1954, Orff e Keetman anotou os conceitos pedagógicos que tinha crescido para fora de seu trabalho com crianças. Quando terminaram, eles haviam escrito cinco volumes: Schulwerk, na sua re-criação e transformação, teve a música para a Criança. A rádio não tinha a possibilidade de incluir o aspecto do movimento, fundamental para o desenvolvimento rítmico. Keetman Em 1949, foi convidada para ministrar cursos para crianças no Mozarteum de Salzburgo, na Áustria. Agora o movimento de formação poderia ser sistematicamente incorporada Orff Schulwerk. Em 1963, o Instituto Orff foi aberto; ainda um ramo da Mozarteum de hoje, ele funciona como um centro internacional de treinamento, bem como o ponto focal para Orff Schulwerk todo o mundo. No centro da obra de Carl Orff é um tipo de expressão musical que é capaz de falar com crianças sem a perda da integridade musical. É aí que reside a sua grande importância, o seu gênio.

Orrf-Schulwerk é divido em:

Composições Orff
Instrumentos Orff

Os instrumentos Orff são instrumentos de sala de aula. Estes foram projectados e adaptados para que todas as crianças terem acesso à música. Todos os instrumentos de sala de aula, com excepção da Flauta de bisel, são instrumentos de percussão (pois são batidos). Estes por sua vez podem ser classificados de duas maneiras: Quanto à sua Altura – Definida ou Indefinida; Quanto à sua Família – Peles, Madeira ou Metal

Os instrumentos de Altura Definida
Flauta de bisel; Xilofone Baixo; Xilofone Contralto; Xilofone Soprano; Metalofone Baixo; Metalofone Contralto; Metalofone Soprano; Jogo de Sinos Soprano e Jogo de Sinos Contralto.

Instrumentos de Altura Indefinida,
Bombo; Pratos; Gongo; Castanholas; Triângulo; Caixa Chinesa; Reco-reco; Pandeireta; Maracas; Guizeira; Clavas; Tamborim; Prato Suspenso; Bongós; Caixa de Rufo; Windchime; Temple-block; Timbales e Congas.

Instrumentos por Famílias
Madeiras: Xilofone Baixo; Xilofone Contralto; Xilofone Soprano; Castanholas; Caixa Chinesa; Reco-reco; Maracas; Clavas; Temple-block. Peles: Bombo;Tamborim; Pandeireta com pele; Caixa de Rufo; Timbales Congas; Bongós. Metal: Metalofone Baixo; Metalofone Contralto; Metalofone Soprano; Jogo de Sinos Soprano e Jogo de Sinos Contralto; Triângulo; Pandeireta sem pele; Guizeira; Windchime; Gongo; Pratos.
Carl Orff (1895-1982) & His Schulwerk
Fonte - Orff Schulwerk: Applications for the Classroom por Brigitte Warner, Prentice Hall, 1991
Wikipédia, a enciclopédia livre.
batepapoafinado.blogspot.com/2009/.../carl-orff.html -

GUERRA SEM TRÉGUA AOS VERDADEIROS DONOS DA TERRA


Os botocudos foram vítimas de uma guerra sem trégua






De fato, os registros das expedições ocorridas antes do século XIX dão conta de que elas não passaram das florestas dos botocudos. Isso aconteceu com Espinosa, Tourinhos, Adorno, Martim Carvalho, coronel Bento Lourenço Vaz de Abreu Lima e Francisco Teixeira Guedes. Ou foram abatidos pelos botocudos ou voltaram com baixas para seus lugares de origem. Nenhum deles saiu ileso dos confrontos. Os poucos que escaparam, Deus sabe como, contaram as táticas de guerrilha dos índios.


Somente com a invasão maciça no século XIX é que vieram os civilizados a conhecer a vitória sobre os botocudos. Alguns até conseguiram ludibriar os selvagens com propostas de paz, que, em verdade, traduzia-se numa tolerância de penetração no seu território. E os que trataram os índios de maneira simpática lograram esse intento. Entre os que assim procederam estavam Teófilo Otoni, João Felipe Calmon, os freis Serafim Gorízio e Ângelo Sassoferrato. Aproveitaram muito bem o rastro de humanitarismo deixado pelo comandante francês Guido Marliére, no início do século XVIII.


O maior e mais cruel massacre


"Pogirum! Pogirum! Jak-Jemenuk!" 

(Mãos Brancas! Mãos Brancas! 
Nós já estamos mansos! 

Já não somos matadores!).


Assim os índios do cacique Poton gritavam para a expedição de Teófilo Otoni, que iniciou a penetração no território dos botocudos em 1847. Estava ele na área conflagrada de Todos os Santos, onde os índios de Poton mantinham luta aberta contra os de Giporok. Como essa luta era travada numa região pretendida pela Companhia do Mucuri, Teófilo Otoni interessou-se em pacificá-los e saiu em busca da tribo de Giporok: "Fiquem mansos vocês, que nós estamos mansos como cágados", disse o cacique a Teófilo Otoni, no seu primeiro encontro.


O grande chefe guerreiro tinha acabado de tomar de assalto a fazenda dos Viola, uma família que mantinha em cativeiro duas crianças botocudas e que foram recuperadas nesse ataque. O desafio do fazendeiro custou a vida de oito pessoas da sua família. Teófilo Otoni desarmou Giporok e seu grupo com propostas de paz. Em seguida, incentivou o grande guerreiro a procurar a vila dos civilizados a fim de confraternizar com os brancos.


História acabou destacando o vilão e usurpador


Marliére era um europeu querido dos índios, que se empenhou para evitar o massacre dos botocudos, durante os primeiros movimentos de guerra do conde de Linhares, Saint-Hilaire, outro humanista europeu, quando esteve no Rio Doce, apreciou o trabalho de Marliére com os índios e lhe deu um grande apoio. Doente em Paris recebeu dele uma carta comovente: "Eu me aflijo pela sua má saúde, como se fôsseis um irmão; vós não sereis chorado apenas pelos que se dedicam à ciência; sê-lo-á também pelos meus pobres índios; eles aprenderam que no outro hemisfério têm um amigo que pleiteia sua causa no tribunal da Humanidade".


Contudo, a História distinguiu, equivocadamente, como grande amigo dos botocudos, o político mineiro Teófilo Otoni. Enquanto Marliére, no seu tempo, cuidou de evitar a entrada dos aventureiros, Teófilo Otoni penetrou no território botocudo a fim de instalar a companhia do Mucuri (uma estrada de ferro). A cada passo que dava com seus homens para dentro das florestas, ou com suas embarcações, levava presentes para os índios. Esse comportamento era exatamente o oposto daqueles que anteriormente haviam se aproximado dos botocudos, com um espírito hostil que freqüentemente resultava em extermínio dos índios.



Século Diário responde pelo que publica: redacao@seculodiario.com - (0xx27) 3325-4337
Século Diário Copyright© 2000 - 2002. Design by Gustafah Copyright© 2000 - 2002. Todos os direitos reservados.
Proibida sua reprodução total ou parcial. www.seculodiario.co 


GUIDO TOMÁZ MARLIÈRE - O CIVILIZADOR










Guido Thomáz Marlière
 





















Nasceu em Jarnage, Departamento de Creuse, antiga Província de Marche, a 3 de dezembro de 1.767.
De uma família monarquista, após estudar humanidade e filosofia, entrou para o exército francês, aos 18 anos.


Sobreviveu à Revolução Francesa e à era Napoleônica.


Lutando contra as forças revolucionárias, vencido, fugiu, com os militares, para a Alemanha, integrando-se à legião realista do Visconde Mirabeau, formada de imigrantes.
Bateu-se valentemente, foi ferido na Batalha de Bertscheim.


Passou a fazer parte do Regimento de Mortemart.
Derrotado por Napoleão, seguiu o Regimento para a Inglaterra, sendo enviado pelos ingleses a Portugal., em 1.797, para defender as terras lusitanas de possível invasão napoleônica.


Criada, em Lisboa, a Guarda Real de Polícia A PÉ e A CAVALO, para ela entra Guido Marlière em 1.802, como Porta Estandarte.


Começa aí, sua vida no Exército Português.
Alferes em 1.807, acompanhou depois a Família Real na fuga para o Brasil.


Em 1.810 foi promovido a Tenente; Capitão e Diretor Geral dos Índios em 1.816; Major em 1.821, Tenente-Coronel em 1.823 e Comandante de todas as Divisões do Rio Doce; e, finalmente, Coronel de Cavalaria em 1.827. Reformado em 1.829.


Enviado em 1.813, para pacificar o Presídio de São João Batista (Visconde do Rio Branco), conseguiu apaziguar as tribos Kropós, Croatas e Puris, trazendo-as à civilização.
Continuou, com seus soldados, a abrir estradas, varando florestas virgens, na antiga "Mata", muito mais vasta que a atual, que vinha do Jequitinhonha, pela zona siderúrgica, a São Domingos do Prata, Abre campo, até Rio Pomba, indo, pelo Vale do Rio Doce e do Jequitinhonha, atingir os Rios Mucuri e São Mateus, numa imensa região desconhecida e perigosa, pela presença de indígenas antropófagos.


É bom verificar que Marlière conseguiu pelo espírito de retidão e justiça, pela mansidão e amizade, o em que outros falharam, pelas armas.


Seu processo era dar alimentos e ferramentas aos índios, ensinar-lhes a agricultura, aprender-lhes a língua e atraí-los ao adiantamento.


Tinha amor aos selvagens.

A pacificação e aldeamento dos Botocudos, ferozes e devoradores de carne humana, foi, sem contestação, a maior conquista de Guido Marlière.


Entanto, sua obra civilizadora abrange centenas de tribos, além dos Puris, Kropós, Croatas, Nacnenuques, Malalis, Manhuaçus, Gracnuns, Quejaurins, Machacalis e outros.


Numerosas povoações e municípios resultaram dos aldeamentos indígenas de Marlière, entre os quais citamos os seguinte : Guidoval, Visconde do rio Branco, Guiricema, Cataguases, São Geraldo, Muriaé, Miraí, Astolfo Dutra, Conselheiro Pena, Governador Valadares, Procrane, Tarumirim, Resplendor, São Domingos do Prata, Mesquita, Marlière, Jaquaraçu, Jequitinhonha, etc..


Marlière falava várias línguas, como o francês, alemão, inglês, português, o tupi, a áspera linguagem dos tapuias.


Sobre costumes e lendas dos silvícolas, escrevia nos jornais de Vila Rica, a "Abelha do Itacolomi " e o " Universal ".


Maçom de alto gabarito, Guido era, em 1.821, Venerável da Loja "Mineiros Reunidos", de Vila Rica.
Fundado o Grande Oriente do Brasil no dia 16 de junho de 1.822, incontinente Marlière pediu filiação, ao mesmo, da Oficina Mineira.



A integração foi deferida, como consta da Ata da Sessão Nº 8, de 31 de julho de 1.822, do Grande Oriente do Brasil.
Foi, dessa forma, a primeira Loja do interior a se filiar, cerca de um mês apenas após a criação da Potência Maçônica, revelando o zelo e a atividade de Guido.
Em vista dessa integração, Marlière foi nomeado o primeiro Delegado do Grande Oriente do Brasil na Província de Minas Gerais.


Retirando-se para a sua Fazenda GUIDWALD, no atual município de Guidoval, antigo SAPÉ DE UBÁ, Marlière faleceu a 5 de junho de 1.836, ante a consternação geral e lágrimas dos selvagens.


Texto extraído do Livro " O Segredo revelado de Guido Marlière" de ARY GONÇALVES.
Mais informações sobre Guido Marlière :
  • Oiliam José - "Marlière, o Civilizador"
  • João Dornas Filho - Figuras da Província
  • Augusto De Saint Hi




  • Revista Chico Boticár






  • Dr. Manoel Basílio Furtad






  • Cronologia sobre Guido Marlière 
     
     

     
     

    Filme documentário-GuidoMarliere.pdf
    1636K   Visualizar   Baixar   




     
    GUIDOWAL
     
    HISTÓRIA DA CIDADE
    A indústria mais desenvolvida é a do beneficiamento do fumo, que é exportado para os principais centros beneficiadores de Minas e de outros estados. A chegada na Província de Minas Gerais do francês Guido Thomaz Marlipre trouxe grande impulso para a colonização de suas terras. Enviado pela Coroa para pacificar os indígenas, Guido foi responsável pelo surgimento de várias cidades, dentre elas Guidoval. Foi no território onde hoje se encontra essa cidade que o chamado Diretor Geral dos índios e Comandante das Divisões Militares do Rio Doce instalou o seu Quartel General, num lugar chamado serra da Onça. O colonizador morreu em 1836, na sua fazenda Guidoval e daí o nome da cidade - Vale do Guido. O município foi criado em 1948.

    Significado do Nome

    O nome foi dado ao lugar em homenagem ao coronel Guido Marliére, um de seus desbravadores, e derivou-se de Guidowald, que em alemão significa floresta do Guido.




     
    VALE DO RIO DOCE


        Um pouco de nossa história

        Entende-se como Médio Rio Doce a área do Estado de Minas Gerais que vai da foz do Rio Piracicaba à foz do Rio Manhuaçu ou da cidade de Ipatinga à de Aimorés, formando um ângulo de 90 graus em Governador Valadares. Imemorialmente habitada pelos índios Borum (Botocudos, hoje Krenak) a região foi colonizada já neste século. A memória do desmatamento, da matança dos índios, da mineração, da implantação do latifúndio e da violência armada contra os pobres está muito viva. Por todos os lados é possível encontrar testemunhas oculares dos fatos ocorridos.

        Para uma área próxima à cidade de Resplendor, voltam, agora, de exílios diversos, os remanescentes dos Borum, exprimindo contra todas as possibilidades, o que Pierre Clastres definia como traço constitutivo das sociedades que recusam o Estado: sua vontade deliberada de permanecer Nós indiviso¹.

        Já por 30 anos acontece, nesta região, depopulação e há migrações desordenadas para qualquer lugar, sendo, ultimamente, para Rondônia e para os Estados Unidos. Jagunços e coronéis constituem referência de autoridade até hoje e a prática policial pauta-se, ainda, pelo princípio de que "pau só não conserta garrafa".

        Mesmo acautelado pela assertiva de Paul Veyne, de que "não se pode fotografar a sociedade como se faz com uma paisagem"², ouso tentar fazer um elementar inventário de acontecimentos que, tendo lugar no Médio Rio Doce, ao longo de quase um século e meio, tiveram a alinhavá-los o propósito de colonização. Ciente da completa ausência de sistematizações históricas destes acontecimentos e não dispondo das condições de acesso e consulta aos possíveis documentos, remeti-me à literatura, pouca e rara, romanceada ou de autobiografia, considerando-a fonte para pesquisa histórica, animado pela obra do historiador Bronislaw Gemerek que, em seu recente livro "Os Filhos de Caim", mostra ser possível tomar a literatura como história social.

        Assumo o risco, apontado por M. Foucault em seus ensaios de história de cair no que ele defina como ideologia: "estilo nobre e vago, próprio a se idealizar as práticas sob pretexto de descrevê-las"³. Faço-o, no entanto, pela percepção de que no vazio entre os fatos percebidos, há outros fatos que nosso saber nem imagina. No caso, o contorno que seria dissimulado por uma história periodizada e apenas factual é o da conformação e teste de um modelo que presumo estar sendo aplicado nas frentes de colonização que se abriram no país após os experimentos do Rio Doce.

        Ainda é M. Foucault que nos vem alertar que a consciência não tem como função fazer-nos apreender o mundo, mas permitir que nos dirijamos neste mundo. Uma pena que o Arnaldo Jabor venha nos remeter à crueza do cotidiano da modernidade em que segundo ele, "a consciência do problema não traz problemas de consciência" (Folha de S. Paulo 06/06/95).

        É lugar comum nos relatos dos viajantes do século passado a referência ao Rio Doce como região "infestada" por botocudos antropófagos que faziam audaciosos ataques a qualquer incursão de estranhos. Falam da viabilidade da navegação no Rio Doce para pequenos vapores e de uma companhia inglesa que se propunha a explorar o trajeto entre o litoral e Minas Gerais. Kidder4 constata a variedade de peixes e Saint-Hilaire5 descreve a espessa floresta, compacta a ponto de impedir a ação do sol, e as febres, o impaludismo, ameaçadores em qualquer época do ano. A tal informação acerca da antropofagia dos nativos do lugar é reproduzida dos documentos oficiais do Império, mas não comprovada pelos viajantes e estudiosos. É de se lembrar que a informação foi propagada no bojo de uma campanha oficial para manter o Rio Doce como "área proibida".

        Durante o século XVIII, severas leis proibiam as incursões e a mineração nas terras do Rio Doce. Através destas leis, a Coroa Portuguesa fez da região uma reserva estratégica de terras, madeiras nobres e, presumivelmente, minerais. Servia também de cinturão de proteção das zonas de exploração do ouro, em Minas, impedindo o tráfico para o litoral do Espírito Santo6. Tal reserva foi efetivada após a falência das Capitanias que visavam sua exploração: do Espírito Santo, de Ilhéus e de Porto Seguro7. Caio Prado Júnior, em seu livro "Formação do Brasil Contemporâneo" sugere que esta reserva serviu de refúgio para inúmeras tribos indígenas do litoral, que não aceitaram se submeter ao domínio dos colonizadores.

        Em 1808, com a chegada da Corte Portuguesa ao Rio, fugindo das tropas de Napoleão, Dom João VI elabora três decretos que incentivaram e legitimaram quaisquer ataques aos povos indígenas do Rio Doce, genericamente denominados "botocudos" nos documentos oficiais. O fato é que Dom João VI chegava com alguns milhares de pessoas e as terras da Coroa mais próximas do Rio de Janeiro eram as do Rio Doce. Os decretos orientavam para a militarização da área, a captura e a escravização de indígenas, a implantação de aldeamentos para catequese religiosa dos que não oferecessem resistência e a doação de sesmarias nas terras conquistadas. Listaram, ainda, justificativas para ações violentas contra os indígenas8.

        Do lado de Minas Gerais, os quartéis eram construções simples, próximos às cachoeiras dos rios e chegaram a quase 30; no Espírito Santo, quase 40 e no sul da Bahia, 6. Por atrair índios famintos e doentes, e colonos amedrontados, servirem de entreposto de mercadorias e, às vezes, oferecerem serviços religiosos, muitos destes quartéis e presídios transformaram-se, pouco a pouco, em vilas e cidades. Muitos colonos, e mesmo militares, eram criminosos de outras partes do país enviados para cumprir suas penas como civilizadores da região9. No entanto, a abertura do Rio Doce se dá durante a crise da mineração do ouro no centro de Minas Gerais e muitos aventureiros buscam no Vale pedras preciosas e ouro de aluvião. Havia muitas lendas acerca da abundância de tais riquezas no Rio Doce, até então desconhecido.

        Relatórios de inspeções das Divisões Militares de Minas Gerais indicam que, durante todo o século passado, a deserção de soldados e o abandono das terras recebidas pelos colonos eram em alto número no Vale do Rio Doce. Saint-Hilaire considerou tais terras uma isca oferecida pelo governo para que massas humanas abandonassem os centos urbanos. Lamentou a destruição das matas e a barbárie da ausência de leis, como conseqüências mais imediatas deste processo.

        O fato é que, com todo o empreendimento do Estado, o século XX chegou sem que nenhuma povoação significativa de colonos tivesse se estabelecido no Médio Rio Doce. Os povoados de Santo Antônio da Figueira (hoje Governador Valadares) e da Natividade (hoje Aimorés) reuniam 30 ou 40 casas. Pocrane, fundada em 1870, só em 1930 alcançou as 60 casas10.

        É de fato neste século que a colonização aconteceu. No século passado foram criadas algumas condições, foram feitos ensaios. É inevitável, ao saber dos novos projetos de colonização do Norte do Brasil, relacioná-los com os dados da colonização do Vale do Rio Doce. É possível reconhecer absoluta similaridade de situações, propósitos e até de atores sociais, entre o Calha Norte, de agora, e o "Calha Leste de Minas", de tempos idos: Florestas - índios - quartéis - estradas - madeira e garimpo - pecuária - crise - parecem compor um cenário revisitado.

        Após a formação, por decreto real, da Junta Militar de Civilização, Colonização e Comércio do Rio Doce, em 1808, a única voz dissonante, no massacre dos índios da região, foi a de Guido Marliére. Aventureiro monarquista francês, teve problemas com as autoridades brasileiras logo que chegou, em 1811, mas logo foi ganhando reconhecimento por sua disciplina e seus princípios de defesa da civilização contra a brutalidade dos militares e funcionários do governo, na cabeceira do Rio Doce11.

        Marliére tornou-se responsável pela catequese dos índios no Vale do Rio Doce. Era catequese civil, de integração dos índios na sociedade nacional, sem serem destroçados. Em caso de catequese religiosa, como ordenava o decreto real, solicitava padres estrangeiros, pois, segundo ele, os padres mineiros tinham aversão aos índios. Recebeu em seu período muitos visitantes e pesquisadores estrangeiros, que deixaram os registros mais antigos sobre os índios e o processo de colonização. Suas anotações acerca dos aldeamentos indígenas, sempre anexos aos quartéis, indicam que eles eram habitados por 300 a 1000 pessoas, cada um.

        Os visitantes do século passado denunciavam na Europa os maus-tratos afligidos aos indígenas e tanto o príncipe Maximiliano de Newied quanto Saint-Hilaire coincidem na denúncia da guerra bacteriológica de então: os colonos doavam aos índios roupas com vírus da varíola. Também denunciavam a embriaguez e a fragilidade dos índios frente a tudo isso. Em uma carta a Saint-Hilaire, Marliére agradece a defesa que ele fazia dos índios e, em outra, escreve que em treze anos de reclamos a sucessivos governos, só recebeu evasivas e que nenhum matador de índios tinha sido punido; não se castigava a opressão e nenhum palmo de terra tinha sido restituído aos índios.

        Marliére morreu no interior de Minas, em 1836, mas em 1829 já havia abandonado seus compromissos com o governo. Por mais polêmica que tenha sido sua atuação, é consenso nos registros históricos, que três anos após seu desligamento do trabalho, não havia mais aldeamentos de índios no Rio Doce. Tinham sido destroçados ou abandonados, com acelerado extermínio dos seus moradores12.

        Vitimados por represálias, traições e pestes, os remanescentes dos botocudos, denominados Krenak, foram agrupados em 1911 pelo SPI - Serviço de Proteção ao Índio, numa área a 16 km da atual cidade de Resplendor, rio acima. Posteriormente, também os remanescentes do Espírito Santo foram enviados para a mesma área. Tudo leva a crer, no entanto, que a maioria dos sobreviventes se dispersou, pois são comuns os relatos dos colonos mais antigos acerca dos índios sem rumo e em bandos, que estavam por todas as estradas do Vale, até 1940. O SPI demarcou, nesta época, a área Krenak, com quase quatro mil hectares de terras servidas por rios e córregos, com muita fertilidade. A urbanização da região e o surgimento do latifúndio fizeram com que políticos e fazendeiros vissem como absurda a presença de índios ali. Além disso, o SPI construiu um reformatório-prisão para índios, de diversos lugares do país, acusados de crimes. O reformatório foi erguido dentro da aldeia e homens Krenak foram agrupados em uma guarnição da Polícia para repressão de outros índios. A convivência forçada com diversas línguas e culturas e a morte de quase todos os homens dissolveu ainda mais os laços de coletividade13. O que fica por entender é o quanto os métodos de Marliére assemelham-se aos da proposta do Mal. Cândido Mariano Rondon, um século depois: ambos têm origem militar, fazem campanhas civilistas junto aos índios e opõem-se à conquista a ferro e fogo das terras ocupadas pelos índios. No entanto, os resultados não são menos decepcionantes. Talvez o argumento economicista já tivesse alcançado a supremacia que a tudo justifica. Também permanece, hoje, o mito de que nas terras indígenas estão escondidos infindáveis tesouros. Tais tesouros motivaram a colonização, da forma como foi feita, no Vale do Rio Doce. No Censo Industrial de 1985, no entanto, a mesma região aparece em último lugar, contribuindo com apenas 0,01% da produção mineral do Estado de Minas Gerais14. É certo que há uma intensa rede de garimpos clandestinos, de pedras semipreciosas, que não aparece no Censo. Mas, os garimpos estão por todo o Estado.

        A partir de 1904, no Médio Rio Doce, desenvolveram-se vários povoados, acompanhando os trilhos da Estrada de Ferro Vitória-a-Minas. A construção da estrada enfrentou resistência dos índios Krenak, que já tinham sido enfraquecidos pela guerra declarada e efetivada no século anterior. Acerca disso há relatos do engenheiro Ceciliano Abel de Almeida no Museu da Cia. Vale do Rio Doce e na Fundação que leva o nome dele. No entanto, a maior barreira para a estrada foram as febres e a malária. Era comum se dizer que "cada dormente da estrada correspondia a uma sepultura dos que a construíram".

        No livro "Um advogado aí pelos sertões"15, o autor, Waldemar Pequeno, conta que a situação chegou a tal ponto que o colonos que vinham para o Rio Doce, tendo oportunidade de obter terras, não aceitavam trabalho na estrada, nem por bom salário. Conta, ainda, que foi necessário aliciar nordestinos, fustigados pela seca, para que as obras prosseguissem.

        Até o período da 2ª Guerra não havia, nos povoados e cidades do Médio Rio Doce, tratamento de água e de esgotos. A maioria da população sequer usava filtros. Era comum tirar água do Rio Doce ou de seus afluentes e deixá-la em repouso de um dia para outro, quando, então, se apresentava clara, pura e boa para beber16.

        Uma cultura política de intolerância e mandonismo prevaleceu por todo o período de colonização e deixou seqüelas na organização social e nas disposições pessoais. Na quase totalidade, os municípios só foram emancipados a partir de 1930. Apenas Aimorés emancipou-se antes, para assegurar as divisas, contestadas pelo Espírito Santo. Portanto, os primeiros mandatos dos prefeitos não passaram pelo crivo das eleições. Eram interventores indicados pelo Governador de Minas, por sua vez, indicado por Getúlio Vargas. Assim, além de toda a tradição de desmandos durante a colonização, os novos municípios tomam forma em meio a uma ditadura.

        Nas décadas de 30 e 40, a madeira-de-lei do Rio Doce torna-se conhecida em todo o mundo. Peroba, Jequitibá, Sucupira, Braúna, Ipê, Cerejeira e outras espécies lotam as serrarias, que proliferam em todos os cantos e constituem a base econômica das cidades nascentes. A mica, como isolante essencial, antes da invenção do sintético, foi muito explorada na época da 2ª Guerra, empregando significativos contingentes femininos na sua na sua classificação e seleção.

        O coronelismo, legitimado por Artur Bernardes, se enraiza neste berço político sem eleição17. Em toda a região, alguns coronéis e capitães mantiveram, e até hoje têm, seu filão de controle político e econômico. Em Governador Valadares, por exemplo, o capitão Pedro e o coronel Altino Machado se tornaram figuras quase lendárias.

        Após a extração da madeira e da mica acirrou-se a disputa pelas terras. Neste contexto, os antigos colonos que tinham a posse, mas não o título da propriedade das terras, ficaram extremamente vulneráveis diante da força e das informações privilegiadas dos coronéis e dos grileiros protegidos pelos coronéis. Grileiros e coronéis redirecionaram o desenvolvimento da região, assim, para o latifúndio, necessário à pecuária extensiva. Em momento algum a agricultura, que muitos pensaram ser a vocação primeira do Vale, chegou a ser predominante. As pastagens logo tomaram conta mesmo das margens do Rio Doce. Uma das poucas áreas onde prevaleceu a pequena propriedade foi no Córrego Santo Antônio, em Itueta, no qual se estabeleceram famílias de origem alemã.

        Algumas expressões populares denotam os rumos da política na região: "política é porrete", ou "pancada quebra osso, mas não quebra opinião". Por mais que os partidos alterassem seus nomes no nível nacional, no Médio Rio Doce continuavam mantendo nomes estranhos como "corta goela", "catetu" ou "capivara". A ação policial ensinava que "pau só não conserta garrafa" e que "em boca fechada não entram moscas".

        A intimidação, fantasiada de prudência, apontava o Rio Doce como cemitério de presos indesejados, que lá eram lançados com pedras amarradas no pescoço ou nos pés. Qualquer contrariedade feita a um coronel era tomada como "coçar a barba da morte" e nos ajustes de contas dos coronéis era comum se dizer do adversário assassinado em tocaia, que "morreu de raiva no caminho"18.

        A intolerância era aplicada a tudo o que era popular. Enquanto nunca se firmou um claro predomínio católico na região, pois protestantes e católicos chegaram juntos e ainda cediam espaço aos kardecismo e à maçonaria, era clara a indisposição e a perseguição ao pemba, uma mistura de rituais cristãos, africanos e indígenas: a umbanda regional. Era comum que as forças policiais se divertissem atacando os terreiros e centros de pemba. Dizia-se então que "pancada em espírito não dói".

        Firmava-se, ainda, como regra, a violência do crime de mando, aplicado, então, nos conflitos de terra. Comumente, os jagunços estavam em postos importantes da polícia. O livro "Nas terras do rio sem dono" relata que, popularmente, se explicava que tal crime estava relacionado a três barras: barra de córrego, barra de saia e barra de ouro, ou seja, à terra, à mulher e ao dinheiro19.

        Junto às alterações sociais o meio ambiente foi alterado em três ou quatro décadas. A floresta desaparecera e as madeireiras já se transferiam para o Baixo Rio Doce, no Espírito Santo. Para trás ficou a erosão do solo e o assoreamento do Rio Doce. A cada ano continua diminuindo a lâmina d'água do rio, que ainda recebe, em toda sua extensão, os esgotos brutos de mais de 200 cidades.

        Quando todas as evidências eram de que a região continuaria seu crescimento populacional e econômico, o processo passou a evidenciar seu esgotamento precoce. As mesmas vias que serviram para a chegada de tanta gente se tornaram vias de abandono. Os dados disponíveis não são exatamente da área que denomina-se Médio Rio Doce. Os dados, no entanto, demonstram o fenômeno em cada ponto da microrregião.

        Tal área do leste mineiro chegou à década de 60, com 1.700 mil e setecentos habitantes, ou 17,5% da população do Estado. Alcançou, no Censo de 91, 1.550 mil habitantes, ou 9,8% da população de Minas Gerais. Mesmo com taxa de natalidade maior do que o restante do Estado, a população decresceu porque abandonaram a microrregião Rio Doce 683 mil pessoas na década de 60 e 584 mil na década de 70, em busca de emprego, terra ou de salário decente20. Com exceção de Governador Valadares, o restante do Médio Rio Doce continua, ao contrário do Estado e do País, majoritariamente rural.

        Para conferir e ampliar tais informações, além da pesquisa nos Arquivos Públicos de Minas Gerais e do Espirito Santo, seria importante ter acesso aos registros das Dioceses de Governador Valadares e de Colatina, das Igrejas Presbiterianas de Governador Valadares e de Resplendor, da Prefeitura de Aimorés e da Companhia Vale do Rio Doce em Vitória e no Rio de Janeiro. Poderiam ser fontes documentais o jornal Estado de Minas e os registros e anotações dos mascates árabes que abasteciam os povoados e eram presença inevitável em cada nova estrada ou atalho. O acesso a uma boa tradução dos escritos de Martius e Manizer também poderia revelar dados importantes. Caso existam, os registros do SPI e das Divisões Militares, instaladas no Vale do Rio Doce durante a colonização, podem conter informações essenciais.







    CATAGUASES 
    A 26 de maio de 1828, o francês Guido Marlière, coronel comandante das divisões militares do rio Doce, Diretor dos Índios e Inspetor da Estrada de Minas aos Campos de Goitacases, chegou a um lugar denominado Porto dos Diamantes, no rio Pomba, onde viviam alguns habitantes e estava aquartelada a 3ª Divisão Militar. Alguns moradores, entre eles o sargento de ordenanças Henrique José de Azevedo, alferes comandante da mesma região, fez a Marlière a doação de um terreno, com o fim especial de se erigir uma capela, conforme mandava exigências eclesiásticas para a construção de templo religioso. Havia no local 38 "fogos" (lares) e várias aldeias de índios coroados, coropós e puris. Sobre a denominação de Porto dos Diamantes, a mais antiga do lugar, tem-se que se origina de 1809 ou 1810, quando ali estiveram acampados membros do clero, atraídos pela fama de ser abundante a produção de diamantes no local, fato não confirmado. O novo povoado que se formou rapidamente, recebeu desde logo a denominação de Meia Pataca, e era freqüentado, no começo, por um ajuntamento de garimpeiros e caçadores, além de eventuais tropeiros. Fonte: Associação das Cidades Históricas de MG










    .
    .

    domingo, 1 de novembro de 2009

    Globo Vídeos - VIDEO - Agricultores do Ceará encontram no cultivo da goiaba uma boa fonte de renda

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - Agricultores do Ceará encontram no cultivo da goiaba uma boa fonte de renda

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - Esterco como aliado do criador do gado de leite

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - Esterco como aliado do criador do gado de leite

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - Criação comercial do salmão

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - Criação comercial do salmão

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - Saiba controlar o caramujo africano

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - Saiba controlar o caramujo africano

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - ABC do Globo Rural: Cupuaçu

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - ABC do Globo Rural: Cupuaçu

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - Produtos do cacau

    .
    .
    Globo Vídeos - VIDEO - Produtos do cacau

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - De volta à natureza

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - De volta à natureza

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - O Globo Rural explica como funciona a produção e o comércio das ervas

    .
    .

    Globo Vídeos - VIDEO - O Globo Rural explica como funciona a produção e o comércio das ervas

    .
    .

    YouTube - partitura aula 2 (3-3).

    .
    .



    YouTube - partitura aula 2 (3-3).

    .
    .

    YouTube - partitura aula 2 (1-3) música aulas grátis

    .
    .
    YouTube - partitura aula 2 (1-3) música aulas grátis

    .
    .

    YouTube - PARTITURA AULA 1

    .
    .

    YouTube - PARTITURA AULA 1

    .
    .

    YouTube - Aprenda a ler partituras

    .
    .


    YouTube - Aprenda a ler partituras

    .
    .

    YouTube - Video partitura

    .
    .


    YouTube - Video partitura

    .
    .
    .

    YouTube - Video Leitura - Ferramenta EXCLUSIVA Mais que Musica


    YouTube - Video Leitura - Ferramenta EXCLUSIVA Mais que Musica


    .